Apenas 22% das cidades brasileiras estão preparadas para mudanças climáticas, diz CNM

A gerente de sustentabilidade da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Cláudia Lins, afirmou, nesta terça-feira (19), que apenas 22% dos gestores consideram que seus municípios estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas. Ou seja, apenas 2 em cada 10 cidades tem condições de lidar com os eventos climáticos extremos que estão por vir. O dado é resultado de um estudo, ainda em andamento, que ouviu representantes de mais de 3,6 mil cidades brasileiras.

A afirmação foi feita durante a Oficina Federalismo Climático. O evento promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima integra estados e municípios nos debates da elaboração da política climática no Brasil. Segundo Cláudia, a ausência de capacidade técnica e financeira seria a principal razão apontada por gestores para a falta de preparo:

— Nós precisamos pensar lá na ponta a adaptação, mas precisamos agir também na prevenção. Os dados dessa pesquisa também relataram que 68% dos municípios afirmaram nunca terem recebido nenhum recurso de estados ou do governo federal para atuar na prevenção às mudanças climáticas — afirma a gerente.

2023 quebrou recordes climáticos no mundo

Segundo um estudo da Organização Mundial Meteorológica (OMM) publicado nesta terça-feira (19) e divulgado pelo g1, o ano de 2023 foi marcado por uma verdadeira derrubada de recordes climáticos em escala global, que desencadearam impactos socioeconômicos massivos em todas as regiões do mundo, afetando especialmente as populações mais vulneráveis.

Veja o contexto por trás de cada um desses aspectos da crise climática e as suas perspectivas desafiadoras:

Gases do efeito estufa:

  • O aumento das emissões de gases de efeito estufa, especialmente dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso, é resultado da queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, desde a Revolução Industrial.
  • As concentrações desses gases atingiram níveis recordes em 2022 e continuaram a aumentar em 2023, impulsionando o aquecimento global.
  • Este fenômeno está associado a uma série de impactos climáticos extremos, como incêndios, secas e tempestades, que afetam diferentes regiões do mundo.

Dia e mês mais quentes já registrados:

  • Em 2023, a temperatura global média superou todos os registros anteriores, tornando-se o ano mais quente já registrado.
  • A média decenal (2014-2023) ficou 1,20°C acima da média de 1850-1900, indicando um aumento contínuo do aquecimento global devido ao aumento das concentrações de gases de efeito estufa.
  • Essa elevação da temperatura está associada a riscos climáticos crescentes, desencadeando deslocamentos e afetando especialmente as populações vulneráveis.

Recordes nos oceanos:

  • A temperatura média da superfície do oceano atingiu novos recordes em 2023, com uma cobertura média diária de ondas de calor marinhas chegando a 32%, muito acima do recorde anterior de 23% em 2016.
  • Esse aumento da temperatura e da intensidade das ondas de calor é observado em várias regiões, como no Atlântico Norte e no Mediterrâneo, e está ligado ao aumento da acidificação dos oceanos devido à absorção de dióxido de carbono.

Aumento no nível do mar:

  • Em 2023, o nível médio global do mar alcançou o seu pico histórico registrado por satélite, indicando um contínuo aquecimento dos oceanos e o degelo das geleiras e calotas de gelo.
  • O ritmo de elevação do nível do mar nos últimos dez anos (2014–2023) é mais do que o dobro do ritmo observado na primeira década do registro por satélite (1993–2002).
  • Esse aumento representa uma ameaça significativa para as comunidades costeiras e ilhas baixas, aumentando o risco de inundações e erosão costeira.

Cobertura de gelo na Antártida e no Ártico:

  • A extensão do gelo marinho na Antártida alcançou mínimas históricas em fevereiro de 2023 e permaneceu em níveis recordes até o início de novembro do mesmo ano.
  • O máximo anual em setembro foi significativamente abaixo da média, indicando um declínio na cobertura de gelo marinho.
  • Na região do Ártico, a extensão do gelo marinho também permaneceu abaixo do normal, com mínimos e máximos anuais classificados entre os mais baixos registrados, o que indica um declínio contínuo na cobertura de gelo nessas regiões polares.