Nos dias 14 e 15 de abril a Cepagro realizou no Sesc Cacupé em Florianópolis o evento Engenho é patrimônio, que reuniu pesquisadores, donos de engenhos, forneiros, instituições culturais e estudantes das diversas esferas educacionais, para debater o patrimônio cultural acerca dos engenhos. O encontro transgeracional promoveu o intercâmbio entre Mestres, forneiros e muitos jovens, inclusive alguns em plena atividade dentro dos engenhos de farinha de mandioca, caso das cidades de Florianópolis e Bombinhas. Também estiveram presentes representantes dos engenhos de Angelina e Imbituba.
Bombinhas se fez presente na segunda-feira, 15 de abril, com as engenheiras Mestra Rosa Dias e dona Áurea Rocha Mendes do engenho dos irmãos Lenio e Lenício, ainda, representantes da Fundação Municipal de Cultura e alunos e professores do EMIEP da EEB Maria Rita Flor, totalizando uma comitiva de 13 integrantes. Além de engrossar o coro na defesa patrimonial a EEB Maria Rita Flor, através da professora de história Carolina Celle Waltrick de Oliveira Floriano e dos alunos Wanderson Sales Monteiro, Ariel da Silva Serra Gonçalves, Laura Martins, e Ana Carolina Zorzanello, apresentaram o resultado das saídas técnicas realizadas no ano de 2018 durante e depois das farinhadas propiciadas por meio do edital Mestra Elza Rosa.
O professor Fabiano Quito, coordenador do EMIEP, falou da ampliação do olhar dos alunos com relação a cultura tradicional bombinense: “nós temos uma demanda muito grande dos que vêm de fora, e com esses trabalhos sobre patrimônio cultural nós vemos o empoderamento dos nossos alunos, de poder falar daquilo que entende e ainda constroem o fortalecimento dentro de suas famílias. O impacto para os que vêm de outras localidades é muito significativo, o respeito que passam a ter por causa desses trabalhos, é de fato um diferencial pra quem está chegando”, o professor em sua fala abarcou os três projetos culturais desenvolvidos na escola: Boi de Mamão, Pesca Artesanal da Tainha e Engenhos de Farinha de Mandioca. Ainda, agradeceu os donos de engenhos e de ranchos de pesca por proporcionar a visitação dos alunos em seu chão.
O aluno Wanderson de 17 anos vivencia os três projetos na escola, emigrante da região do Nordeste com sua família, conheceu a cultura local na escola e não esconde a sua fascinação: “foi muito gratificante, além de ter o conhecimento da cultura, também pude presenciar e participar de relatos de pessoas que vivem essa cultura desde sempre. Nós jovens queremos ter essa oportunidade de participardesse universo, nós gostamos muito de fazer parte da cultura catarinense, e falando do acontecimento de hoje, especialmente da cultura dos engenhos”.
A Cepagro realizou o encontro “Engenho é Patrimônio”, através do Projeto Ponto de Cultura 2.0: articulação em rede, apoiado pela Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura –SOL, foram realizadas oficinas de Educação Patrimonial facilitadas pela educadora Giselle Miotto e pela Mestra em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade Manuela Braganholo. Como fruto das oficinas, foi elaborado o Inventário Participativo dos Engenhos de Farinha do Litoral Catarinense, que apresenta os bens culturais relacionados aos engenhos e a identificação das comunidades com eles. Além disso, a Rede também contou com apoio do edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura para promover atividades que geraram o livro Comida de Engenho e do Mapa Cultural dos Engenhos de Farinha de Santa Catarina, lançados durante o encontro. Bombinhas recebeu um exemplar do livro para cada engenho, para o Instituto BoiMamão, EEB Maria Rita Flor, Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa e Fundação Municipal de Cultura. O mapa será disponibilizado online.