Brasileiros desenvolvem antisséptico bucal capaz de inativar Covid-19 em quase 100%

Uma fórmula de antisséptico bucal capaz de inativar cerca de 96% a proliferação do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O produto já tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e estará disponível à população ainda em 2020.

A pesquisa foi realizada pelo Centro de Pesquisa e Inovação da empresa privada DentalClean, em parceria com quatro instituições públicas: Faculdade de Odontologia da USP em Bauru (SP), Instituto de Ciências Biológicas da USP, Universidade Estadual de Londrina (PR) e o Instituto Federal do Paraná. O estudo, coordenado pelo cirurgião-dentista sanitarista e pesquisador da USP Fabiano Vieira Vilhena, contou com a participação de mais de 60 especialistas.

Segundo Vilhena, a inativação do vírus por meio das vias aéreas superiores do corpo humano é uma das formas mais eficazes de que a doença não avance para as vias respiratórias inferiores, causando maiores complicações. Ele ainda ressaltou que o antisséptico, batizado de Detox Pro, teve uma resposta positiva em 96% das amostras estudadas, com um protocolo de uso de um minuto, cinco vezes ao dia. Os cientistas ressaltam, contudo, que o antisséptico não se trata de uma cura, mas de uma prevenção contra a infecção causada pelo novo coronavírus.

A fórmula é baseada em um composto criado inicialmente para o tratamento de mau hálito e melhora da saúde gengival: a tecnologia Phtalox, um pigmento especialmente desenvolvido que promove a formação de oxigênio reativo a partir do oxigênio molecular, sendo capaz de inativar o vírus da Covid-19 na boca.

Os pesquisadores concluíram seis etapas da pesquisa entre os meses de março e novembro, com cerca de 107 participantes em testes laboratoriais, séries de casos e estudos clínicos. A ação virucida (exterminadora de vírus) foi identificada logo no primeiro mês de testes, redirecionando o estudo da fórmula que inicialmente estava sendo desenvolvida para o combate de doenças em gengivas, para confirmação de sua eficácia na prevenção da Covid-19.

Os resultados demonstraram uma rápida recuperação logo no primeiro dia de uso, e os pacientes se tornam assintomáticos em poucos dias, após o início do protocolo de uso. O produto foi ainda testado no tecido de máscaras, onde também foi comprovada a redução da carga viral em 98,75%. Além disso, outras pesquisas ainda estão previstas, envolvendo 2,1 mil voluntários, para identificar mais propriedades que o antisséptico bucal pode proporcionar.

Com a aprovação da Anvisa em outubro, o produto já está sendo produzido em larga escala, com lançamento previsto para dezembro no mercado brasileiro, segundo o revelou à revista Galileu o gerente nacional de negócios da DentalClean, Giuliano Castro. “Para o primeiro trimestre de 2021, a estimativa de produção é de mais de 12 milhões de unidades nas categorias antisséptico, spray e gel dental”, explica.