Brechós são alternativa para consumo consciente e moda sustentável

Brechós

Você sabia que a indústria da moda impacta o meio ambiente mais do que os transportes marítimo e aéreo juntos? Além disso, é responsável pela liberação de mais de 500 mil toneladas de fibras sintéticas nos oceanos anualmente, de acordo com um levantamento realizado pela ONU em 2019.

Em contrapartida, o cidadão está se tornando cada vez mais crítico em relação ao seu consumo, questionando o modo de produção, como condições de trabalho, impacto ambiental e saúde humana e animal. “A gente quer saber de onde vem essa roupa que estamos usando, quem e como produz” explica Maria Eduarda Branquinho. Para a proprietária do Branquinho Brechó, de Itajaí, os brechós vieram como uma alternativa sustentável a esta indústria.

“Comprar peças de segunda mão evita o desperdício. Ao reutilizar algo que já foi de alguém, evitamos que aquela peça se torne lixo, poupando a natureza de todo o trabalho de decomposição do objeto”, é o que explica Franciely Ferreira, de 37 anos, proprietária do Garimpos da Fran, em Porto Belo.

Brechós
Foto por: Branquinho Brechó

O mercado das roupas de segunda mão está ganhando cada vez mais espaço. Os números confirmam: segundo uma pesquisa da empresa de análise de varejo GlobalData, estima-se que o valor movimentado pelo segmento em todo o mundo deve ir de US$ 24 bilhões em 2019 para US$ 51 bilhões em 2025, o que equivale a um aumento de 112,5%.

Esqueça o conceito de brechós com roupas mofadas e antiquadas. As peças são selecionadas, ou melhor, “garimpadas”, e até passam por reparos ou customizações. Graças à tecnologia esse mercado se modernizou, e o movimento que busca a “ressignificação do novo” encontrou nas redes sociais o local perfeito para estabelecer seu comércio, muitas vezes vendendo exclusivamente online.

Como é o caso de Giovanna Moraes que começou a empreender ainda na adolescência, com 16 anos. No início, o perfil criado no Instagram tinha o objetivo apenas de vender alguns “desapegos”, mas foi neste ano em que o Mood Brechó, de Balneário Camboriú, se consolidou.

Para as vendedoras mais experientes, como Maria Eduarda Branquinho, houve uma grande mudança de consciência no consumo neste ano de 2020, principalmente nas gerações mais jovens. Cristine Machado diz ter sentido um aumento significativo nas vendas virtuais após o início da pandemia, ao mesmo tempo em que a demanda de fornecedores também aumentou, pois, devido ao momento de instabilidade financeira, decidiram se desapegar de roupas que não eram mais usadas para fazer uma renda extra. “A pandemia está forçando a sociedade a rever valores e mudar hábitos”, explica Cristine, proprietária do Madalenas Brechó, em Bombinhas.

Segundo um estudo chamado Second Hand Effect (Efeito de Segunda Mão), encomendado pela OLX Brasil e que analisou os efeitos positivos do comércio de bens usados, as transações feitas em 2019 apenas por meio da plataforma já tiveram impacto positivo, poupando a emissão de 6 milhões de toneladas de CO² na atmosfera.

A proprietária do Garimpos da Juli, Juliana Bendini, de Itajaí, ressalta que o movimento de brechós veio com uma proposta de quebrar paradigmas, não limitando a moda por gênero ou tendência – ou seja, usando apenas o que é fashion no momento -, mas sim ressignificando a moda como uma maneira de se expressar, demonstrar sua personalidade. Para ela, isso se tornou ainda mais fácil devido à grande diversidade de lojas por segmento, para todos os gostos, bolsos e estilos. “Tem perfil que você vai encontrar só roupa no estilo romântica, ou que venda apenas peças de luxo, outro que só vende roupas do estilo ‘anos 2000”, ressalta.