Chapecoense e produtora entram em acordo sobre lançamento de filme sobre o time

A Chapecoense e a produtora Trailer LTDA entraram em acordo judicial sobre o lançamento de um documentário sobre o time. De acordo com nota pública divulgada pelo clube no final da tarde desta quinta-feira (3), o filme poderá estrear de forma autônoma. O contrato entre a Chapecoense e a produtora foi rescindido.

O documentário provocou polêmica no final do ano passado entre o clube, a produtora e familiares das vítimas do acidente aéreo que deixou 71 mortos. A Chapecoense entrou na Justiça para barrar a exibição do filme por descumprimento de contrato. Uma das associações de familiares também pretendia tomar medidas judiciais contra a exibição, alegando desconhecimento da existência da obra. Em outubro, a Justiça chegou a conceder liminar para suspender a divulgação e estreia do filme.

Nota pública

Segundo a nota pública, o acordo entre o clube e a produtora ocorreu após uma reunião, parte da ação judicial, em São Paulo em 20 de março com a participação da Associação dos Familiares e Amigos do Voo da Chapecoense (Afav-c).

Com a rescisão do contrato entre o clube e a produtora, o documentário poderá ser lançado de forma autônoma. Conforme a Justiça, a Chapecoense havia contratado a empresa para realizar um documentário da evolução do clube, passando também pelo acidente aéreo.

A data prevista para o lançamento do filme é 2 de agosto, agora com o nome “Para sempre Chape”. Anteriormente, o documentário era intitulado “O milagre de Chapecó”.

Ao final da nota pública, a Chapecoense e a produtora pedem desculpas por possíveis transtornos causados aos familiares das vítimas por causa da exibição do trailer do documentário em salas de cinema sem a comunicação aos parentes.

Ação judicial

A Chapecoense alegou quebra de contrato para entrar com o pedido na Justiça. Segundo a Chape, o trailer do documentário foi exibido em salas de cinema e divulgado sem o consentimento do clube.

Em relação às famílias, conforme a assessoria de imprensa da Afav-c, em 12 de outubro, Dia das Crianças, a viúva de uma das vítimas do voo da Chapecoense foi ao cinema com os filhos em Chapecó para ver um filme infantil. Lá, foram surpreendidos pelo trailer do documentário. A família deixou a sala de cinema chorando e, segundo a assessoria da Afav-c, foi assim que a associação soube da produção.

Relatório da Aeronáutica Civil da Colômbia

Na sexta (27), a Aeronáutica Civil da Colômbia divulgou seu relatório final sobre o acidente com o voo da Chapecoense. A conclusão mostrada no documento é que faltou combustível para chegar a Medellín e que a empresa aérea Lamia fez gestão de risco inadequada.

Conforme o documento colombiano, a tripulação do voo 2933 da Lamia falou do risco de ficar sem combustível mais de duas horas antes de o avião cair.

Entre as principais conclusões apresentadas na Colômbia estão:

40 minutos antes do acidente, o avião já estava em emergência e a tripulação nada fez. Houve indicação, luz vermelha e avisos sonoros, na cabine. “A tripulação descartou uma aterrisagem em Bogotá ou outro aeroporto para reabastecer”, diz o documento.

o controle de tráfego aéreo desconhecia a “situação gravíssima” do avião.

a tripulação era experiente, com exames médicos em dia.

o contrato previa escala entre Santa Cruz e o aeroporto de Medellín, mas a empresa planejou voo direto.

a Lamia estava em situação financeira precária e atrasava salários aos funcionários. A empresa sofria de desorganização administrativa.

a Lamia não cumpria determinações das autoridades de aviação civil em relação ao abastecimento de combustível. Quando foi apresentado o relatório preliminar, já havia sido destacado que o piloto estava consciente de que o combustível que tinha não era suficiente. O piloto, Miguel Quiroga, “decidiu parar em Bogotá, mas mais adiante mudou de ideia e foi direto para Rio negro”, onde o avião caiu.

a Colômbia deve melhorar controles sobre voos fretados.

Com informações G1