Coluna: ‘’Nas ondas’’ mais sinistras do Brasil

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O que você vai ver a seguir é uma reunião das ondas mais sinistras do país, que invariavelmente são ondas de laje. Alguns mais perto da costa, outras mais distantes. Umas bem exploradas, outras nem tanto.

Laje da Jaguaruna, Santa Catarina

A Laje da Jagua fica a 5,3 quilômetros da costa e é uma das maiores ondas do Brasil. A bancada tem profundidade de 40 metros e aflora a 1,5 metro, bem raso para ondas que podem chegar a 15 metros. A direita é uma onda muito perigosa. Grande, pesada e roda um tubo muito bizarro. Um de seus perigos é que você passa com as quilhas a um ou dois palmos das pedras. Já a esquerda é mais surfável. Tem uma parte bem rasa, mas o resto da bancada fica mais funda. Mas também é uma onda pesada.

Laje de Manitiba, Rio de Janeiro

Fica a 200 metros da praia de Jaconé, perto de Saquarema, onde mora o big rider Lucas Chumbo, que explica melhor a onda: “É uma esquerda. O início dela é um pouco imperfeito, mas depois começa a rodar um canudo bem seco e você percebe que é bem raso. Porque a pedra fica mais alta, então você fica meio que negativo, meio que embaixo. É super irado e emocionante. Mas o tombo ali não é muito legal, não. A vaca é complicada, já conheci essa pedra e não gostei muito, me ralei todo [risos]. Mas é uma onda incrível, um treinamento muito bom”, conta Lucas. O site ‘Surfline’ chamou Manitiba de “Brazilian Teahupoo” em uma reportagem de 2006.

Carlos Burle – Laje da Manitiba RJ – Foto Red Bull

Ilha Mãe, Rio de Janeiro

A onda que quebra na laje de pedra da Ilha Mãe, na entrada da Baía de Guanabara, em Niterói, é rara. Porque, para quebrar, ela exige uma combinação difícil de acontecer: ondulação grande de leste com vento sudoeste. Mas quando os astros se alinham e isso acontece, a recompensa é grande. “Esta onda é um dos melhores slabs do Brasil. Uma onda rápida, que quebra sobre um fundo de pedras. É difícil de surfar uma onda assim tão perfeita no Brasil”, conta Pedro Scooby.

Laje do Samuel, litoral norte de São Paulo

Essa laje no litoral norte de São Paulo foi batizada assim porque no dia que Rodrigo Koxa, Vitor Farias, Marcondes, Jacó, Beto Roman, Sebastian Rojas e o Alemão de Maresias foram desbravar esse lugar, Samuel, filho do Alemão, ia nascer em São Paulo e ele só conheceu a criança depois de conhecer o pico. E assim foi feita a homenagem. A laje fica em frente a um paredão de pedras de uma ilha e proporciona um tubão para a direita com um baita backwash. É uma onda difícil, que balança e não tem condição para remada, só para tow-in. É muito boa e impressionante.

Beto Roman – Laje do Samuel SP – Foto Red Bull

Laje de Angra, Rio de Janeiro

Essa é uma das ondas que ninguém fala direito onde é. É um mistério. Quem conhece, conhece. E pronto. “É uma onda que quebra em frente a uma ilha e não na ponta da ilha, então ela tem um backwash, mas esse backwash, se tudo der certo, só alarga o tubo. É uma onda muito doida, mas muito boa”, explica Felipe Gordo Cesarano, contando que hoje é o slab que ele mais gosta de surfar. Como ainda é um segredo, ainda há pouca informação sobre esse lugar. Mas olha pra foto aí em cima. Ela já diz muita coisa, né?

Avalanche, Espírito Santo

A 5 quilômetros da Praia da Costa de Vila Velha fica o afloramento de terra onde quebra a Avalanche, apontada como uma das maiores ondas do Brasil depois da expedição do Lucas Medeiros e dos irmãos Ian e Caio Vaz, em 2019. Conhecida pelos pescadores como Baixo do Pacotes, a laje faz parte de um arquipélago de três ilhas mais a bancada que seria uma quarta ilha submersa, segundo eles. “Imagine que no entorno a profundidade é de mais de mil metros, e de repente ela cai para quatro metros”, explica Lucas Medeiros. A mudança de profundidade faz com que grandes ondulações de sudeste-leste quebrem na bancada de forma violenta, formando um tubão seco pra direita.

Ian Vaz – Laje da Avalanche ES – Foto Red Bull👆

Laje do Shock, Rio de Janeiro

A Laje do Shock, em Itacoatiara, ganhou muita notoriedade nos últimos anos por causa do acesso fácil. Nela quebra um grande tubo pra direita. Muita gente compara com um Teahupoo para a direita, apesar de muitos também dizerem que não tem comparação. “É uma onda meio doida, cabulosa, tem uns backwash, dá umas esmagadas. Mas de vez em quando, entra umas ondas o cúmulo da perfeição. Então é um dos slabs que eu mais gosto”, conta Felipe Gordo Cesarano.

Ilha dos Lobos, Rio Grande do Sul

A onda da ilha dos Lobos quebra a 2 quilômetros da costa, em frente a Torres, no Rio Grande do Sul. Hoje, o surfe por lá é proibido pelo Ibama por ser uma área de proteção ambiental e reserva de lobos marinhos. É possível pedir uma autorização para surfar, por isso já teve gente pegando onda ali. Muitos dizem que é a melhor onda do Brasil. Carlos Burle aponta aquela esquerda como sua onda predileta no país. Uma esquerda perfeita, grande e tubular. Mas existe uma forte corrente que joga em direção as pedras, por isso o auxílio de jet ski é indispensável.

Laje do Tombo (The Rock), São Paulo

The Rock, no Guarujá, é uma onda mais constante. Não é tão difícil de quebrar. Com uma ondulação grande de leste ela já está rolando. Mas a onda é sinistra, em frente a uma pedra, com um tubo seco. A galera do bodyboard adora surfar por ali, o pico é mais deles do que de prancha. Mas ela é enjoada, ela tem seus dias certos, tamanho certo, maré certa… Na seca, nem pensar. Mesmo nos dias bons, você terá que achar o horário certo. O bom é que ela não é de difícil acesso. É possível entrar remando da praia, mas vai ter que ter coragem e habilidade para dropar.

Fonte RED BULL 

Então é isso galera esperamos que tenham gostado da matéria de hoje, buscamos selecionar as ondas mais sinistras do Brasil. Mas sempre lembrando que há uma imensidade de praias no nosso país, e podem ter outras ondas muito parecidas com essas ainda esperando para serem descobertas. Sigam nos também no Instagram @nas_ondas_do_atlantico. Grande abraço. Até semana que vem.