O auditório do Centro Sul, em Florianópolis, foi insuficiente para receber todos os que quiseram testemunhar a posse de Eduardo Pinho Moreira como governador do Estado em exercício. Auditório, saguão, salas anexas, hall e até a área externa, tudo foi tomado por um público formado predominantemente por emedebistas vindos de todas as regiões de Santa Catarina. Não faltaram faixas parabenizando Moreira e até o jingle de sua antiga campanha a prefeito de Criciúma.
O motivo de tanta festa é que, na prática, ele assumiu o comando do Executivo estadual em definitivo até o final do ano. A licença do governador Raimundo Colombo, que ontem mesmo já embarcou para a Espanha onde participará de um curso, é o primeiro passo para a renúncia que virá em abril, data final para a desincompatibilização, exigência para que possa disputar uma cadeira no Senado federal.
Um grande número de autoridades, membros do novo e do antigo secretariado, deputados estaduais e federais de diferentes siglas, senadores, lideranças empresariais e políticas ajudaram a compor o público. Antes da cerimônia, Moreira e o secretário geral do governo federal, Carlos Marun (MDB), que representou Michel Temer, foram recebidos pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Aldo Schneider, também emedebista. O encontro aconteceu sem a presença de Colombo, que saiu da Casa D’Agronômica, residência oficial do governador, direto para o Centro Sul.
Na chegada, Moreira e Colombo, juntos, atenderam jornalistas em uma tentativa de entrevista que acabou virando uma grande confusão, tamanha a euforia dos que estavam ao redor querendo antecipar os cumprimentos. Já no auditório, Colombo fez um discurso emocionado. Um balanço de seus sete anos de governo – as dificuldades que enfrentou, especialmente por conta da crise econômica que derrubou a arrecadação do Estado, o papel protagonista de Santa Catarina em diferentes áreas da vida nacional, os bons números e índices do estado, as decisões difíceis e necessárias que tomou, sempre, segundo ele mesmo, em uma parceria com o seu vice-governador, agora seu sucessor.
Em um trecho do discurso que emocionou a todos os presentes, além de evidenciar o desejo de manutenção da aliança com os emedebistas, Raimundo Colombo lembrou a influência que recebeu de Luiz Henrique da Silveira. “Há 15 anos ele nos entregou a confiança. Abriu a porta de um projeto político. Ele me deu as oportunidades. Ele confiou em mim. Certamente, eu não teria chegado se não fosse o Luiz Henrique. Mais do que isso, eu não teria a maturidade e o equilíbrio que acho que tenho hoje se não tivesse convivido com ele”, afirmou, completando que o senador, falecido em maio de 2015, faz falta para o estado e o país.
Dirigindo-se a Moreira, o governador desejou “toda força, toda fé, todo sucesso. Que você possa continuar fazendo muito e bem por Santa Catarina. Que Deus te proteja para que tenha muitos e bons momentos de realização. Conte sempre comigo. Estou sempre à disposição para servir a você e a Santa Catarina”. Ao encerrar, lembrou que ele e Eduardo são frutos de uma aliança política que “ninguém acreditava que fosse possível e que, sendo realizada, não passaria do primeiro confronto”.
Já no cargo de governador, “de direito e de fato”, como afirmou durante a entrevista, Eduardo Pinho Moreira reforçou que terá três prioridades: Saúde, Segurança Pública e controle financeiro. E afirmou, dirigindo-se ao ministro Marun, que terá um olhar especial para a infraestrutura, exigindo investimentos da União para melhorar a malha viária federal no estado. Ele também enalteceu os bons índices de Santa Catarina, afirmando que se assemelham aos de países desenvolvidos. “Somos o segundo estado mais competitivo do Brasil, o de maior expectativa de vida e com a menor taxa de mortalidade infantil, com o melhor ensino fundamental do país e com os menores índices de desemprego, desigualdade de renda e de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.”
Assim como Colombo, o novo governador rememorou a trajetória da aliança que uniu tantas lideranças e partidos. “No dia 28 de outubro de 2002, o povo catarinense nos concedeu a oportunidade de iniciar o projeto que alavancaria esse cenário de prosperidade e desenvolvimento por toda Santa Catarina”, disse, fazendo com as mãos o gesto que se popularizou naquela campanha e arrancando aplausos dos presentes.
Moreira fez a defesa da descentralização e das regionais, ainda que admitindo a necessidade de adequação por conta dos avanços ocorridos nos 15 anos de criação das estruturas. Para ele, as regionais garantem que todos os cidadãos, em todos os lugares de Santa Catarina, recebam tratamento justo e igualitário por parte do poder Executivo. “Não se trata de um projeto de governo, com foco apenas no mandato vigente, mas de um projeto de Estado, que trouxe mudanças sólidas e permanentes que merecem ser defendidas.”
Em outro trecho de seu discurso, o novo governador de Santa Catarina enalteceu o “legado de trabalho, competência e destacado espírito público desse valoroso companheiro, João Raimundo Colombo”, que declarou ser um parceiro de todas as horas – expressão sempre usada por Colombo ao se referir a Moreira – e responsável por promover o desenvolvimento catarinense nas mais diversas áreas, reduzindo impostos e trazendo grandes investimentos para o estado. “Não é possível reinventar a roda, nem insistir na contramão dos fatos, porque a História não dá saltos. Ela é construída dia após dia na política”, declarou, citando o nome mais importante do MDB nacional, Ulysses Guimarães. “Governar com responsabilidade, olhando todas as regiões, é o meu compromisso com Santa Catarina”, encerrou Eduardo Moreira.
Por Andréa Leonora
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