Famílias de SC pagarão mais na conta de luz com reajuste

conta de luz
Há ainda reajuste tarifário na conta de luz, previsto para ocorrer em agosto de 2022. Especialistas preveem aumento maior que 15% – Foto: Divulgação/ND

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) propôs uma atualização nos preços das bandeiras tarifárias da conta de luz. Mas os reajustes, que chegam a até 57%, devem ser sentidos apenas a partir de 2023, uma vez que a bandeira verde (sem aumento) deve vigorar até o fim de 2022.

Das três bandeiras que preveem o encarecimento do kWh, duas ficarão mais caras e uma delas será reduzida. Uma família que costuma pagar cerca de R$ 240 ao mês na conta de luz, após os reajustes na bandeira, poderá pagar até R$ 10 a mais caso seja cobrada a categoria vermelha.

O procedimento de reajuste é realizado anualmente pela agência. A atual proposta ainda passará por uma consulta pública, que será aberta nesta quinta-feira (14).

Se for aprovada a mudança, os seguintes reajustes serão realizados, a cada 100kWh, e podem passar pela seguinte mudança:

  • Bandeira Verde: não tem custo adicional e não passará por reajuste;
  • Bandeira Amarela: ficará mais cara, passando de R$ 1,874 para R$ 2,927;
  • Bandeira Vermelha 1: ficará mais cara, passando de R$ 3,971 para R$ 6,237; e
  • Bandeira Vermelha 2: ficará mais barata, passando de R$ 9,42 para R$ 9,33.

A título de exemplo, uma família que despende R$ 240 ao mês na conta de energia (valor na bandeira verde, sem adicional), pagaria hoje R$ 8,50 a mais caso estivesse vigorando a bandeira amarela. O valor passará para R$ 13,20 se for aprovado o reajuste – aumento de R$ 4,70.

Já na primeira faixa da bandeira vermelha, onde haverá o maior aumento entre as três categorias, o valor adicional pago hoje por estes familiares seria de R$ 17,90. Com o aumento proposto de 57%, o valor passaria para R$ 28,10 – um acréscimo de R$ 10,20.

Este sistema de bandeiras vigora no Brasil desde 2015 e serve para alertar os consumidores sobre o aumento no custo da geração de energia, que ocorre com o uso das usinas termoelétricas, em ocasiões que o volume de chuvas é baixo e as hidroelétricas não conseguem suprir a demanda.

Aumento é necessário, afirma engenheiro

Conforme a Aneel, o aumento está de acordo com a inflação (que teve alta de 10,06%), a alta no preço dos combustíveis e os prejuízos durante o período de escassez hídrica em 2021.

“A experiência no último ano mostrou que as bandeiras atuais não conseguem cobrir os custos reais para utilizar as termoelétricas”, acrescenta Cristiano Tessaro, engenheiro de produção elétrica formado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

A crise hídrica do último ano, uma das piores do Brasil, tornou necessária a contratação e leilão de termoelétricas que precisaram funcionar de forma imediata.

“Além disso, importamos energia elétrica de países, como Uruguai e Argentina, que chegaram a custar R$ 2,4 mil por MWh”, detalha Tessaro, especialista em centrais elétricas e diretor executivo da Camerge, empresa de Florianópolis que atua na gestão de energia.

“Para não correr o risco de racionamento, acabamos pagando uma conta muito alta”, avalia. Situação que, para o engenheiro, torna necessária a correção dos valores da bandeira para estarem mais adequados à realidade.

Outros aumentos

Desde outubro do último ano, o Brasil reverteu a crise hídrica e agora se encontra em um cenário “confortável” em suas termoelétricas.

“Se continuar nesta situação possivelmente não precisaremos acionar termoelétricas por dois ou três anos”, avalia Amilcare Augusto da Silva, engenheiro eletricista consultor da Amper Enegia. O acionamento, entretanto, dependerá do volume de chuva no próximo ano.

Há ainda outros aumentos previstos para o ano corrente, e que devem fazer a conta de luz pesar ainda mais no bolso. Em agosto está previsto o tradicional reajuste tarifário, e a previsão dos especialistas é de que o aumento ultrapasse a casa dos 15%.

Informações ND+