Com dezenove anos de existência, a Associação Amor pra Down, com sedes em Balneário Camboriú e Itajaí, lançou um programa pioneiro para inserir adultos com síndrome de Down no mercado de trabalho. O primeiro Grupo de Orientação Profissional foi criado neste ano e conta com quatro alunos, Thiago Radaveli Vieira, 25 anos, Fernanda de Souza, 20 anos, Rafael Pacher, 21 anos, e Michele Ávila Müller, 23 anos.
Os encontros acontecem todas às quintas-feiras, quando os jovens visitam empresas e descobrem se têm aptidão nas áreas apresentadas.
Uma destas visitas foi à matriz da rede Café du Centre, situada no Centro de Itapema. As irmãs criadoras do bistrô francês, Paula e Bruna Vieira receberam o grupo e também o psicólogo e agente social da Amor pra Down, Luiz Weis, 23 anos.
“Nossa intenção é incentivar as contratações”, disse Bruna.
Silesia Gonçalves Silbert, 45 anos, foi quem ministrou por quatro horas o curso de introdução a barista. Ela explicou que o primeiro requisito é gostar de café.
Para ser barista também é preciso conhecer muito bem a máquina de “espresso”, para chegar a exatidão da temperatura e da pressão e saber decorar as bebidas com primor. A simpatia com os clientes é outro requisito essencial.
Thiago, Fernanda, Rafael e Michele se revezaram para produzir diversos tipos de cafés com grãos moídos na hora, desde os clássicos até os mais sofisticados.
No final da experiência, os alunos foram certificados.
“Foi muito bonito. Eles aprenderam tudo rapidinho e ficaram muito felizes em trabalhar. Eles fizeram tudo com alegria, nosso objetivo é mostrar que têm capacidade”, disse Paula.
A iniciativa da Amor pra Down vai de encontro com o programa “Amor, Espresso Amor”, criado pelas irmãs Vieira em novembro de 2017. Toda sexta-feira uma pessoa com Down é convidada a trabalhar, treina as habilidades de uma nova profissão e é remunerada, o que faz bem para o bolso e para autoestima.
Atualmente, quinze pessoas se revezam nas sextas-feiras do “Amor, Espresso Amor”. As irmãs ensaiam a contratação de um funcionário com a síndrome.
Luiz Weis comentou que empresas com poucos funcionários não se mostram receptivas, como o Café du Centre, por isso a associação tem como alvo as empresas com mais de cem trabalhadores, em função da Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, criada em 1991, mas que ainda enfrenta resistências.
Como qualquer jovem, os alunos da Amor pra Down tem dúvidas sobre o futuro profissional, mas a de Michele foi aplacada quando ela fez o primeiro cappuccino.
“Eu gostei daqui, me senti bem, eu quero fazer cafés”, disse.
Para comemorar o encontro, todos celebraram com cafés quentinhos e croissants.
Crédito fotografias: Café du Centre/Matriz