PMs de Itajaí ameaçam jornalista do DIARINHO

Nesta sexta (7), a jornalista do DIARINHO, Franciele Marcon, foi vítima de intimidações, xingamentos e ameaças de prisão por parte de um grupo de PMS de Itajaí

O fato ocorreu no cruzamento da Avenida Contorno Sul com a Rua Pedro José João, bem na entrada da comunidade Nossa Senhora das Graças, o Matadouro. O comando da PM afirmou que não compactua com arbitrariedades e informou que investigará o caso.

A jornalista Franciele percebeu a movimentação de várias viaturas e policiais, no exercício da função a profissional, formada em jornalismo, começou o registro dos fatos, através de fotos tiradas do seu celular, aproximando-se de um policial fardado, se identificou.

Segundo a jornalista foi no momento em que um camburão se aproximou e ela tirou mais algumas fotos, quando um homem detido era retirado de dentro da viatura, em pleno ato do exercício da profissão, que acabou atacada por dois policiais militares que estavam à paisana. “Logo fui cercada por mais policiais militares que começaram a gritar comigo, como se eu tivesse feito algo de errado. Querendo pegar o meu telefone para ver e dizendo que iam apagar as imagens”, relata.

Garantindo seu direito como jornalista, de registrar fatos e ocorrências, Franciele se recusou a entregar o celular ou deixar que as imagens fossem apagadas. “Falei que não daria o meu telefone, pois estava trabalhando e não havia feito nada de errado. Ameaçaram então a me levar detida não sabe por qual crime, mas ameaçaram”, conta.

Constrangida, a jornalista disse que ligaria para o comandante do batalhão e sugeriu que fossem todos para a delegacia da polícia Civil. Acabou sendo destratada e xingada. “Um dos policiais militares me mandou tomar no c…; outro falou que colocaria eu no meu lugar, ele no lugar dele e o comandante do lugar do comandante’”, narra a jornalista, que no momento não conseguiu falar com o comando local e acabou enviando uma mensagem por Whatsapp relatando o que estava acontecendo.

Fotografaram identidade

Depois que a jornalista disse que deveriam todos ir à delegacia, um dos policiais exigiu a sua identificação. Ela mostrou o crachá do jornal, que não foi aceito. Os policiais exigiram o RG.“Eu disse que mostraria minha carteira de identidade na delegacia e ele começou a filmar, falando que exigia a identidade”, conta.

A jornalista entregou o documento que foi fotografado e filmado pelos policiais. Depois de fotografarem o documento, liberaram Franciele.

Uma pequena multidão acompanhou as ameaças e os xingamentos feitos pelos policiais à jornalista. Na ocorrência, havia quatro carros da PM e duas motos da corporação, além de policiais à paisana.

Sindicato dos Jornalistas repudia ação

Aderbal João Rosa Filho, presidente do sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina, condenou a ação dos PMs contra a jornalista Franciele Marcon e qualificou o ato como uma agressão tanto à jornalista quanto à liberdade de imprensa.

“A postura dos policiais foi absurda, intimidatória e de impedimento ao exercício profissional da jornalista”, avaliou Deba. E completou: “Buscaremos junto às autoridades estaduais os devidos esclarecimentos e apuração de responsabilidades”.

Comandante da PM diz que vai investigar o caso

O tenente-coronel Jonathan Cardoso Regis, comandante do 1º Batalhão da PM de Itajaí, informou que vai determinar a abertura de um procedimento formal para investigar as ameaças e o constrangimento à jornalista.

Pra ele, pelo que foi relatado pela jornalista, não havia motivo algum para os policiais quererem apreender o celular ou mesmo apagar as imagens.

Ele garantiu que não concorda com arbitrariedades cometidas por PMs, seja contra um suspeito detido ou contra outras pessoas que acompanhem a ação policial. “Esse não deve ser o comportamento da PM. Esse tipo de comportamento arbitrário é inadmissível para qualquer tipo de ocorrência”, fez questão de frisar.

O coronel Cláudio Roberto Koglin, subcomandante Geral da PM em Santa Catarina, também reforçou que o caso será investigado.

Sobre a ocorrência na entrada do Matadouro, o comandante Jonathan informou que foi um assalto.“(Os policiais) abordaram o agente, que passou a reagir e tiveram que usar a força para conter o rapaz e colocar as algemas”, disse.

Nota pública

Eu como jornalista por profissão e formação e vereador legitimamente eleito para integrar o Poder Legislativo Municipal, presidente da Comissão de Segurança Pública e Defesa Civil da Câmara de Vereadores de Itajaí, manifesto minha solidariedade à cidadã e colega de profissão, Franciele Marcon, do jornal Diarinho devido o fato ocorrido na última sexta-feira (07), envolvendo alguns policiais militares de Itajaí, quando da ocorrência no Bairro Nossa Senhora das Graças onde a colega foi proibida de exercer sua profissão.

Na qualidade de parlamentar e jornalista, enviarei esta semana ofício a PM solicitando uma reunião na Câmara de Vereadores de Itajaí a fim de intermediar a relação entre PM e Imprensa na busca da harmonizar. Com isso ganham todos: A PM que terá suas ações chegando ao conhecimento da sociedade que lhes paga. A imprensa que poderá desenvolver seu trabalho com mais segurança e a sociedade que verá harmonia entre os poderes e entidades de nossa sociedade.

Tenho grandes amigos e sou um defensor público de nossa valorosa polícia militar. Policiais são chamados nos piores momentos do ser humano. Devido o baixo efetivo, estão trabalhando sob alta pressão. Em alguns casos perdem a paciência. Nossa legislação atrasada e não punitiva. Termos casos em que prendem algumas pessoas mais de 70 vezes e estes, saem da delegacia antes dos policiais. Todavia, é nos policiais militares que a sociedade se âncora nos momentos de desespero e tensão. Exatamente por isso, é justamente da PM que esperamos as ações mais corretas possíveis.

Cabe ao respeitoso comando da polícia militar investigar com austeridade o que ocorreu e, no mínimo, os policiais envolvidos fazerem a retratação pública à profissional porque nós, jornalistas, lidamos no dia a dia com os problemas da sociedade e não somos inimigos da polícia. Pelo contrário, somos amigos.

Rubens Angioletti

Jornalista e Vereador

Presidente da Comissão de Segurança Pública e Defesa Civil da Câmara de Vereadores de Itajaí

Com informações: Portal de Notícias do DIARINHO