Restauração da Ponte Hercílio Luz: um desafio por dia

A primeira fase de recuperação da Ponte Hercílio Luz foi completada com êxito. Na segunda-feira (16) à noite, trabalhadores, técnicos e engenheiros já começaram a segunda fase, prevista para durar duas semanas, dependendo das condições meteorológicas. As informações foram transmitidas ontem pela manhã ao governador Raimundo Colombo, que acompanha sistematicamente a evolução da obra, considerada por ele a mais complexa do mundo, neste momento, do ponto de vista da Engenharia.

Colombo nunca escondeu sua preocupação com os riscos gerados pela falta de conservação da ponte, inaugurada em 1926, primeira ligação entre a Ilha de Santa Catarina e a área continental de Florianópolis. A preocupação ainda está longe de acabar, mas ele se declara mais confiante: “A gente ainda perde o sono, porque são momentos desafiadores e a tensão é natural. Graças a Deus está tudo correndo muito bem e estou seguro do sucesso, dada a competência técnica que está aqui instalada.”

Apesar de todo o esforço para ver a obra concluída, ele não estará no governo quando a empreitada terminar, no final do ano que vem. Está ciente da complexidade e especialmente preocupado com as próximas fases – a substituição das barras dos olhais, cujos parafusos poderão ser retirados por pressão, em um processo mais rápido, ou precisarão ser serrados, o que exigirá mais tempo; e a substituição dos chamados joelhos, que ficam nas torres de base. “Serei apenas um cidadão na reabertura da ponte. Mas a obra não é minha, é da sociedade. O importante é que fique pronta e preste um serviço importante, a mobilidade”, disse.

Os questionamentos sobre o investimento feito para a restauração da Hercílio Luz – mais de R$ 270 milhões – são recebidos com naturalidade pelo governador. Para ele, tão logo a obra esteja concluída e a estrutura possa ser novamente utilizada, os críticos vão perceber os impactos positivos da recuperação da ponte: “Há gastos hoje que não se podem dimensionar, como o tempo desperdiçado nos congestionamentos. Eles vão ver que a decisão foi acertada, que valeu apena.” No entanto, ainda não há definição do uso que será dado à ligação. Isso dependerá de mais estudos de carga. “Vamos ter que respeitar as indicações técnicas”, avisou Colombo.

Expectativa

Engenheiro mecânico vindo de Portugal para realizar o trabalho de restauração, Pedro Faro lembrou que sua empresa, a Teixeira Duarte (Oeiras, Portugal), responsável pela obra, assumiu o desafio em 2015 e que tudo está sendo feito dentro do planejado, com segurança, inspeções técnicas e emissão de laudos a cada etapa. A expectativa do engenheiro responsável, José Luis Silva, também português, é que até dezembro de 2018 a Hercílio Luz possa ser aberto ao tráfego, mas o trabalho só será concluído mesmo nos primeiros meses de 2019.

A Teixeira Duarte está fazendo a restauração e a reabilitação integral da Hercílio Luz, maior ponte pênsil do Brasil que virou cartão postal não só de Florianópolis, mas do estado como um todo. A obra inclui a substituição de aparelhos de apoio nas torres principais, reforço e recuperação de fundações, reabilitação da estrutura metálica, substituição de barras de olhal, celas e pendurais, incluindo trabalhos de transferência de carga. Ao final serão aplicados os novos pisos para circulação de veículos, bicicletas e pedestres.