Por avi\u00f5es, estradas e mar, mais de 50 pessoas foram investigadas e presas suspeitas de s\u00e9rie de crimes que movimentaram milh\u00f5es nos \u00faltimos anos em neg\u00f3cios il\u00edcitos – os nomes seguem em sigilo determinado pela Justi\u00e7a Federal nos inqu\u00e9ritos. Mais de de 10 toneladas de coca\u00edna foram apreendidas em portos catarinenses.<\/p>\n

Segundo a PF, a quantia \u00e9 considerada recorde no Brasil e figura entre as maiores entre pa\u00edses da Am\u00e9rica do Sul. Confira a entrevista com o delegado da repress\u00e3o a entorpecentes da PF em Joinville respons\u00e1vel pela opera\u00e7\u00e3o Contentor, Alessandro Netto Vieira:<\/p>\n

A Pol\u00edcia Federal est\u00e1 convicta que descobriu uma nova rota de modal mar\u00edtima por portos de Santa Catarina ou isso j\u00e1 acontecia h\u00e1 muito tempo?
\n<\/strong>Acreditamos que n\u00e3o acontecia h\u00e1 muito tempo. Os portos mais visados sempre foram os do Sudeste do Pa\u00eds, Santos (SP), Vit\u00f3ria (ES). A gente percebeu \u00e9 que quanto mais afunilamos essa rota de sa\u00edda eles (traficantes) v\u00e3o procurando outros portos, como o de Rio Grande (RS). A l\u00f3gica \u00e9 essa: vamos fechando as portas e eles v\u00e3o procurando outras sa\u00eddas alternativas.<\/p>\n

Qual a dimens\u00e3o dos crimes de corrup\u00e7\u00e3o entre empregados e empresas investigados?
\n<\/strong>No caso da Opera\u00e7\u00e3o Contentor verificamos que s\u00e3o funcion\u00e1rios de uma empresa de despacho aduaneiro. Elas s\u00e3o autorizadas a funcionar pela Receita Federal para fazer vistoria de cont\u00eainer, autoriza\u00e7\u00e3o de encaminhamento. S\u00f3 que elas n\u00e3o t\u00eam conhecimento algum e alguns maus funcion\u00e1rios – detectamos tr\u00eas – que por trabalhar nessas empresas tinham acesso a informa\u00e7\u00f5es privilegiadas de navios, rotas, ancoragens, cont\u00eaineres e at\u00e9 de cargas que seriam levadas. Eles vendiam essas informa\u00e7\u00f5es por R$ 10 mil.<\/p>\n

E as empresas de fachadas?
\n<\/strong>Alguns fornecedores de S\u00e3o Paulo tinham empresas como imobili\u00e1ria aqui (Joinville), em Florian\u00f3polis; outro de despacho de importa\u00e7\u00e3o e exporta\u00e7\u00e3o; outro de eletroeletr\u00f4nicos. S\u00e3o fornecedores com capacidade de adquirir a droga e a trazer para c\u00e1. Detectamos que dois fornecedores foram para a Bol\u00edvia pelo menos tr\u00eas vezes nesses \u00faltimos dois meses.<\/p>\n

A PF divulgou que um avi\u00e3o usou pista em S\u00e3o Francisco do Sul para trazer droga. Aconteceu uma ou v\u00e1rias vezes?
\n<\/strong>Era uma rota mesmo, pegamos em tr\u00eas oportunidades em que a droga chegou aqui de avi\u00e3o. Em uma das apreens\u00f5es a coca\u00edna era boliviana. S\u00e3o avi\u00f5es bimotores com capacidade para transportar 600 kg a 700 kg de coca\u00edna dependendo da adapta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

H\u00e1 uma lei do abate no Pa\u00eds (Aeron\u00e1utica tem o respaldo legal para derrubar aeronaves suspeitas de tr\u00e1fico), medida ent\u00e3o que n\u00e3o coibiu esse tipo de tr\u00e1fico em SC. Por que?
\n<\/strong>\u00c0s vezes passa despercebido, n\u00e3o sei qual \u00e9 o artif\u00edcio. Teria que conversar talvez com algu\u00e9m da Aeron\u00e1utica para saber qual \u00e9 o artif\u00edcio que um piloto desses poderia usar para passar despercebido da For\u00e7a A\u00e9rea. Esses pilotos maquiam planos de voo, falsificam para dar apar\u00eancia de um voo regular, isso \u00e9 fato.<\/p>\n

Um dos l\u00edderes seria um homem preso em Barra Velha com coca\u00edna h\u00e1 mais de dez anos. Como est\u00e1 novamente agindo?
\n<\/strong>O delegado F\u00e1bio (Mertens, da PF, respons\u00e1vel pela opera\u00e7\u00e3o Oceano Branco) poderia esclarecer melhor, mas o que eu sei que \u00e9 um cidad\u00e3o que j\u00e1 tinha sido preso em flagrante e na \u00e9poca fazia entrega a varejo. Essa pris\u00e3o n\u00e3o foi suficiente para interromper a escalada criminosa do cara, tanto que agora alcan\u00e7ou grande patrim\u00f4nio.<\/p>\n

Foram apreendidos carros de luxo, jet-sky… At\u00e9 onde ser\u00e1 o sequestro de bens?
\n<\/strong>Nesse primeiro momento pedimos a apreens\u00e3o dos bens para ver o que vai ser encontrado Num segundo momento pediremos o sequestro dos bens, pois vai ser aberta agora a investiga\u00e7\u00e3o de lavagem de dinheiro, onde calcularemos o montante.<\/p>\n

H\u00e1 um mexicano envolvido e foragido (camuflava coca\u00edna em pedras de granitos nos cont\u00eaineres). At\u00e9 que ponto a PF suspeita que h\u00e1 envolvimento de carteis mexicanos na rota do tr\u00e1fico?
\n<\/strong>Daqui (Joinville) n\u00e3o sei se tem cartel mexicano, mas apareceu um elemento de nacionalidade italiana com contato de um jordaniano que est\u00e1 foragido e \u00e9 procurado pela Interpol, que parecia ter contato com a m\u00e1fia italiana. H\u00e1 essa possibilidade.<\/p>\n

Como se iniciou a apura\u00e7\u00e3o sobre drogas em navios de portos no Estado?
\n<\/strong>No caso da Oceano Branco foi uma carga de mais de 500 quilos que apareceu (dezembro de 2014) boiando no mar de Barra Velha. Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Contentor foi a partir de 40 quilos de coca\u00edna embutida dentro uma parede falsa de um cont\u00eainer ano passado em Itapo\u00e1.<\/p>\n

SC registra uma guerra de fac\u00e7\u00f5es criminosas. Quais efeitos t\u00eam essas opera\u00e7\u00f5es no combate \u00e0 viol\u00eancia no Estado?
\n<\/strong>No meu caso aqui a gente detectou que um envolvido, fornecedor de SP, tinha liga\u00e7\u00e3o com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Estamos falando de organiza\u00e7\u00e3o criminosa que n\u00e3o opera de forma violenta. O que os caras fazem s\u00e3o “neg\u00f3cios”. S\u00e3o empres\u00e1rios do tr\u00e1fico. Fornecem drogas para pessoas que fornecem para PCC, PGC, o que \u00e9 mais grave ainda porque eles t\u00eam poder aquisitivo de ir l\u00e1 em Santa Cruz de la Sierra negociar a carga de droga, alugar avi\u00e3o, fazer esse avi\u00e3o sair da Bol\u00edvia e chegar aqui.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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