A forte recess\u00e3o desde o fim de 2014 deixou ampla ociosidade no uso do estoque de capital e da m\u00e3o de obra. Essa ociosidade abre espa\u00e7o para crescimento mais robusto por algum tempo sem gerar press\u00e3o inflacion\u00e1ria. No entanto, o crescimento sustent\u00e1vel ap\u00f3s uma recupera\u00e7\u00e3o c\u00edclica depende do crescimento potencial do PIB (ou PIB potencial), que \u00e9 o foco desse estudo.<\/p>\n
Modelamos o crescimento em fun\u00e7\u00e3o do ritmo de ac\u00famulo de capital f\u00edsico, da popula\u00e7\u00e3o ocupada e da produtividade. Mostramos que esta \u00faltima \u00e9 afetada por epis\u00f3dios de degrada\u00e7\u00e3o macroecon\u00f4mica, pela raz\u00e3o investimento\/PIB e por componentes externos (o crescimento do PIB global per capita e os pre\u00e7os internacionais de commodities).<\/p>\n
Os resultados mostram que h\u00e1 tr\u00eas fatores principais que tem limitado o crescimento do pa\u00eds:<\/p>\n
1) Baixa poupan\u00e7a dom\u00e9stica. A baixa poupan\u00e7a dom\u00e9stica limita os investimentos, o que diminui o ritmo de ac\u00famulo de capital e de ganhos de produtividade via absor\u00e7\u00e3o de novas tecnologias.<\/p>\n
2) Desarranjos macroecon\u00f4micos. Estimamos que os epis\u00f3dios de n\u00e3o pagamento das obriga\u00e7\u00f5es do governo (default) ou de alta relevante da infla\u00e7\u00e3o desde 1961 reduziram o n\u00edvel da renda do pa\u00eds em pelo menos 25%.<\/p>\n
3) Inefici\u00eancia microecon\u00f4mica. Os avan\u00e7os de produtividade no per\u00edodo ficaram abaixo do observado em pa\u00edses equivalentes, devido a diversos entraves regulat\u00f3rios, tribut\u00e1rios e nas rela\u00e7\u00f5es trabalhistas que caracterizam o \u201cCusto Brasil\u201d.<\/p>\n
O desempenho da economia mundial tamb\u00e9m \u00e9 importante para explicar oscila\u00e7\u00f5es no PIB potencial. Por fim, as mudan\u00e7as demogr\u00e1ficas, com um crescimento cada vez menor da popula\u00e7\u00e3o em idade ativa, ajudam a explicar a din\u00e2mica no per\u00edodo.<\/p>\n
Isso posto, qual o crescimento potencial da economia brasileira? Depende do andamento das reformas.<\/p>\n
Estimamos um PIB potencial de 3,5% condicionado \u00e0 implementa\u00e7\u00e3o de um ajuste fiscal focado nos gastos e reformas microecon\u00f4micas. O ajuste fiscal teria o duplo papel de aumentar a poupan\u00e7a dom\u00e9stica (aumentando a capacidade do pa\u00eds de investir) e garantir a sustentabilidade da d\u00edvida p\u00fablica (evitando desarranjos macroecon\u00f4micos futuros). Entre as reformas de cunho microecon\u00f4mico, est\u00e1 a reforma trabalhista recentemente aprovada, e h\u00e1 amplo espa\u00e7o para avan\u00e7os na abertura da economia, na estrutura tribut\u00e1ria e regulat\u00f3ria, e por fim na educa\u00e7\u00e3o. A Taxa de Longo Prazo, em vota\u00e7\u00e3o no Congresso, representa uma oportunidade nos fronts macro e microecon\u00f4micos.<\/p>\n
Por outro lado, na aus\u00eancia de avan\u00e7os das reformas macroecon\u00f4micas e microecon\u00f4micas, o crescimento potencial ficaria ao redor de 1,5%. Esse crescimento baixo dificultaria a estabiliza\u00e7\u00e3o da d\u00edvida p\u00fablica, aumentando a probabilidade dos desarranjos e degrada\u00e7\u00e3o macroecon\u00f4mica, o que poderia trazer o crescimento para valores ainda mais baixos.<\/p>\n
Por fim, cabe notar que mesmo um crescimento de 3,5% leva a uma converg\u00eancia lenta aos n\u00edveis atuais de renda per capita dos pa\u00edses avan\u00e7ados. Considerando um crescimento populacional anual de 0,7% e excluindo efeitos de taxa de c\u00e2mbio, estimamos que o Brasil levaria 66 anos para alcan\u00e7ar o n\u00edvel atual da renda per capita dos Estados Unidos com esse crescimento. A converg\u00eancia para o n\u00edvel atual de renda de pa\u00edses classificados como avan\u00e7ados, por\u00e9m marginalmente acima do limiar de desenvolvimento, tamb\u00e9m seria lenta: Rep\u00fablica Tcheca (26 anos), Portugal (29), Coreia do Sul (40). A converg\u00eancia para o n\u00edvel de renda atual do Chile exigiria 16 anos nesse patamar.<\/p>\n
Capital, trabalho e produtividade<\/strong><\/p>\n Para estimar o PIB potencial, usamos o modelo de crescimento de Solow, que define o produto a partir de estoque de capital, popula\u00e7\u00e3o ocupada e produtividade dos fatores em uso – ver anexos para descri\u00e7\u00e3o da equa\u00e7\u00e3o e dos dados utilizados. Nessa modelagem, o crescimento estrutural do PIB \u00e9 consequ\u00eancia do aumento do estoque de capital, da popula\u00e7\u00e3o economicamente ativa (PEA) e da produtividade[1].<\/p>\n Os ciclos econ\u00f4micos, por sua vez, s\u00e3o caracterizados por oscila\u00e7\u00f5es tempor\u00e1rias do uso de capital e da taxa de desemprego, bem como algum componente c\u00edclico residual da produtividade.<\/p>\n A tabela 1 mostra a decomposi\u00e7\u00e3o do crescimento m\u00e9dio em diversos per\u00edodos da hist\u00f3ria recente brasileira[2]. Destacamos:<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Explicando o investimento<\/strong><\/p>\n Segundo as contas nacionais, o investimento \u00e9 igual, em equil\u00edbrio, \u00e0 soma da poupan\u00e7a dom\u00e9stica e externa. A poupan\u00e7a dom\u00e9stica equivale \u00e0 renda do pa\u00eds menos seu consumo (privado e do governo). A poupan\u00e7a externa \u00e9 igual ao negativo do saldo em conta corrente (ou seja, corrente corrente em d\u00e9ficit configura poupan\u00e7a externa positiva).<\/p>\n Dado que o d\u00e9ficit em conta corrente n\u00e3o pode ser muito elevado por muito tempo, o investimento ao longo do tempo \u00e9 determinado principalmente pela poupan\u00e7a dom\u00e9stica do pa\u00eds.<\/p>\n A evolu\u00e7\u00e3o do investimento como propor\u00e7\u00e3o do PIB (gr\u00e1fico a seguir) mostra o auge em meados dos anos 70, recuando bruscamente durante a crise do petr\u00f3leo. A queda continuou em ritmo gradual na d\u00e9cada perdida e nos anos 90, se estendendo at\u00e9 2003. A partir da\u00ed, com a consolida\u00e7\u00e3o do trip\u00e9 macroecon\u00f4mico e o boom de commodities da d\u00e9cada de 2000, houve alguma alta at\u00e9 2013, com novo recuo a partir do esgotamento da Nova Matriz Econ\u00f4mica. Em 2016, atingiu o menor n\u00edvel da amostra avaliada (desde 1961).<\/p>\n A poupan\u00e7a dom\u00e9stica, que junto com a poupan\u00e7a externa financia os investimentos, ficou em patamar elevado nos anos 70, desacelerando gradualmente desde ent\u00e3o, com epis\u00f3dios de fraqueza mais pronunciada no come\u00e7o dos anos 80 e no final dos anos 90. Esta tend\u00eancia de queda explica o baixo n\u00edvel de investimento que observamos na economia brasileira h\u00e1 alguns anos.<\/p>\n <\/p>\n Explicando a produtividade<\/strong><\/p>\n Para explicar a produtividade (gr\u00e1fico acima), usamos um modelo baseado em tr\u00eas grupos de vari\u00e1veis[3]:<\/p>\n A tabela 2 ilustra duas especifica\u00e7\u00f5es usadas[4]. A diferen\u00e7a entre elas \u00e9 que a 2\u00aa especifica\u00e7\u00e3o inclui a varia\u00e7\u00e3o do uso da capacidade instalada (medida pela NUCI, ver anexo), cuja inclus\u00e3o afetou o coeficiente estimado para commodities[5]. Os resultados a seguir usam a m\u00e9dia dos dois modelos, diante da indefini\u00e7\u00e3o sobre qual seria a \u201cmelhor\u201d especifica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n <\/p>\n Desarranjos macroecon\u00f4micos t\u00eam efeito permanente no n\u00edvel da renda per capita[6]. Os epis\u00f3dios de default do governo na d\u00edvida externa reduzem a produtividade em 1-2% no ano em que ocorre e no ano seguinte. Se o epis\u00f3dio incluir componentes da d\u00edvida dom\u00e9stica (o exemplo na hist\u00f3ria desde 1961 \u00e9 o Plano Collor, em 1990), h\u00e1 um choque adicional de 2-3% no ano em que o evento ocorre. Por fim, altas relevantes da infla\u00e7\u00e3o reduzem a produtividade em 2%. Somando o efeito de todos os choques desde 1961 estimamos uma queda acumulada de 25% da renda do pa\u00eds. Note-se que esse \u00e9 o efeito direto. Se considerarmos que os efeitos acima citados se refor\u00e7am mutuamente, o impacto sobre a renda per capita tende a ter sido substancialmente maior.<\/p>\n Olhando para as vari\u00e1veis ligadas \u00e0 conjuntura externa, uma eleva\u00e7\u00e3o de 1 p.p. do crescimento per capita global est\u00e1 associada a um aumento da produtividade em 0,5 p.p., o mesmo impacto associado a uma alta de 10% em termos reais dos pre\u00e7os internacionais de commodities.<\/p>\n Finalmente, o aumento de 1 p.p. da raz\u00e3o investimento\/PIB \u00e9 consistente com alta recorrente de 0,12 p.p. da produtividade.<\/p>\n A tabela 3 mostra a decomposi\u00e7\u00e3o da produtividade m\u00e9dia em diversos per\u00edodos entre os tr\u00eas grupos. A parte n\u00e3o explicada da produtividade \u00e9 listada na coluna \u201coutros\u201d. Avaliamos essas oscila\u00e7\u00f5es em boa parte refletem avan\u00e7os ou retrocessos de natureza microecon\u00f4mica, inclusive a qualifica\u00e7\u00e3o da m\u00e3o de obra.<\/p>\n O forte crescimento da produtividade ao longo do \u201cMilagre\u201d (1967-1974) \u00e9 explicado por conjuntura global favor\u00e1vel e por uma raz\u00e3o investimento\/PIB elevada. Adicionalmente, houve ganhos n\u00e3o explicados pelo modelo (que utiliza fatores macroecon\u00f4micos). Estes ganhos s\u00e3o provavelmente associados a avan\u00e7os microecon\u00f4micos, tais como a reforma do Sistema Financeiro.<\/p>\n O recuo marcante da produtividade durante a d\u00e9cada perdida (1981-1990) ocorreu principalmente devido aos desarranjos macroecon\u00f4micos (hiperinfla\u00e7\u00e3o e defaults da d\u00edvida) e queda do investimento, que ocorreram concomitantemente (e, em parte, devido a) uma conjuntura global menos favor\u00e1vel.<\/p>\n <\/p>\n A produtividade mostrou ligeiro avan\u00e7o nos ciclos seguintes (1991-2002), com a estabiliza\u00e7\u00e3o macroecon\u00f4mica (em particular, o controle da infla\u00e7\u00e3o com o plano Real) e com reformas microecon\u00f4micas (abertura comercial, privatiza\u00e7\u00f5es, ag\u00eancias regulat\u00f3rias, entre outras).<\/p>\n <\/p>\n Entre 2003 e 2010, a produtividade avan\u00e7ou ainda mais, impulsionada pela volta de uma conjuntura global favor\u00e1vel (o forte crescimento da China e a consequente alta dos pre\u00e7os de commodities), a consolida\u00e7\u00e3o do trip\u00e9 macroecon\u00f4mico e \u00e0 continuidade das reformas microecon\u00f4micas (em particular, o avan\u00e7o no arcabou\u00e7o de cr\u00e9dito).<\/p>\n No entanto, a produtividade voltou a cair entre 2011 e 2016. Este recuo \u00e9 explicado parcialmente por uma conjuntura global menos favor\u00e1vel (queda dos pre\u00e7os das commodities), mas fatores dom\u00e9sticos de ordem macro e microecon\u00f4micas s\u00e3o parte relevante da explica\u00e7\u00e3o. Em particular, destacamos a queda do investimento e a acelera\u00e7\u00e3o da infla\u00e7\u00e3o ao longo do per\u00edodo. Interpretamos a queda nos componentes n\u00e3o explicados pelas vari\u00e1veis macro como consequ\u00eancia de maior intervencionismo estatal, revis\u00e3o de arcabou\u00e7os regulat\u00f3rios e pela interrup\u00e7\u00e3o de melhoras nos gargalos de ordem microecon\u00f4mica.<\/p>\n Cen\u00e1rios para o PIB potencial<\/strong><\/p>\n A partir da especifica\u00e7\u00e3o descrita para a decomposi\u00e7\u00e3o do crescimento, podemos estimar o PIB potencial a partir de hip\u00f3teses sobre as vari\u00e1veis explicativas[7]. Algumas vari\u00e1veis s\u00e3o \u201cex\u00f3genas\u201d no sentido que n\u00e3o s\u00e3o afetadas por decis\u00f5es de pol\u00edtica econ\u00f4mica, tais como demografia e economia global. Supomos um crescimento anual de 0,8% da PEA (consistente com a demografia), crescimento de 1,75% do PIB per capita global (m\u00e9dia das nossas proje\u00e7\u00f5es para os pr\u00f3ximos quatro anos) e pre\u00e7os internacionais de commodities est\u00e1veis em termos reais.<\/p>\n Os dois componentes restantes (investimento\/PIB e os movimentos n\u00e3o explicados pelas vari\u00e1veis do modelo, que aparecem na coluna \u201coutros\u201d da tabela 3), s\u00e3o vinculados \u00e0s pol\u00edticas macro e microecon\u00f4micas, respectivamente.<\/p>\n Lembremos que o investimento afeta o PIB potencial atrav\u00e9s de dois canais: a taxa de crescimento do estoque de capital e a pr\u00f3pria produtividade dos fatores em uso. Adicionalmente, devemos recordar que, por sua vez, o investimento \u00e9 limitado pela disponibilidade de poupan\u00e7a, em particular a dom\u00e9stica[8].<\/p>\n Um ajuste fiscal focado nos gastos reduziria o consumo do governo como propor\u00e7\u00e3o do PIB, aumentando a poupan\u00e7a p\u00fablica.<\/p>\n Calculamos o PIB potencial com dois cen\u00e1rios de poupan\u00e7a dom\u00e9stica. O primeiro considera a poupan\u00e7a dom\u00e9stica de 15% do PIB, similar \u00e0 observada em 2015 (14,8%) e 2016 (15,1%). Este cen\u00e1rio \u00e9 compat\u00edvel com aus\u00eancia de um ajuste fiscal relevante. O segundo considera um aumento de 5 p.p., para 20% do PIB, consistente com um forte ajuste fiscal efetuado a partir de corte dos gastos.<\/p>\n Com diversos entraves microecon\u00f4micos que caracterizam o \u201cCusto Brasil\u201d e limitam o crescimento do pa\u00eds, \u00e9 importante considerar a possibilidade de avan\u00e7os das reformas microecon\u00f4micas. O fato de os efeitos serem dispersos ao longo de um per\u00edodo amplo e indeterminado dificulta o estudo de casos do passado.<\/p>\n No entanto, podemos estimar a alta na produtividade associada \u00e0s reformas microecon\u00f4micas. O desvio-padr\u00e3o da m\u00e9dia m\u00f3vel de cinco anos do res\u00edduo da produtividade no modelo (0,5 pontos porcentuais \u2013 vide coluna \u201coutros\u201d da tabela 3) pode ser uma medida aproximada do impacto de um avan\u00e7o consistente no front microecon\u00f4mico. H\u00e1 espa\u00e7o para (1) melhorias dos arcabou\u00e7os regulat\u00f3rio e tribut\u00e1rio, (2) abertura comercial, (3) educa\u00e7\u00e3o. A reforma trabalhista recentemente aprovada tamb\u00e9m entra nesse contexto (ver an\u00e1lise espec\u00edfica em Reforma Trabalhista: potenciais impactos), bem como os avan\u00e7os na governan\u00e7a das estatais.<\/p>\n Os resultados para os dois cen\u00e1rios de poupan\u00e7a dom\u00e9stica\/PIB , associados a avan\u00e7o ou n\u00e3o das reformas microecon\u00f4micas, est\u00e3o na tabela 4. O cen\u00e1rio que combina ajuste macroecon\u00f4mico com reformas micro atinge um crescimento potencial do PIB de 3,5%.<\/p>\n <\/p>\n Contudo, os mesmos modelos que levam a um crescimento sustent\u00e1vel de 3,5% com um ajuste fiscal e reformas microecon\u00f4micas podem levar a um cen\u00e1rio significativamente menos favor\u00e1vel. Sem ajuste fiscal e reformas, o investimento\/PIB pode seguir pr\u00f3ximo do n\u00edvel atual, levando a um crescimento potencial de cerca de 1,5% Esse crescimento baixo dificultaria a estabiliza\u00e7\u00e3o da d\u00edvida p\u00fablica, aumentando a probabilidade dos desarranjos macroecon\u00f4micos e seus choques permanentes sobre a produtividade. E, claro, implicaria que o Brasil seguiria sendo um pa\u00eds relativamente pobre.<\/p>\n Artur Manoel Passos<\/p>\n Alexandre Gomes da Cunha<\/p>\n [1] Diversos estudos sobre o tema incorporam alguma medida de capital humano no componente da popula\u00e7\u00e3o ocupada. Como n\u00e3o inclu\u00edmos uma medida de capital humano, seu impacto sobre o produto \u00e9 transferido para a produtividade dos fatores em uso.<\/p>\n [2] O anexo 3 mostra os gr\u00e1ficos do hist\u00f3rico do ritmo de expans\u00e3o do estoque de capital e da popula\u00e7\u00e3o ecomicamente ativa.<\/p>\n [3] Vari\u00e1veis adicionais foram consideradas, mas n\u00e3o entraram nos modelos finais. Um marcador de impeachment n\u00e3o mostrou impacto estatisticamente significativo. A abertura comercial (soma de exporta\u00e7\u00f5es e importa\u00e7\u00f5es dividida pelo PIB) tamb\u00e9m n\u00e3o teve impacto. Dada a import\u00e2ncia da abertura comercial para a produtividade da cadeia de bens manufaturados, \u00e9 prov\u00e1vel que choques de pre\u00e7os de commodities e de c\u00e2mbio (que afetam o com\u00e9rcio externo como propor\u00e7\u00e3o do PIB) contaminem o impacto da integra\u00e7\u00e3o com as cadeias globais de produ\u00e7\u00e3o. A taxa de urbaniza\u00e7\u00e3o (n\u00edvel ou a mudan\u00e7a) tampouco mostrou poder explicativo adicional.<\/p>\n [4] O n\u00edvel de utiliza\u00e7\u00e3o da capacidade entre 1960-1976 foi obtido atrav\u00e9s de um modelo baseado nas demais vari\u00e1veis explicativas. Deste modo, as estat\u00edsticas t referentes ao modelo de produtividade com utiliza\u00e7\u00e3o da capacidade est\u00e3o distorcidas.<\/p>\n [5] A queda do coeficiente associado aos pre\u00e7os internacionais de commodities \u00e9 consequ\u00eancia da sua correla\u00e7\u00e3o positiva com o uso da capacidade instalada.<\/p>\n [6] Tentamos sem sucesso incorporar vari\u00e1veis defasadas dos indicadores de desarranjo macroecon\u00f4micos, para incorporar alguma devolu\u00e7\u00e3o do choque negativo distribu\u00edda nos anos seguintes. No entanto, os dados n\u00e3o mostraram evid\u00eancias econom\u00e9tricas de que o choque seja compensado nos anos seguintes. Ou seja, h\u00e1 evid\u00eancias de que os efeitos dos desarranjos macroecon\u00f4micos sobre a produtividade, e consequentemente sobre o n\u00edvel da renda, s\u00e3o permanentes.<\/p>\n [7] Por se tratar do crescimento potencial, fica impl\u00edcito que o desemprego e o uso da capacidade instalada ficam est\u00e1veis no n\u00edvel de equil\u00edbrio. Logo, a varia\u00e7\u00e3o da capacidade instalada n\u00e3o entra na estimativa do PIB potencial.<\/p>\n [8] Experi\u00eancias do passado visando aumentar o investimento sem aumentar a poupan\u00e7a p\u00fablica tiveram resultados desfavor\u00e1veis. Ajustes for\u00e7ados na poupan\u00e7a dom\u00e9stica privada geraram distor\u00e7\u00f5es na economia, e ciclos de investimento excessivamente dependentes do financiamento externo levaram a vulnerabilidades externas.<\/p>\n Fonte:https:\/\/www.itau.com.br<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Estimamos o PIB potencial do Brasil a partir da evolu\u00e7\u00e3o da economia desde 1961. Um ajuste fiscal que aumente a poupan\u00e7a dom\u00e9stica e estabilize a d\u00edvida p\u00fablica, combinado com a implementa\u00e7\u00e3o de reformas microecon\u00f4micas, pode levar o PIB potencial para 3,5%. Sem esses ajustes, o PIB potencial ficaria mais pr\u00f3ximo de 1,5%. Os epis\u00f3dios de […]<\/p>\n","protected":false},"author":24,"featured_media":129975,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[12],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n\n
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