O fen\u00f4meno das fake news n\u00e3o \u00e9 novidade. Not\u00edcias falsas, por m\u00e1 f\u00e9, ou erradas, pela aus\u00eancia de uma verifica\u00e7\u00e3o, j\u00e1 causaram toda ordem de problemas para pessoas, empresas, poderes, entidades e institui\u00e7\u00f5es. Tampouco \u00e9 um privil\u00e9gio do Brasil ou do momento que vivemos. Acontecem a todo momento ao redor do mundo, seja com maior ou menor potencial de causar preju\u00edzos. O que tem gerado uma percep\u00e7\u00e3o diferente s\u00e3o a multiplicidade dos assuntos transformados em not\u00edcias falsas e rapidez com que s\u00e3o reproduzidas e compartilhadas, algo que est\u00e1 diretamente relacionado com o acesso \u00e0s tecnologias de comunica\u00e7\u00e3o, a cada dia com mais velocidade e melhor qualidade.
\nO assunto foi colocado em pauta durante a Jornada de Debates Fake News x True News – o valor do jornal, XII Workshop de Integra\u00e7\u00e3o da Associa\u00e7\u00e3o de Di\u00e1rios do Interior (ADI-SC), agora com o refor\u00e7o do SCPortais. Realizado na quinta-feira (24), na sede da Federa\u00e7\u00e3o das Ind\u00fastrias, em Florian\u00f3polis, o evento teve a participa\u00e7\u00e3o de aproximadamente 200 pessoas, em sua maioria jornalistas, editores e diretores dos ve\u00edculos integrados \u00e0 rede ADI-SC\/SCP, profissionais de comunica\u00e7\u00e3o de outros ve\u00edculos e de outros segmentos, assessores parlamentares, advogados e estudantes de diferentes \u00e1reas. O interesse demonstrado prova a atualidade do tema e a necessidade de debate para a corre\u00e7\u00e3o de rumos, uma vez que, de modo geral, todos temos responsabilidade no momento de escolher compartilhar ou n\u00e3o um conte\u00fado cuja veracidade n\u00e3o se pode garantir.
\nA Jornada de Debates, realizada com o apoio da ACI, da Fiesc e da Celesc, reuniu tamb\u00e9m autoridades. A mesa de abertura foi composta (E-D) pelo deputado Gabriel Ribeiro, representando a Assembleia Legislativa, o presidente da ADI-SC, \u00c1mer Felix Ribeiro, o presidente da Fiesc, Glauco Jos\u00e9 C\u00f4rte, o governador Eduardo Pinho Moreira, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC), desembargador Ricardo Roesler, o presidente da Associa\u00e7\u00e3o Catarinense de Imprensa (ACI), Ademir Arnon, e o presidente da ADI-Brasil, Jeda\u00edas Belga.
\nO encontro foi conduzido pelo jornalista Marcelo Lula e contou ainda com a presen\u00e7a de outras autoridades e lideran\u00e7as, a exemplo do secret\u00e1rio de Estado da Comunica\u00e7\u00e3o, Gonzalo Pereira, do ex-secret\u00e1rio da pasta, Jo\u00e3o Debiasi, do primeiro vice-presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, dos deputados Esperidi\u00e3o Amin, federal, e Jo\u00e3o Amin, estadual, do diretor Administrativo do BRDE, Renato de Mello Vianna, do presidente do Sindicato das Ag\u00eancias de Propaganda (Sinapro-SC), Pedro Cherem, do presidente do Grupo RIC, Marcello Petrelli, do presidente da Adjori-SC, Miguel Gobbi, e do presidente do Grupo NSC, M\u00e1rio Neves. Todos os diretores da ADI-SC tamb\u00e9m participaram do workshop. Al\u00e9m de Ribeiro, os vice-presidentes Adriano Kalil (de Gest\u00e3o e Finan\u00e7as), Claudinei Roberton da Silva (de Expans\u00e3o), Marcelo Janssen (de Novas M\u00eddias), Rolando Christian Coelho (da Regional Leste), Dercio Rosa (da Regional Oeste), Leno\u00edres da Silva (presidente Institucional), e os conselheiros Quirino Loeser e D\u00e9cio Alves.<\/div>\n
\u00a0<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\n\u201cPara reverter este quadro \u00e9 preciso ter o p\u00fablico como foco\u201d<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nA palestra principal da Jornada de Debates Fake News X True News, promovida pela ADI-SC, coube ao jornalista e professor William Waack. Graduado pela USP em Ci\u00eancias Pol\u00edticas, e em Sociologia e Comunica\u00e7\u00e3o pela Universidade de Mainz (Alemanha), tamb\u00e9m \u00e9 mestre em Rela\u00e7\u00f5es Internacionais. Tem quatro livros publicados e por duas conquistou o Pr\u00eamio Esso de Jornalismo. Passou pelas reda\u00e7\u00f5es do Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S\u00e3o Paulo, Veja, TV\u00a0 Cultura e Globo. Hoje atua como webjornalista no Estad\u00e3o.\u00a0<\/b><\/div>\n<\/div>\n
William Waack lan\u00e7ou m\u00e3o da pr\u00f3pria experi\u00eancia para tratar do tema fake news. Afirmou que a produ\u00e7\u00e3o de not\u00edcias falsas n\u00e3o \u00e9 novidade e que se trata de uma narrativa pol\u00edtica. Ou seja, n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 uma quest\u00e3o de verificar se a informa\u00e7\u00e3o \u00e9 falsa ou verdadeira, mas de perceber, antes disso, as fake news como uma interpreta\u00e7\u00e3o da realidade conforme a opini\u00e3o de cada pessoa. Se fake news n\u00e3o novidade, por que virou novidade? Por que isso tem preocupado tanto? Questionou para logo em seguida dar a resposta:
\n\u201cA quest\u00e3o est\u00e1 na confian\u00e7a que as pessoas atribuem \u00e0s institui\u00e7\u00f5es e inst\u00e2ncias at\u00e9 agora reconhecidas como guardi\u00e3s da verdade objetiva dos fatos. Antes as pessoas diziam \u00e9 \u2018verdade, porque foi publicado em tal ve\u00edculo e eu confio\u2019. Hoje, olham para o que era uma inst\u00e2ncia de reputa\u00e7\u00e3o, mesmo que n\u00e3o concordassem com a opini\u00e3o editorial desses ve\u00edculos, e se sentem desamparadas. N\u00e3o atribuem mais o mesmo respeito e confian\u00e7a que atribu\u00edam antes. Este \u00e9 o ponto central das fake news\u201d, descreveu.
\nE isso n\u00e3o \u00e9 resultado apenas das tecnologias da era digital, que at\u00e9 ampliam a dimens\u00e3o do que circula como not\u00edcia, mas em grande parte \u00e9 reflexo da deteriora\u00e7\u00e3o da confian\u00e7a que as pessoas atribuem ao funcionamento das democracias representativas liberais. \u201cIsso, sim, \u00e9 um fen\u00f4meno da nossa \u00e9poca. O descr\u00e9dito, o desencanto e o desalento s\u00e3o comuns \u00e0s sociedades e afetam institui\u00e7\u00f5es, inclusive a imprensa.\u201d O principal ativo dos grupos de comunica\u00e7\u00e3o, a credibilidade, agora \u00e9 visto sob um olhar contestador e com muitas ressalvas.
\nO cen\u00e1rio piora pela associa\u00e7\u00e3o \u00e0 crise de funcionamento do sistema pol\u00edtico brasileiro, cria um caldo de cultura perigoso que tem como ponto de fundo a perda de refer\u00eancias e, em consequ\u00eancia, a perda da leitura da realidade por parte de agentes pol\u00edticos, grupos econ\u00f4micos, empresas de comunica\u00e7\u00e3o. \u201cVe\u00edculos de imprensa deixaram de ser influenciadores das redes sociais e se tornaram ref\u00e9ns das redes sociais. Para reverter este quadro e recuperar a condi\u00e7\u00e3o de refer\u00eancia na sociedade, os ve\u00edculos de comunica\u00e7\u00e3o\u00a0 precisam ser transparentes e ter o p\u00fablico como foco.\u201d
\nJ\u00e1 durante o debate, ao ser questionado sobre o peso das fake news na defini\u00e7\u00e3o de voto, disse acreditar que a influ\u00eancia ser\u00e1 muito menor do que o projetado. \u201cN\u00e3o ser\u00e1 o foco. N\u00e3o vai decidir a elei\u00e7\u00e3o.\u00a0 O que vai definir ser\u00e1 a capacidade deste ou daquele grupo de conseguir uma narrativa que saia de grupos restritos para alcan\u00e7ar outras tribos.\u201d Ele observou que a incapacidade de conex\u00e3o entre os grupos criou um clima muito mais que polarizado. \u201cEstamos divididos, sem contato com outros grupos. Isso caracteriza uma crise estrutural.\u201d
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nDesafio
\n<\/b><\/div>\nPara \u00c1mer Felix Ribeiro, o assunto \u00e9 pol\u00eamico e um desafio a ser enfrentado com as armas tradicionais do Jornalismo – boa apura\u00e7\u00e3o e independ\u00eancia para a conquista da credibilidade. Essa preocupa\u00e7\u00e3o justifica o esfor\u00e7o da entidade para, anualmente, realizar eventos que contribuam para a capacita\u00e7\u00e3o dos profissionais e a qualifica\u00e7\u00e3o dos ve\u00edculos da rede ADI-SC\/SCPortais. O presidente da ADI Brasil, Jeda\u00edas Belga, elogiou o evento e afirmou que a sobreviv\u00eancia do di\u00e1rio impresso, local ou regional,\u00a0 depende dessa garantia de credibilidade, que aos poucos \u00e9 reconhecida tamb\u00e9m nos espa\u00e7os digitais dos jornais tradicionais.\u00a0
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nMudan\u00e7as
\n<\/b>Depois de classificar o ano de 2018 como extremamente importante e de falar da oportunidade que o Brasil tem para uma mudan\u00e7a efetiva, o governador Pinho Moreira disse que os profissionais da imprensa \u201cter\u00e3o um papel vital no bem informar, em levar a not\u00edcia verdadeira\u201d na cobertura das elei\u00e7\u00f5es. Ele disse que fez quest\u00e3o de participar do evento porque l\u00ea os di\u00e1rios do interior e que \u00e9 por meio destes ve\u00edculos que tem uma melhor vis\u00e3o do que acontece nas cidades catarinenses. \u201cJ\u00e1 somos o melhor estado em v\u00e1rios indicadores. Somos e continuaremos sendo o melhor estado em ve\u00edculos de comunica\u00e7\u00e3o exatamente pela for\u00e7a dos jornais do interior.\u201d\u00a0\u00a0\u00a0
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nCampanha
\n<\/b>Empresas e entidades que representam os jornais catarinenses (ADI-SC, Adjori-SC, Grupo RIC e Grupo NSC) aproveitaram a Jornada de Debates, com o subtema O Valor do Jornal , para lan\u00e7ar uma campanha de fortalecimento e valoriza\u00e7\u00e3o do meio jornal. O presidente do Grupo RIC, Marcello Petrelli, disse que a uni\u00e3o de todos em torno do meio jornal, seja impresso ou digital, torna a campanha emblem\u00e1tica. \u201c\u00c9 uma campanha in\u00e9dita no pa\u00eds, o que mostra a nossa vis\u00e3o de responsabilidade e a nossa consci\u00eancia sobre o papel da imprensa. \u00c9 uma quebra de paradigmas em favor da sociedade catarinense.\u201d
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nSurpresa
\n<\/b>O presidente da Fiesc, Glauco Jos\u00e9 C\u00f4rte, fez\u00a0 a primeira palestra do workshop e declarou que, digitais ou impressos, os\u00a0 jornais s\u00e3o as principais alternativas ao grande p\u00fablico para separar fake de true. \u201cTemos o exemplo das elei\u00e7\u00f5es nos Estados Unidos, que foi dominada pelas informa\u00e7\u00f5es falsas. S\u00e3o novos desafios decorrentes da transforma\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica em curso.\u201d C\u00f4rte foi surpreendido com uma homenagem feita pela ADI-SC em reconhecimento pelo trabalho que desenvolve \u00e0 frente da entidade e agradecimento pelo apoio que sempre dedicou \u00e0 imprensa de um modo geral e aos ve\u00edculos do interior, especificamente.
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nPioneiro
\n<\/b><\/div>\nPresidente do TRE-SC, o desembargador Ricardo Roesler destacou o pioneirismo do Tribunal ao criar, a exemplo do que fez o TSE, uma inst\u00e2ncia que est\u00e1 estudando o assunto fake news e seus impactos a fim de dar suporte aos ju\u00edzes eleitorais na an\u00e1lise de den\u00fancias e tomadas de decis\u00e3o. Ele deixou claro que, havendo a den\u00fancia, o TRE-SC n\u00e3o admitir\u00e1 a pr\u00e1tica detratora, dentro ou fora do per\u00edodo eleitoral. Para coibir a pr\u00e1tica em si e eliminar a sensa\u00e7\u00e3o de impunidade, foram feitas parcerias com a pol\u00edcia – Militar, Civil e Federal – e outras organiza\u00e7\u00f5es de investiga\u00e7\u00e3o. \u201cN\u00e3o podemos negar a import\u00e2ncia das redes sociais, desde que tratadas com responsabilidade.\u201d
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nChecagem
\n<\/b>\u201cFake News Global e o Jornalismo Hiperlocal\u201d foi o tema da palestra do
\njornalista e colunista pol\u00edtico Rafael Martini. \u201cChecagem de
\ninforma\u00e7\u00e3o \u00e9 premissa b\u00e1sica do Jornalismo. Qual \u00e9 a fonte da informa\u00e7\u00e3o? Se isso n\u00e3o estiver claro, \u00e9 poss\u00edvel que seja fake news\u201d, ensinou Martini. Para ele, o jornalista precisa estar na rua, buscando informa\u00e7\u00f5es e confirmando ou n\u00e3o o que foi repassado por fontes ou assessores de fontes. Sobre o jornalismo hiperlocal, Martini tratou como \u201co grande diferencial\u201d pelo ritmo de publica\u00e7\u00e3o, com informa\u00e7\u00f5es que a popula\u00e7\u00e3o busca devido a sua proximidade, e profissionais conhecidos localmente. \u201c\u00c9 a marca dos jornais tradicionais.\u201d\u00a0
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nDiferentes
\n<\/b>Os jornalistas Alexandre Gon\u00e7alves e Marcelo Lula foram painelistas na abordagem do professor de Mestrado de Jornalismo da UFSC Rog\u00e9rio Christofoletti sobre \u201cFake News como Desafio para a Ind\u00fastria Jornal\u00edstica\u201d. Em sua avalia\u00e7\u00e3o, os ve\u00edculos sediados no interior t\u00eam alternativas de diferencia\u00e7\u00e3o: apostar no hiperlocalismo, com o enfrentamento dos problemas locais em conjunto; parcerias entre empresas e comunidade; a\u00e7\u00f5es para desenvolvimento local; projetos de leitura cr\u00edtica nas escolas; debates p\u00fablicos; campanhas de valoriza\u00e7\u00e3o do seu produto, destacando a credibilidade e o profissionalismo. \u201c\u00c9 preciso enfrentar as fake news, especialmente as relacionadas \u00e0 pol\u00edtica.\u201d
\n<\/b><\/div>\n<\/div>\n
<\/div>\n
Novo foco
\n<\/b>\u00a0O diretor da Rede OCP, Marcelo Janssen, fez uma apresenta\u00e7\u00e3o das \u201cOportunidades da M\u00eddia Regional\u201d e comp\u00f4s uma mesa com representantes da ADI-SC, Adriano Kalil, do Notisul, Janiffer Souza, e do Grupo Verde Vale de Comunica\u00e7\u00e3o, Marcos Santos, que falaram das mudan\u00e7as rumo ao digital. \u201cNo OCP, n\u00e3o somos mais um jornal impresso com um digital. Somos um jornal digital com um impresso\u201d, disse Janssen. Voltando ao localismo, Kalil lembrou que os assuntos globais podem ser lidos em qualquer lugar. \u201cMas os da minha cidade, s\u00f3 no jornal regional.\u201d Por isso a ADI lan\u00e7ou o SCPortais, um agregador de conte\u00fado de todas as regionais em um \u00fanico lugar.\u00a0
\n<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\n\u00a0<\/b><\/div>\nPor Andr\u00e9a Leonora (Com a colabora\u00e7\u00e3o\u00a0 de Edin\u00e9ia Rauta)
\nFotos: Marcos Campos<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
O fen\u00f4meno das fake news n\u00e3o \u00e9 novidade. Not\u00edcias falsas, por m\u00e1 f\u00e9, ou erradas, pela aus\u00eancia de uma verifica\u00e7\u00e3o, j\u00e1 causaram toda ordem de problemas para pessoas, empresas, poderes, entidades e institui\u00e7\u00f5es. Tampouco \u00e9 um privil\u00e9gio do Brasil ou do momento que vivemos. Acontecem a todo momento ao redor do mundo, seja com maior […]<\/p>\n","protected":false},"author":24,"featured_media":136067,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[83],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n
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