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{"id":136416,"date":"2018-06-06T10:36:13","date_gmt":"2018-06-06T13:36:13","guid":{"rendered":"https:\/\/oatlantico.com.br\/?p=136416"},"modified":"2018-06-06T10:36:13","modified_gmt":"2018-06-06T13:36:13","slug":"o-pcc-voltou-ofensiva-pelo-brasil-e-nao-deve-parar-tao-cedo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/oatlantico.com.br\/o-pcc-voltou-ofensiva-pelo-brasil-e-nao-deve-parar-tao-cedo\/","title":{"rendered":"O PCC voltou \u00e0 ofensiva pelo Brasil e n\u00e3o deve parar t\u00e3o cedo"},"content":{"rendered":"

Agress\u00f5es a presos na Penitenci\u00e1ria de Alca\u00e7uz, no Rio Grande do Norte, e em pres\u00eddios de Minas Gerais desencadearam uma s\u00e9rie de ataques a \u00f4nibus, pr\u00e9dios p\u00fablicos e a agentes de seguran\u00e7a nos dois estados nos \u00faltimos dias.<\/p>\n

Mensagens e bilhetes interceptados pelo Gaeco (Grupo de Atua\u00e7\u00e3o Especial de Combate ao crime Organizado), do Minist\u00e9rio P\u00fablico do Estado de S\u00e3o Paulo, apontam que as ordens para os atentados partiram da fac\u00e7\u00e3o criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).<\/p>\n

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Segundo o Gaeco, os ataques foram autorizados pelo PCC em repres\u00e1lia aos maus-tratos sofridos por detentos. Promotores de Justi\u00e7a do Gaeco paulista apuraram tamb\u00e9m que o PCC amea\u00e7a atacar as for\u00e7as de seguran\u00e7a em Goi\u00e1s e no Maranh\u00e3o pelo mesmo motivo: \u201copress\u00e3o imposta aos detentos\u201d.<\/p>\n

O Gaeco de S\u00e3o Paulo investiga o PCC desde 2001 e apurou que a fac\u00e7\u00e3o tem uma c\u00e9lula denominada \u201cresumo do estados\u201d, cujos integrantes, presos ou em liberdade, s\u00e3o os respons\u00e1veis pela organiza\u00e7\u00e3o criminosa em cada unidade da Federa\u00e7\u00e3o. Essa c\u00e9lula \u00e9 subordinada \u00e0 \u201csintonia dos estados\u201d, o setor que cuida dos neg\u00f3cios il\u00edcitos e de assuntos de interesse do PCC fora de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

Acima da \u201csintonia dos estados\u201d est\u00e1 a \u201csintonia final\u201d, formada pela lideran\u00e7a do grupo criminoso, recolhida na Penitenci\u00e1ria 2 de Presidente Venceslau, distante 620 km da capital paulista. Por determina\u00e7\u00e3o da \u201csintonia final\u201d, a c\u00e9lula \u201cresumo dos estados\u201d est\u00e1 autorizada a realizar ataques sempre que houver casos de opress\u00e3o contra os presos ligados \u00e0 fac\u00e7\u00e3o criminosa.<\/p>\n

As investiga\u00e7\u00f5es do Gaeco apontaram que, a princ\u00edpio, o PCC havia determinado \u00e0 c\u00e9lula \u201cresumo dos estados\u201d uma manifesta\u00e7\u00e3o pac\u00edfica no Rio Grande do Norte e em Minas Gerais. Lideran\u00e7as do grupo, por\u00e9m, entenderam que um ato pac\u00edfico em protesto contra as agress\u00f5es aos presos n\u00e3o teria repercuss\u00e3o e, por isso, ordenaram a\u00e7\u00f5es violentas, como ataques a pr\u00e9dios p\u00fablicos e \u00f4nibus e mortes de policiais e agentes penitenci\u00e1rios.<\/p>\n

Em Parnamirim, regi\u00e3o metropolitana de Natal, homens do PCC mataram um policial militar.<\/p>\n

Em Minas Gerais, a Pol\u00edcia Militar informou que 51 \u00f4nibus foram incendiados em 25 cidades desde a madrugada de domingo at\u00e9 hoje \u00e0 tarde. Tamb\u00e9m foram registrados ataques nas C\u00e2maras Municipais de Passos e de Campo Florido. Ao menos 40 suspeitos de envolvimento nos crimes foram presos.<\/p>\n

Paran\u00e1 e S\u00e3o Paulo, redutos do PCC<\/p>\n

O Gaeco investiga se as ordens para os ataques no Rio Grande do Norte e em Minas Gerais foram repassadas por presos da Penitenci\u00e1ria 2 de Presidente Venceslau ou de\u00a0Piraquara, no Paran\u00e1.<\/p>\n

Para promotores de Justi\u00e7a do Gaeco paulista,\u00a0o Paran\u00e1 \u00e9 o segundo maior reduto do PCC no Brasil, ficando atr\u00e1s apenas de S\u00e3o Paulo. A fac\u00e7\u00e3o paulista conta com 3.000 integrantes no territ\u00f3rio paranaense. Em Minas Gerais s\u00e3o 1.500 homens e no Rio Grande do Norte, entre 500 e 700. Em todo o Pa\u00eds, o total de integrantes do PCC chega \u00e0 casa dos 30 mil. Em 2014 eram 20 mil.<\/p>\n

A expans\u00e3o do PCC e sua hegemonia no tr\u00e1fico de drogas em todos os estados da federa\u00e7\u00e3o causaram uma guerra com outras fac\u00e7\u00f5es criminosas nas ruas e nas pris\u00f5es.<\/p>\n

Os conflitos geraram centenas de mortos em pres\u00eddios do Norte e Nordeste e tamb\u00e9m em assassinatos em v\u00e1rias capitais dessas regi\u00f5es.<\/p>\n

Maior organiza\u00e7\u00e3o criminosa do Brasil<\/p>\n

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\u00a0Especialistas em crime organizado afirmam que o PCC \u00e9, sem d\u00favida, a maior organiza\u00e7\u00e3o criminosa do Brasil. A organiza\u00e7\u00e3o \u00e9 considerada uma pr\u00e9-m\u00e1fia, pois ainda n\u00e3o lava dinheiro no Exterior, como fazem os grandes grupos mafiosos.<\/div>\n<\/div>\n

O PCC j\u00e1 tem ramifica\u00e7\u00f5es no Paraguai, Bol\u00edvia, Col\u00f4mbia e Peru. N\u00fameros do Minist\u00e9rio P\u00fablico do Estado de S\u00e3o Paulo apontam que\u00a0o grupo criminoso fatura R$ 400 milh\u00f5es por ano com o tr\u00e1fico de drogas. O faturamento anual do PCC \u00e9 comparado ao lucro de empresas multinacionais.<\/p>\n

Estudiosos na \u00e1rea de seguran\u00e7a p\u00fablica acreditam que o PCC n\u00e3o \u00e9 mais uma fac\u00e7\u00e3o criminosa e sim um dos maiores cart\u00e9is de droga da Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n

\u201cSintonia das gravatas\u201d<\/p>\n

Para defender seus interesses junto ao Poder Judici\u00e1rio, o PCC havia criado uma outra c\u00e9lula, considerada muito importante para os seus l\u00edderes, denominada \u201csintonia dos gravatas\u201d. A \u201csintonia dos gravatas\u201d era o bra\u00e7o jur\u00eddico do PCC. Esse setor era formado por ao menos 40 advogados.<\/p>\n

Os advogados recebiam milh\u00f5es de reais por m\u00eas para defender os l\u00edderes do PCC em processos tanto em S\u00e3o Paulo quanto fora do estado. Os defensores, segundo o Gaeco, n\u00e3o exerciam a advocacia e agiam como pombos-correios, levando e trazendo recados para os chefes da organiza\u00e7\u00e3o dentro e fora dos pres\u00eddios.<\/p>\n

Um casal de advogados contratados pela fac\u00e7\u00e3o chegou inclusive a se infiltrar no Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). O objetivo era divulgar falsas not\u00edcias de viola\u00e7\u00f5es dos direitos humanos no sistema prisional de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

Em novembro de 2016, o Gaeco de Presidente Venceslau deflagrou a Opera\u00e7\u00e3o Ethos. Os advogados da \u201csintonia dos gravatas\u201d foram presos e acabaram condenados.<\/p>\n

O Gaeco paulista n\u00e3o sabe se os atentados em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte v\u00e3o ter continuidade esta semana. Promotores de Justi\u00e7a do Gaeco garantem, no entanto, que nos pr\u00f3ximos dias ir\u00e3o deflagrar uma opera\u00e7\u00e3o para coibir as a\u00e7\u00f5es da c\u00e9lula \u201cresumo dos estados\u201d, assim como fizeram com a \u201csintonia dos gravatas\u201d.<\/p>\n

Ecos de 2006<\/p>\n

O PCC agiu do mesmo modo e paralisou o estado de S\u00e3o Paulo em maio de 2006, quando incendiou dezenas de coletivos, metralhou f\u00f3runs, delegacias e postos policiais e matou ao menos 47 agentes p\u00fablicos.<\/p>\n

Ao mesmo tempo, integrantes da fac\u00e7\u00e3o se rebelaram em 74 dos 105 pres\u00eddios de regime fechado no estado. Os atentados foram praticados em repres\u00e1lia ao isolamento de 765 presidi\u00e1rios da fac\u00e7\u00e3o na Penitenci\u00e1ria 2 de Presidente Venceslau.<\/p>\n

Os ataques s\u00f3 cessaram porque o governo estadual mandou, em avi\u00e3o fretado, uma equipe de policiais at\u00e9 o pres\u00eddio de Presidente Bernardes, cidade vizinha a Presidente Venceslau, para negociar com a lideran\u00e7a do PCC o fim dos atentados em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

Em 2012, homens ligados ao PCC voltaram a impor o terror no estado de S\u00e3o Paulo e mataram ao menos 106 policiais militares. E isso porque integrantes da fac\u00e7\u00e3o foram mortos por PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da corpora\u00e7\u00e3o, em supostos casos de tiroteios.<\/p>\n

Ainda segundo o Gaeco, o PCC costuma impor onda de terror sempre que presos s\u00e3o agredidos nas cadeias; quando seus l\u00edderes s\u00e3o colocados em castigo, no isolamento; ou quando seus homens s\u00e3o assassinados por policiais nas ruas.<\/p>\n

Em 31 de agosto de 1993, o PCC foi criado na Casa de Cust\u00f3dia e Tratamento de Taubat\u00e9, no Vale do Para\u00edba, interior de S\u00e3o Paulo. Seus fundadores alegaram que criaram a fac\u00e7\u00e3o para lutar contra a opress\u00e3o e maus-tratos, como o Massacre do Carandiru, em 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos pela Pol\u00edcia Militar durante rebeli\u00e3o. A carnificina teve repercuss\u00e3o mundial. Com informa\u00e7\u00f5es Gazeta do Povo<\/p>\n

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Agress\u00f5es a presos na Penitenci\u00e1ria de Alca\u00e7uz, no Rio Grande do Norte, e em pres\u00eddios de Minas Gerais desencadearam uma s\u00e9rie de ataques a \u00f4nibus, pr\u00e9dios p\u00fablicos e a agentes de seguran\u00e7a nos dois estados nos \u00faltimos dias. 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