Um grupo de 10 presidi\u00e1rios e um ex-detento se formaram na tarde de ontem no curso Tecn\u00f3logo em Log\u00edstica no complexo penitenci\u00e1rio da Canhanduba. Pela primeira vez em Santa Catarina, presos se formaram no ensino superior em curso pago por eles mesmos atrav\u00e9s do trabalho na penitenci\u00e1ria.
\nOrgulhosos, os detentos receberam o diplomas diante de representantes do Governo do Estado, do poder Judici\u00e1rio e de familiares.
\nO projeto come\u00e7ou h\u00e1 cerca de dois anos e o curso a dist\u00e2ncia foi oferecido pela institui\u00e7\u00e3o Unigran, representada em Itaja\u00ed pela Aupex. Os presidi\u00e1rios estudavam on line e a cada 21 dias, num domingo de manh\u00e3, faziam a prova presencial no pr\u00e9dio da institui\u00e7\u00e3o de ensino.
\nDa turma inicial de 18, 15 conclu\u00edram o curso. Cinco j\u00e1 est\u00e3o fora das paredes da Canhanduba. Mas, um deles, j\u00e1 empregado, fez quest\u00e3o de ontem voltar \u00e0 penitenci\u00e1ria para se formar com os colegas de turma.<\/p>\n

Douglas Waltrick, 35, estava terminando o curso de Tecnologia em Processos Gerenciais quando foi preso. Passou cinco anos na cadeia, at\u00e9 sair em 5 de julho. Quatro dias depois come\u00e7ou a trabalhar no setor administrativo de uma empresa de log\u00edstica. \u201cEsse diploma \u00e9 uma conquista. O estudo \u00e9 fundamental pra qualquer pessoa. Quando a gente olha pra frente, o tempo n\u00e3o para. Mas o tempo aqui, se olhar pra tr\u00e1s, n\u00e3o passa e usei isso pra focar nos estudos\u201d, explica. Agora, al\u00e9m de trabalhar, ele quer voltar e concluir o curso interrompido no passado.
\nBruno Rodrigo Schweder, 34, j\u00e1 cumpre quatro anos e quatro meses de pris\u00e3o e agora vai pro regime semiaberto. Pra ele, a formatura representa um recome\u00e7o. \u201c\u00c9 uma inje\u00e7\u00e3o de \u00e2nimo e uma oportunidade de mudar a dire\u00e7\u00e3o da minha vida\u201d, diz.
\nNo discurso da cerim\u00f4nia de formatura, feito por Douglas, os detentos afirmam esperar encontrar um mercado de trabalho com menos preconceitos, sugerindo a cria\u00e7\u00e3o de incentivos fiscais aos empregadores que toparem dar uma chance a quem est\u00e1 recome\u00e7ando.
\nAtualmente, 31% dos detentos trabalham e 26% estudam em Santa Catarina. Desde 2011, a secretaria de Justi\u00e7a e Cidadania formou 3,8 mil apenados em cursos profissionalizantes e 5,4 mil em educa\u00e7\u00e3o formal (ensino m\u00e9dio e fundamental), ofertados por meio de conv\u00eanios.
\n\u201cIsso prova que a atividade educacional, atividade laboral, espa\u00e7o e oportunidades s\u00e3o o caminho certo. N\u00e3o \u00e9 o caminho f\u00e1cil, mas \u00e9 o correto\u201d, avalia o secret\u00e1rio de Estado de Justi\u00e7a e Cidadania, Leandro Lima.<\/p>\n

Por Paulo Roberto<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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