Uma\u00a0mulher de 39 anos\u00a0foi\u00a0condenada, no\u00a0Tocantins, a\u00a06 anos de pris\u00e3o\u00a0em regime semiaberto por homic\u00eddio simples contra um\u00a0homem que a assediou. A Justi\u00e7a n\u00e3o decretou a pris\u00e3o cautelar da mulher, que vai apelar da senten\u00e7a em liberdade.A mulher afirmou ao Tribunal do J\u00fari, em 7 de agosto deste ano, que houve um acidente. Os jurados \u2013 seis mulheres -, por 4 votos a 3, consideraram a auxiliar administrativo culpada por matar seu colega de trabalho, um soldador, com uma faca tipo peixeira. \u201cFoi um acidente\u201d, afirmou aos jurados.<\/p>\n

A auxiliar administrativo relatou que foi encurralada pelo colega de trabalho ap\u00f3s uma discuss\u00e3o.<\/p>\n

\u201cEle torceu meu bra\u00e7o e eu recuei. Eu n\u00e3o queria que ele me tocasse, eu fiquei com muito medo de ele me violentar, que seria pior. O que seria pior: ser violentada ou estar aqui hoje? Eu n\u00e3o sei dizer para voc\u00eas\u201d, afirmou. \u201cA faca estava l\u00e1. Eu n\u00e3o levei faca de casa, eu n\u00e3o premeditei nada.\u201d<\/p>\n

O homic\u00eddio ocorreu em 17 de abril de 2012, por volta das 16 horas, em uma empresa de minera\u00e7\u00e3o, no munic\u00edpio de Porto Nacional, regi\u00e3o metropolitana de Palmas. A mulher foi denunciada em 24 de agosto daquele ano pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico do Estado.<\/p>\n

\u201cA v\u00edtima dirigiu-se at\u00e9 o refeit\u00f3rio\/cozinha do local pedindo para o nacional V.P. de A. contribui\u00e7\u00e3o para comprar lanche\/merenda, momento em que este se deslocou para pegar a quantia de R$ 2 em sua carteira\u201d, relatou o promotor Abel Andrade Leal J\u00fanior na acusa\u00e7\u00e3o de tr\u00eas p\u00e1ginas.<\/p>\n

A den\u00fancia narrou que o soldador, ent\u00e3o com 20 anos, tamb\u00e9m pediu \u00e0 mulher uma contribui\u00e7\u00e3o para a vaquinha. Segundo a acusa\u00e7\u00e3o, a mulher pediu \u201cpara que a v\u00edtima n\u00e3o conversasse com ela\u201d.<\/p>\n

\u201cA v\u00edtima insistiu. Ambos come\u00e7aram a discutir, momento em que a denunciada apoderou-se de uma faca, tipo peixeira, desferindo um golpe na v\u00edtima\u201d, afirmou Abel Andrade Leal J\u00fanior. \u201cRelatam os autos que denunciada e v\u00edtima discutiram anteriormente pelo mesmo motivo, uma vez que a v\u00edtima havia falado, em tom de brincadeira, que a denunciada iria contribuir com o \u2018rabo da vaca\u2019 para a vaquinha da merenda, fato este que desagradou a denunciada.\u201d<\/p>\n

No dia do julgamento, um funcion\u00e1rio da empresa tamb\u00e9m foi ouvido pelos jurados. A testemunha V.P.de A. declarou que, no dia do homic\u00eddio, o soldador estava \u201cpegando no p\u00e9\u201d da mulher. Segundo a testemunha, a \u201cbrincadeira\u2019 era uma \u2018humilha\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n

\u201cIsso a\u00ed eu cheguei a ouvir\u201d, contou. \u201cUmas brincadeiras desfazendo, de mau gosto, no meu ponto de vista. L\u00e1 s\u00f3 existia ela de mulher, resto tudo era homem. N\u00e3o sei quantos, tinha muito homem l\u00e1. Tava brincando no p\u00e9 dela, eu vi que ela n\u00e3o estava gostando.\u201d<\/p>\n

O funcion\u00e1rio relatou que o soldador lhe pediu dinheiro para a vaquinha. Logo depois, disse V.P de A., a mulher chegou. \u201cEle passou a puxar assunto com ela. Ela disse que se ele tivesse vergonha, ele n\u00e3o conversava com ela mais (por causa das discuss\u00f5es anteriores). O que aconteceu foi que os dois come\u00e7aram a discutir. Conversa vem, conversa vem, eles discutindo ali. Foi de repente\u201d, afirmou.<\/p>\n

Segundo a testemunha, o soldador ficou \u201conde estava\u201d no momento em que a mulher estava com a faca. V.P. de A. afirmou que viu uma facada, que estava \u201cpertinho\u201d. \u201cEle s\u00f3 fez duvidar, ele achou que ela n\u00e3o tinha coragem. Ficou parado\u201d, disse. \u201cFoi rapidinho, ela pegou a faca e furou ele.\u201d<\/p>\n

Em 21 de junho de 2012, a Pol\u00edcia foi \u00e0 empresa de minera\u00e7\u00e3o fazer uma reprodu\u00e7\u00e3o simulada do caso. Na conclus\u00e3o do relat\u00f3rio, os peritos anotaram que estavam \u201cimpossibilitados de determinar a din\u00e2mica dos fatos\u201d. Os investigadores admitiram \u201csomente que o relato da testemunha V.P de A. \u00e9 a que mais se aproxima da verdade dos fatos\u201d.<\/p>\n

O laudo pericial apontou que a vers\u00e3o da testemunha V.P. de A. \u201cera veross\u00edmil \u2018visto que encontra-se em compatibilidade com a ferida p\u00e9rfuro-cortante descrita no conte\u00fado do laudo de exame cadav\u00e9rico no corpo da v\u00edtima\u201d.<\/p>\n

\u201cA aus\u00eancia da indiciada para a realiza\u00e7\u00e3o dos trabalhos periciais impossibilitou que os signat\u00e1rios fizessem um confronto das vers\u00f5es fornecendo assim, mais elementos materiais que pudessem corroborar com a elucida\u00e7\u00e3o dos fatos\u201d, informou o laudo.<\/p>\n

Fonte: Banda B<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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