O Brasil est\u00e1 aberto a participar da nova Rota da Seda, como vem sendo chamado o megaprojeto de infraestrutura implementado pelo governo chin\u00eas, no qual j\u00e1 foram investidos cerca de US$ 200 bilh\u00f5es. \u00c9 o que disse neste domingo o vice-presidente Hamilton Mour\u00e3o, horas depois de desembarcar na China para reabrir o canal de coopera\u00e7\u00e3o entre os dois pa\u00edses.<\/p>\n

Anunciada em 2013, a Iniciativa do Cintur\u00e3o e Rota, em seu nome oficial, \u00e9 considerada o mais ambicioso programa de infraestrutura, com estimativa de chegar a US$ 1 trilh\u00e3o em investimentos ao longo da pr\u00f3xima d\u00e9cada.<\/p>\n

Segundo o governo chin\u00eas, 115 pa\u00edses j\u00e1 assinaram acordos para participar do projeto, destinado originalmente a promover rotas comercias entre \u00c0sia, \u00c1frica e Europa, com investimentos em obras de infraestrutura como portos e\u00a0 ferrovias. A Am\u00e9rica Latina tamb\u00e9m entrou na mira: segundo o governo chin\u00eas 19 pa\u00edses da regi\u00e3o tamb\u00e9m aderiram \u00e0 iniciativa, sendo Peru o mais recente.<\/p>\n

– \u00c9 \u00f3bvio que n\u00f3s acompanhamos com expectativa o que vem a ser isso, e estamos abertos a propostas de investimentos em infraestrutura, que \u00e9 o que nos interessa – disse o vice-presidente em Pequim.<\/p>\n

A iniciativa \u00e9 vista com desconfian\u00e7a por v\u00e1rios pa\u00edses, principalmente os EUA. A expans\u00e3o para a Am\u00e9rica Latina tende a aumentar, em Washington,\u00a0 a vis\u00e3o de que o programa econ\u00f4mico \u00e9 apenas um ve\u00edculo para ampliar o peso geopol\u00edtico de Pequim.<\/p>\n

Embora seja considerado inevit\u00e1vel que o projeto seja discutido com Mour\u00e3o em seus encontros com membros do governo chin\u00eas, incluindo o presidente Xi Jinping, n\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o de que seja assinado um acordo durante sua visita ao pa\u00eds.<\/p>\n

A vinda do vice-presidente \u00e0 China representa uma retomada das rela\u00e7\u00f5es bilaterais, depois de uma campanha eleitoral marcada por cr\u00edticas de Jair Bolsonaro \u00e0 crescente presen\u00e7a do pa\u00eds asi\u00e1tico na economia brasileira. Em um de seus ataques mais duros, o ent\u00e3o presidenci\u00e1vel disse que a China estava \u201ccomprando o Brasil\u201d.<\/p>\n

Mour\u00e3o chega \u00e0 China para retomar a Comiss\u00e3o Sino-Brasileira de Alto n\u00edvel de Concerta\u00e7\u00e3o (Cosban), principal mecanismo permanente de di\u00e1logo entre os dois pa\u00edses, cuja reuni\u00e3o ocorrer\u00e1 no pr\u00f3ximo dia 23, em Pequim. De acordo com Mour\u00e3o, o objetivo \u00e9 \u201cnormalizar\u201d a rela\u00e7\u00e3o entre os dois pa\u00edses e preparar uma visita de Bolsonaro ao pa\u00eds asi\u00e1tico.<\/p>\n

– Desde o final do ano passado, depois que n\u00f3s fomos eleitos, o presidente tinha me orientado a retomar o mecanismo da Cosban, que estava parado havia quatro anos, como uma primeira fase preparat\u00f3ria para a visita que ele faria aqui na China. Eu estou trazendo uma carta pessoal dele para o presidente Xi Jinping. Estamos com propostas para a renova\u00e7\u00e3o da Cosban, para que ela seja mais eficiente, para que d\u00ea uma normalizada no relacionamento que n\u00f3s temos – disse.<\/p>\n

Mour\u00e3o chega a Pequim em meio \u00e0 guerra comercial entre Estados Unidos e China, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, e a preocupa\u00e7\u00f5es de que esta cause s\u00e9rios danos para a economia mundial. Para o vice-presidente, n\u00e3o cabe ao Brasil escolher um dos lados.<\/p>\n

– O Brasil se coloca numa posi\u00e7\u00e3o equidistante, n\u00f3s temos de estar num dispositivo de expectativa em rela\u00e7\u00e3o a isso, at\u00e9 naquilo que n\u00f3s pudermos fazer para minorar isso a\u00ed, porque essa guerra n\u00e3o ser\u00e1 boa para o mundo como um todo. O mundo hoje depende muito da China como um motor da economia mundial – disse Mour\u00e3o.<\/p>\n

H\u00e1 dez anos, a China superou os EUA e tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o com\u00e9rcio bilateral chegou a US$ 98,9 bilh\u00f5es, sendo US$ 64,2 bilh\u00f5es em exporta\u00e7\u00f5es e US$ 34,7 bilh\u00f5es em importa\u00e7\u00f5es. Enquanto a grande maioria das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras se resume a mat\u00e9rias-primas, como soja, min\u00e9rio de ferro e combust\u00edveis, a China vende ao brasil principalmente produtos manufaturados.<\/p>\n

FONTE: O GLOBO<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O Brasil est\u00e1 aberto a participar da nova Rota da Seda, como vem sendo chamado o megaprojeto de infraestrutura implementado pelo governo chin\u00eas, no qual j\u00e1 foram investidos cerca de US$ 200 bilh\u00f5es. \u00c9 o que disse neste domingo o vice-presidente Hamilton Mour\u00e3o, horas depois de desembarcar na China para reabrir o canal de coopera\u00e7\u00e3o […]<\/p>\n","protected":false},"author":24,"featured_media":149549,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n