Professor da UFSC, \u00e9 graduado e mestre em Contabilidade, com Doutorado em Engenharia de Produ\u00e7\u00e3o, na \u00e1rea de Intelig\u00eancia Organizacional. Foi membro titular do Conselho Deliberativo da Funda\u00e7\u00e3o ELOS de Previd\u00eancia Complementar. <\/em><\/p>\n

Marcelo Dutra est\u00e1 h\u00e1 pouco mais de um m\u00eas na presid\u00eancia do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que abrange os tr\u00eas estados do Sul \u2013 Santa Catarina, Paran\u00e1 e Rio Grande do Sul \u2013 e ainda o Mato Grosso do Sul. Ele fez parte do governo de transi\u00e7\u00e3o depois da elei\u00e7\u00e3o do governador Carlos Mois\u00e9s da Silva e hoje comanda uma estrutura que conta com 463 e \u00e9 respons\u00e1vel por um Ativo total de R$ 17,3 bilh\u00f5es, dos quais R$ 13,5 bilh\u00f5es est\u00e3o na carteira de clientes.<\/em><\/p>\n

O novo presidente do BRDE disse, em entrevista exclusiva concedida \u00e0 rede ADI-SC, SC Portais, Adjori-SC e RCN Online, que est\u00e1 gostando da experi\u00eancia. \u201cComo sou professor de Contabilidade e Finan\u00e7as, estou vivendo uma realiza\u00e7\u00e3o pessoal muito grande\u201d, observou ao comentar a import\u00e2ncia do BRDE para o Sul do pa\u00eds e a elevada capacidade da equipe t\u00e9cnica. E arrisca:<\/em><\/p>\n

\u00a0<\/em><\/p>\n

\u201cA meta \u00e9 essa. Um aumento significativo sobre o ano passado. Aproximadamente 25% maior.\u201d<\/em><\/strong><\/p>\n

\u00a0<\/em><\/p>\n

\u00a0<\/em><\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

ADI-SC\/Adjori-SC – O senhor assumiu a presid\u00eancia do BRDE h\u00e1 pouco tempo. Quais foram as primeiras a\u00e7\u00f5es nesse per\u00edodo?<\/strong><\/p>\n

Marcelo Haendchen Dutra –<\/strong> Estou \u00e0 frente do banco faz pouco mais de 30 dias. Sempre quando algu\u00e9m da \u00e1rea administrativa assume uma posi\u00e7\u00e3o assim, a primeira coisa a fazer \u00e9 um levantamento. Nesse per\u00edodo, bastante ajudado pela equipe, tentei focar na realidade operacional e na realidade estrutural. L\u00f3gico que eu j\u00e1 tinha bastante informa\u00e7\u00e3o e conhecimento do que o BRDE representa, mas, principalmente, tentei buscar entender \u00e9 onde estavam os principais entraves de oportunidade para avan\u00e7ar ainda mais com essa institui\u00e7\u00e3o que \u00e9 fant\u00e1stica.<\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Quais s\u00e3o os entraves?<\/strong><\/p>\n

Dutra –<\/strong> Vou falar basicamente de duas grandes situa\u00e7\u00f5es que, na verdade, resulta do mercado. Um entrave administrativo em que h\u00e1 bastante espa\u00e7o para evoluirmos \u00e9 ganho de efici\u00eancia. Ou seja, a implanta\u00e7\u00e3o efetiva da gest\u00e3o por resultado. Temos discutido bastante nas reuni\u00f5es de Diretoria a melhoria dos processos e a melhoria dos sistemas para que o BRDE ganhe em escala alguns aspectos. A melhoria dos processos e dos sistemas nos permite agilidade na aprova\u00e7\u00e3o de cr\u00e9dito, por exemplo. Vai ser mais r\u00e1pido para aprovar e conceder o cr\u00e9dito. Outra situa\u00e7\u00e3o administrativa est\u00e1 no fato de que as institui\u00e7\u00f5es financeiras, nacionais e internacionais, t\u00eam apostado bastante em gest\u00e3o de risco, de compliance<\/em>, os governos estaduais assumindo compromisso com a integridade. Estamos tentando refor\u00e7ar isso no banco, deixar o BRDE mais forte institucionalmente. E do ponto de vista operacional, estamos empenhados na prioriza\u00e7\u00e3o de segmentos, o que tem a ver com os fundings<\/em>, com os fundos que vamos buscar. Temos aqui dois fundos com os quais j\u00e1 trabalhamos, mas agora estamos tentando ir mais forte em cima do que tem a ver, por exemplo, com o agroneg\u00f3cio. Quando voc\u00ea tem um fundo mais vi\u00e1vel, viabiliza melhor a cadeia produtiva. E tamb\u00e9m o apoio aos governos municipais para melhorar a gest\u00e3o p\u00fablica, torn\u00e1-la mais eficiente.<\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Como isso deve acontecer?<\/strong><\/p>\n

Dutra – <\/strong>Al\u00e9m de ser uma institui\u00e7\u00e3o de fomento de cr\u00e9dito, o BRDE presta alguns tipos de servi\u00e7o. E n\u00f3s vemos no ambiente p\u00fablico que algumas coisas n\u00e3o aconteceram por dependerem exclusivamente do ambiente p\u00fablico, ou seja, faltou parceria com um ente privado. O banco tem intelig\u00eancia e disposi\u00e7\u00e3o para auxiliar as prefeituras para que elas possam criar suas parcerias p\u00fablico-privadas, para que elas possam fazer suas concess\u00f5es, medidas que v\u00e3o viabilizar bastante coisa dentro das prefeituras pela necessidade de colocar o ente privado para ajudar a cuidar do ambiente p\u00fablico.<\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Sobre a maior aten\u00e7\u00e3o \u00e0 gest\u00e3o de risco, como isso se daria na pr\u00e1tica?<\/strong><\/p>\n

Dutra \u2013<\/strong> Temos in\u00fameras classifica\u00e7\u00f5es de risco – institucional, de cr\u00e9dito, etc. A quest\u00e3o de risco \u00e9 global. Eu acho que quanto maior a inst\u00e2ncia de discuss\u00e3o desse ambiente, quanto mais forte for a estrutura do banco em atacar todos os riscos, quanto maior for a autonomia dessa \u00e1rea estruturada, mais ela consegue alcan\u00e7ar resultados – menos risco \u00e0 institui\u00e7\u00e3o. E aqui n\u00e3o estou falando de BRDE, mas como princ\u00edpio de gest\u00e3o de risco. Essa \u00e9 a nossa ideia. Buscar uma estrutura ainda mais forte para dar esse subs\u00eddio para quem vive o dia a dia das corpora\u00e7\u00f5es. Para o risco de cr\u00e9dito, vale dizer que o Banco j\u00e1 cumpre v\u00e1rias normas estabelecidas pelo Banco Central. A ideia \u00e9 melhorar as estruturas que avaliam esses riscos e n\u00e3o passar a atender uma ou outra norma. Todas elas j\u00e1 s\u00e3o atendidas. \u00c9 muito importante destacar isso. N\u00f3s temos uma estrutura de supervis\u00e3o de risco de cr\u00e9dito. Mas a gente pode alcan\u00e7ar outros ambientes de risco.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Algumas pesquisas apontam a confian\u00e7a do empres\u00e1rio e do consumidor oscilando abaixo da m\u00e9dia. Como o senhor avalia o cen\u00e1rio de investimento?<\/strong><\/p>\n

Dutra – <\/strong>Vamos pegar o hist\u00f3rico dos \u00faltimos per\u00edodos para tomar como refer\u00eancia. O BRDE tinha uma meta de contrata\u00e7\u00e3o que foi ampliada em 25% para 2019. Por a\u00ed voc\u00ea verifica como a expectativa \u00e9 grande. A meta para 2019 \u00e9 atingir R$ 1 bilh\u00e3o para Santa Catarina. Por qu\u00ea? Porque j\u00e1 no primeiro trimestre \u00e9 percept\u00edvel um acr\u00e9scimo de 4% no volume das contrata\u00e7\u00f5es. Mais do que isso. Tem ainda o aumento gradativo das consultas de viabilidade, que podem ou n\u00e3o virar contratos. \u00c9 l\u00f3gico que, por outro lado, existe a preocupa\u00e7\u00e3o do empres\u00e1rio com o ambiente pol\u00edtico, com aprova\u00e7\u00e3o de reforma. De certa forma, enquanto institui\u00e7\u00e3o financeira, o banco fica amarrado nessa situa\u00e7\u00e3o. N\u00f3s acreditamos que quando essas reformas passarem a coisa vai deslanchar. Mas a demanda j\u00e1 est\u00e1 aquecida, e \u00e9 vis\u00edvel.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Com base em que o senhor afirma isso?<\/strong><\/p>\n

Dutra – <\/strong>Vou citar dois casos: um \u00e9 o agroneg\u00f3cio e outro \u00e9 o setor el\u00e9trico, sobretudo gera\u00e7\u00e3o de energia renov\u00e1vel. S\u00e3o dois pontos que eu coloco com ind\u00edcio de que se quer investir. Havia uma expectativa muito grande por causa do aumento de consultas no final do ano passado. Eram poss\u00edveis investimentos represados durante o per\u00edodo eleitoral.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Esse movimento resultou em mais contrata\u00e7\u00f5es?<\/strong><\/p>\n

Dutra – <\/strong>Em parte. Houve um aumento das contrata\u00e7\u00f5es de fato, mas um pouco aqu\u00e9m do que se esperava. Mas houve um aumento e isso \u00e9 importante registrar porque \u00e9 um bom sinal. Mesmo na inseguran\u00e7a, mesmo no aguardo das reformas, a gente teve um aumento.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Considerando os tr\u00eas estados do Sul, \u00e9 poss\u00edvel ultrapassar a marca de R$ 3 bilh\u00f5es em contrata\u00e7\u00f5es?<\/strong><\/p>\n

Dutra – <\/strong>A meta \u00e9 essa. Um aumento significativo sobre o ano passado, aproximadamente 25% maior.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori – Qual o perfil das contrata\u00e7\u00f5es hoje? Que \u00e1reas est\u00e3o mais ativas?<\/strong><\/p>\n

Dutra –<\/strong> O agroneg\u00f3cio e a quest\u00e3o do setor energ\u00e9tico neste ano t\u00eam sido os carros-chefe. O que \u00e9 poss\u00edvel perceber nos contratos \u00e9 uma expans\u00e3o do investimento e gera\u00e7\u00e3o de novos empregos come\u00e7ando mais forte do que estava nos dois anos anteriores. Nos \u00faltimos dois anos, observamos investimento voltado \u00e0 redu\u00e7\u00e3o de custo, de despesa operacional. Vou te dar um exemplo. N\u00f3s temos um fundo, que \u00e9 o Fundo do Turismo, que comporta situa\u00e7\u00f5es de investimento, com consequente gera\u00e7\u00e3o de empregos e tudo mais. E estamos correndo atr\u00e1s de aumentar o funding<\/em> porque o pessoal quer mais. E isso \u00e9 basicamente para investimento em novos hot\u00e9is ou em expans\u00e3o de empreendimentos j\u00e1 consolidados.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

ADI\/Adjori \u2013 E na divis\u00e3o entre os segmentos p\u00fablico e privado?<\/strong><\/p>\n

Dutra \u2013 <\/strong>N\u00f3s tivemos uma reuni\u00e3o dos acionistas do Codesul (na ter\u00e7a-feira, 11 – Conselho de Desenvolvimento e Integra\u00e7\u00e3o Sul), que s\u00e3o os governadores de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paran\u00e1 e Mato Grosso do Sul. Em um dado que mostrei a eles \u00e9 a quest\u00e3o dos R$ 13,5 bilh\u00f5es que temos na nossa carteira de cr\u00e9dito. E demonstrei como isso est\u00e1 distribu\u00eddo. Quando se analisa essa distribui\u00e7\u00e3o se percebe como o BRDE funciona como veias. Tomando os dados fechados de 2018, temos a agropecu\u00e1ria ocupando R$ 4,5 bilh\u00f5es; outros R$ 3,2 bilh\u00f5es na ind\u00fastria; R$ 2,7 bilh\u00f5es em infraestrutura; R$ 2 bilh\u00f5es no com\u00e9rcio e quase R$ 800 milh\u00f5es no servi\u00e7o. Uma distribui\u00e7\u00e3o bem segmentada. Mas, no setor p\u00fablico, temos cr\u00e9ditos em volume inferior a R$ 300 milh\u00f5es. Portanto, \u00e9 um ambiente em que podemos aumentar nossa presen\u00e7a, explorar com mais afinco.<\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

ADI\/Adjori \u2013 Por que essa diferen\u00e7a t\u00e3o grande?<\/strong><\/p>\n

Dutra \u2013 <\/strong>O BRDE ficou sem financiar o setor p\u00fablico municipal durante muitos anos. E retomou em 2015. A partir de ent\u00e3o, o banco vem buscando novas fontes de recursos para financiar o setor p\u00fablico. O pr\u00f3prio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ\u00f4mico e Social), que era nosso maior fornecedor do funding <\/em>n\u00e3o tinha muitas linhas para o setor p\u00fablico. Com essa volta, o banco passou a ser agente financeiro do FGTS e tamb\u00e9m do Minist\u00e9rio das Cidades para o Programa Avan\u00e7ar Cidades. Mesmo o nosso mercado sendo restrito \u00e0 regi\u00e3o Sul do Brasil, o BRDE \u00e9 o maior repassador de recursos desse programa federal. Acreditamos que a evolu\u00e7\u00e3o dessa participa\u00e7\u00e3o \u00e9 gradativa, mas n\u00e3o demorada.<\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

ADI\/Adjori \u2013 Como assim?<\/strong><\/p>\n

Dutra \u2013 <\/strong>H\u00e1 cerca de uma semana, foi aprovado pela Cofiex (Comiss\u00e3o de Financiamentos Externos) a capta\u00e7\u00e3o de 175 milh\u00f5es de d\u00f3lares com o Banco Mundial para investimento em projetos de prefeitura que ser\u00e3o aplicados para corrigir situa\u00e7\u00f5es de resili\u00eancia urbana, como a\u00e7\u00f5es de preven\u00e7\u00e3o a desastres naturais. O Minist\u00e9rio da Economia autorizou o banco a captar esses recursos internacionais para fazer os repasses. \u00c9 uma oportunidade que o BRDE j\u00e1 vinha construindo ao longo do tempo. \u00c9 bom explicar que quando falamos em poder p\u00fablico deixamos de fora os estados acionistas. O banco n\u00e3o pode financiar seus acionistas. Cada fonte de fundos nos d\u00e1 uma nota, de onde v\u00eam as possibilidades. Ent\u00e3o, do fundo BNDES, a cada R$ 1,00 sobre o Patrim\u00f4nio L\u00edquido o BRDE pode investir cinco vezes mais. Com o fundo Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), isso passa para 6,5 vezes. Cada um analisa nosso patrim\u00f4nio e define nossa capacidade de investimento. Por isso o banco conseguiria alavancar mais recursos do que seu pr\u00f3prio patrim\u00f4nio. Existe espa\u00e7o para crescer mais, mas n\u00e3o absurdamente mais, sem que essas notas aumentem. A t\u00edtulo de exemplo, uma vez que o Estado do Rio Grande do Sul, que \u00e9 um dos nossos acionistas, comece a melhorar um pouco nas suas finan\u00e7as, pode ser que eles avaliem o BRDE com um risco menor.<\/p>\n

 <\/p>\n

Entrevista: Murici Balbinot\/Adjori-SC<\/p>\n

Edi\u00e7\u00e3o e diagrama\u00e7\u00e3o: Andr\u00e9a Leonora\/ADI-SC<\/p>\n

Fotos: Ascom BRDE<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Professor da UFSC, \u00e9 graduado e mestre em Contabilidade, com Doutorado em Engenharia de Produ\u00e7\u00e3o, na \u00e1rea de Intelig\u00eancia Organizacional. Foi membro titular do Conselho Deliberativo da Funda\u00e7\u00e3o ELOS de Previd\u00eancia Complementar. Marcelo Dutra est\u00e1 h\u00e1 pouco mais de um m\u00eas na presid\u00eancia do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que abrange os […]<\/p>\n","protected":false},"author":24,"featured_media":150614,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[8],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n