Depois de 37 horas de voo, com quatro paradas, desembarcaram no in\u00edcio da manh\u00e3 deste domingo em An\u00e1polis, Goi\u00e1s, os dois avi\u00f5es que transportaram o grupo com 58 brasileiros e seus familiares que foram repatriados de Wuhan, na China, o epicentro da epidemia de coronav\u00edrus. Nessa rela\u00e7\u00e3o, est\u00e3o 34 pessoas que viviam em territ\u00f3rio chin\u00eas e 24 tripulantes que partiram em duas aeronaves da For\u00e7a A\u00e9rea Brasileira (FAB) na \u00faltima quarta-feira de Bras\u00edlia para a China. Conforme o Minist\u00e9rio da Defesa, at\u00e9 o in\u00edcio da manh\u00e3 deste domingo, todos estavam assintom\u00e1ticos e apresentavam bom estado de sa\u00fade. As duas aeronaves pousaram na base a\u00e9rea militar \u00e0s 6h06 e \u00e0s 6h12 (hor\u00e1rio de Bras\u00edlia), ap\u00f3s uma escala para reabastecimento em Fortaleza (Cear\u00e1).<\/p>\n

A programa\u00e7\u00e3o inicial \u00e9 que fiquem at\u00e9 o dia 26 de fevereiro isolados no hotel de tr\u00e2nsito da Aeron\u00e1utica, uma \u00e1rea dentro da pr\u00f3pria base a\u00e9rea preparada para que eles permane\u00e7am em quarentena. Representantes dos \u00f3rg\u00e3os que participaram do resgate consideram a opera\u00e7\u00e3o um sucesso. \u201cTodos os passageiros est\u00e3o muito bem de sa\u00fade, est\u00e3o assintom\u00e1ticos\u201d, afirmou o general Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, secret\u00e1rio de Pessoal, Ensino, Sa\u00fade e Desporto do Minist\u00e9rio da Defesa.<\/p>\n

Ao desembarcarem na manh\u00e3 chuvosa e fria de An\u00e1polis (fazia 18\u00baC), os passageiros deixaram as aeronaves de m\u00e1scaras e caminharam em dire\u00e7\u00e3o a dois \u00f4nibus. Duas pessoas acenaram para os jornalistas e balan\u00e7aram uma bandeira do Brasil. Todos ser\u00e3o examinados ao longo do dia.<\/p>\n

Em uma das paradas, entre Wuhan e An\u00e1polis, o diplomata Germano Corr\u00eaa relatou ao EL PA\u00cdS que o grupo estava animado de poder voltar ao Brasil, ap\u00f3s passar por dias tensos no pa\u00eds que j\u00e1 registrou a maioria dos 34.000 casos do novo coronav\u00edrus. \u201c[H\u00e1 um] clima de al\u00edvio, todo mundo muito feliz de estar de volta ao Brasil, sobretudo as crian\u00e7as\u201d, afirmou. No grupo h\u00e1 24 adultos e sete crian\u00e7as que viviam em Wuhan e tr\u00eas diplomatas que foram prestar assist\u00eancia a eles. Corr\u00eaa \u00e9 um dos representantes do Itamaraty nessa viagem.<\/p>\n

O diplomata serve na embaixada do Brasil em Pequim h\u00e1 dois anos e meio. Aceitou participar da opera\u00e7\u00e3o de repatria\u00e7\u00e3o por entender que essa era uma oportunidade in\u00e9dita de ajudar brasileiros que j\u00e1 estavam em uma quarentena for\u00e7ada na China, onde cerca de 60 milh\u00f5es de moradores da prov\u00edncia de Hubei enfrentam restri\u00e7\u00f5es na circula\u00e7\u00e3o devido \u00e0 prolifera\u00e7\u00e3o da doen\u00e7a. Quando decidiu aceitar a miss\u00e3o, Corr\u00eaa informou \u00e0 sua fam\u00edlia e a tranquilizou. \u201cAntes mesmo de eu embarcar para Wuhan, muitos tinham medo da gravidade da epidemia, acredito que por causa da quantidade de not\u00edcias falsas a respeito circulando no Brasil. Esclareci a todos que a doen\u00e7a n\u00e3o \u00e9 muito letal e atinge sobretudo pessoas com sa\u00fade fr\u00e1gil e com idade avan\u00e7ada\u201d, explicou.<\/p>\n

Segundo o diplomata, parte dos 34 moradores de Wuhan manifestou interesse em voltar \u00e0 cidade chinesa depois que a situa\u00e7\u00e3o se normalizar e a epidemia for contida. Um deles deve ser o mestrando em lingu\u00edstica Vitor Neves Siqueira, de 28 anos. Segundo o seu pai, o funcion\u00e1rio p\u00fablico aposentado Jos\u00e9 Siqueira J\u00fanior, Vitor nem queria vir ao Brasil. \u201cPor ele, ficava l\u00e1 esperando a situa\u00e7\u00e3o se normalizar. Veio porque, acredito, a irm\u00e3 o convenceu. Acho que temia que que seus pais pudessem infartar\u201d, afirmou.<\/p>\n

Equipe de apoio aguarda desembarque de brasileiros na Base A\u00e9rea de An\u00e1polis, Goi\u00e1s. Grupo de 34 passageiros foi repatriado de Wuhan, na China por conta da epidemia de coronav\u00edrus.<\/p>\n