A voz de Maria Aparecida Martinez, de 54 anos, se alternava entre a revolta e o choro. M\u00e3e de Gabriel Martinez, de 26 anos, morto com suspeita de Covid-19 no \u00faltimo s\u00e1bado (21), na Tijuca, Zona Norte, ela lamenta que o filho n\u00e3o tenha sido testado antes e tido a chance de receber o tratamento apropriado.<\/p>\n

“D\u00f3i muito n\u00e3o ouvir a chave do meu filho na porta quando ele chega do trabalho. Nem o corpo do meu filho pude ver, o vi durante dois minutos, n\u00e3o pude tocar, nem pude me despedir. S\u00f3 tenho for\u00e7as para conversar com a imprensa porque quero alertar para que as pessoas saibam que o v\u00edrus n\u00e3o mata s\u00f3 os idosos ou as pessoas com doen\u00e7as. Meu filho era saud\u00e1vel, nunca entrou em um centro cir\u00fargico, fez um check-up h\u00e1 um m\u00eas e meio e n\u00e3o deu nada”, conta.<\/p>\n

A m\u00e3e do jovem detalhou a evolu\u00e7\u00e3o do diagn\u00f3stico de Gabriel:<\/strong><\/h4>\n

\n
• No s\u00e1bado (14), o jovem estava bem e n\u00e3o apresentava sintomas<\/li>\n
• No domingo (15), Gabriel reclamou de febre e dor no corpo. “Como todos os meios de comunica\u00e7\u00e3o falam que devemos aguardar, n\u00f3s ficamos monitorando”, conta ela.<\/li>\n
• Na segunda-feira (16), Maria Aparecida come\u00e7ou a ligar para todos os laborat\u00f3rios, buscando comprar o teste para seu filho, mas nenhum tinha o teste dispon\u00edvel.<\/li>\n
• Nos dias que se seguiram, Gabriel seguiu observando os sintomas e fez um tratamento com antigripais. Ele sentia congest\u00e3o nasal, tinha febre e cansa\u00e7o f\u00edsico, mas n\u00e3o sentia falta de ar.<\/li>\n
• Na quarta-feira (18), ele foi cedo para o Hospital Badim, na Tijuca. L\u00e1, realizou exames de sangue e um eletro que detectou uma pequena mancha no pulm\u00e3o. “Como ele estava muito congestionado, achavam que podia ser por isso, acho que n\u00e3o levaram t\u00e3o a s\u00e9rio”, diz.<\/li>\n
• Ainda na quarta-feira (18), ele deixou o hospital, com uma receita de antibi\u00f3tico e depois de ter tomado tr\u00eas bolsas de soro. Ele saiu com uma indica\u00e7\u00e3o para teste de covid-19, mas n\u00e3o conseguiu realizar o teste.<\/li>\n
• Nos pr\u00f3ximos dias, Gabriel seguiu piorando e a febre n\u00e3o cedia.<\/li>\n
• No s\u00e1bado (21), Gabriel voltou para o Badim e realizou um novo exame: “Nesse novo exame, mais da metade do pulm\u00e3o dele j\u00e1 estava manchado”, diz a m\u00e3e.<\/li>\n
• No mesmo s\u00e1bado (21), Gabriel morreu. “Ouvi do m\u00e9dico que realmente n\u00e3o h\u00e1 teste pra todos, que era a determina\u00e7\u00e3o do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade”, diz ela.<\/li>\n<\/ul>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

  A voz de Maria Aparecida Martinez, de 54 anos, se alternava entre a revolta e o choro. M\u00e3e de Gabriel Martinez, de 26 anos, morto com suspeita de Covid-19 no \u00faltimo s\u00e1bado (21), na Tijuca, Zona Norte, ela lamenta que o filho n\u00e3o tenha sido testado antes e tido a chance de receber o tratamento […]<\/p>\n","protected":false},"author":24,"featured_media":160551,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[190],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n