\u201cEstamos muito estressados, sentimos muita cobran\u00e7a e press\u00e3o de todos os lados. O medo \u00e9 ficar doente, levar a doen\u00e7a para a fam\u00edlia\u201d, relata L\u00facia Miranda, enfermeira no Posto de Sa\u00fade localizado no Bairro Ara\u00e7\u00e1, em Porto Belo. A doen\u00e7a citada pela profissional \u00e9 a Covid-19, que h\u00e1 pelo menos 5 meses circula pelo Brasil. Diante de quase 100 mil vidas perdidas pelo v\u00edrus, n\u00e3o resta d\u00favida de que estamos diante de um dos maiores desafios da hist\u00f3ria humana.<\/p>\n

L\u00facia n\u00e3o trabalha diretamente com a Covid-19, mas, de forma indireta, acredita que todos os profissionais de sa\u00fade t\u00eam algum contato ou tiveram a rotina modificada em raz\u00e3o do v\u00edrus. Um exemplo disso foi a mudan\u00e7a nos protocolos de consultas. \u201cParamos de realizar palestras educativas e reuni\u00f5es de grupo com hipertensos, diab\u00e9ticos, gestantes e idosos. Estamos tentando passar o m\u00e1ximo de orienta\u00e7\u00f5es poss\u00edveis via WhatsApp, para que n\u00e3o seja necess\u00e1rio o paciente sair de casa\u201d, explica.<\/p>\n

Em Porto Belo, a solu\u00e7\u00e3o encontrada pelo munic\u00edpio para disponibilizar profissionais para trabalhar exclusivamente com a doen\u00e7a foi o remanejamento, conforme conta a secret\u00e1ria de Sa\u00fade, Jainara Nordio. \u201cRealizamos visitas domiciliares apenas quando \u00e9 imprescind\u00edvel. Ampliamos os hor\u00e1rios de duas Unidades B\u00e1sicas de Sa\u00fade: nos bairros Vila Nova e Jardim Dourado, que est\u00e3o trabalhando das 7h \u00e0s 19h\u201d, revela. Al\u00e9m disso, o munic\u00edpio instalou um centro de triagem anexo ao Pronto Atendimento, localizado no bairro Centro.<\/p>\n

Em Itapema, a estrat\u00e9gia foi um pouco diferente. O secret\u00e1rio de Sa\u00fade, Alexandre Furtado, relata que o munic\u00edpio optou pela contrata\u00e7\u00e3o de mais 10 profissionais da sa\u00fade para manter o servi\u00e7o do Centro de Triagem \u2013 que funciona 24h. Isso possibilitou a n\u00e3o altera\u00e7\u00e3o de outros hor\u00e1rios, como nos postos de sa\u00fade. Outra medida tomada foi a diminui\u00e7\u00e3o da quantidade de consultas com especialistas para 40%. Assim como Porto Belo, Itapema tamb\u00e9m preferiu parar de realizar as visitas domiciliares, a n\u00e3o ser em casos emergenciais.<\/p>\n

Um desses novos funcion\u00e1rios do Centro de Triagem \u00e9 a m\u00e9dica rec\u00e9m formada M., que preferiu n\u00e3o se identificar. Ela relata que a equipe est\u00e1 atendendo em m\u00e9dia 200 pessoas por dia. \u201cA rotina est\u00e1 muito puxada, principalmente nesses \u00faltimos dias em que os n\u00fameros de casos subiram muito\u201d, explica, destacando que o local atende apenas casos classificados como leve a moderado, j\u00e1 que os pacientes com sintomas mais agudos s\u00e3o encaminhados direto ao Hospital Santo Ant\u00f4nio.<\/p>\n

O empres\u00e1rio Ricardo Gebeluca p\u00f4de observar o intenso trabalho dos m\u00e9dicos e enfermeiros durante o per\u00edodo em que esteve internado no Hospital e Cl\u00ednica Cambori\u00fa, na cidade de Cambori\u00fa, tratando-se contra o v\u00edrus. \u201cH\u00e1 uma demanda muito grande desses profissionais. Ouvi relatos de que devido \u00e0 grande demanda e baixa remunera\u00e7\u00e3o, eles est\u00e3o trabalhando em dois ou tr\u00eas lugares, emendando um plant\u00e3o no outro. Est\u00e3o exaustos, precisam de mais reconhecimento pelo trabalho prestado, pois est\u00e3o constantemente em risco\u201d, defende.<\/p>\n

\u201cEstamos cansados. Chegamos em casa direto para a lavanderia, tomando todos os cuidados poss\u00edveis para proteger nossos familiares. Mesmo assim, ainda temos que lidar com pacientes que n\u00e3o aceitam as orienta\u00e7\u00f5es. \u00c0s vezes, n\u00e3o aceitam que devem ficar em isolamento por suspeita de Covid-19 e saem mesmo sabendo que est\u00e3o colocando a vida da popula\u00e7\u00e3o em risco\u201d, desabafa a enfermeira L\u00facia Miranda.<\/p>\n

O t\u00e9cnico em enfermagem Leandro Jo\u00e3o Peixer, de 50 anos, trabalha no SAMU e no Hospital Governador Celso Ramos. Ele relata que em 18 anos trabalhando na \u00e1rea da sa\u00fade, este per\u00edodo est\u00e1 sendo o mais desafiador. \u201cProfissionalmente \u00e9 gratificante, principalmente por poder ajudar em uma crise como esta. Mas \u00e9 dif\u00edcil, mesmo seguindo todos os protocolos e usando todos os equipamentos de prote\u00e7\u00e3o individual, temos que ter toda a aten\u00e7\u00e3o para n\u00e3o abrir brechas para erros e assim evitar a contamina\u00e7\u00e3o\u201d, afirma.<\/p>\n

Segundo Leandro, h\u00e1 cada vez mais solicita\u00e7\u00f5es de atendimento e pacientes, e o medo de adoecer \u00e9 grande, j\u00e1 que a equipe tem um aumento da demanda para cobrir toda vez que um profissional \u00e9 afastado. Para o t\u00e9cnico, a \u00fanica maneira de a popula\u00e7\u00e3o contribuir com o trabalho \u00e1rduo que vem sendo exercido pelos profissionais de sa\u00fade \u00e9 se protegendo: \u201cFique em casa, e se n\u00e3o puder, leve a s\u00e9rio as orienta\u00e7\u00f5es de preven\u00e7\u00e3o: uso correto de m\u00e1scara, higiene e distanciamento social. Ter empatia e respeito pela vida \u00e9 nosso maior patrim\u00f4nio!\u201d.<\/p>\n

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Jornalista: Camila Diel Gomes<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u201cEstamos muito estressados, sentimos muita cobran\u00e7a e press\u00e3o de todos os lados. O medo \u00e9 ficar doente, levar a doen\u00e7a para a fam\u00edlia\u201d, relata L\u00facia Miranda, enfermeira no Posto de Sa\u00fade localizado no Bairro Ara\u00e7\u00e1, em Porto Belo. A doen\u00e7a citada pela profissional \u00e9 a Covid-19, que h\u00e1 pelo menos 5 meses circula pelo Brasil. […]<\/p>\n","protected":false},"author":45,"featured_media":165027,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[190,3,71,72],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n