Com poucos incentivos e barreiras hist\u00f3ricas, as mulheres ainda s\u00e3o uma parcela pequena na disputa pelas prefeituras: representam apenas 13,05% (2.495) dos 19.123 candidatos em todo o Pa\u00eds nas elei\u00e7\u00f5es 2020. O porcentual \u00e9 ainda menor quando se trata de mulheres negras ou pardas – s\u00e3o 857 (4,5%). Homens brancos representam mais da metade (55%) dos candidatos a prefeito, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizados at\u00e9 as 14 horas de ontem.<\/p>\n
Os n\u00fameros deste ano mostram pouco avan\u00e7o em rela\u00e7\u00e3o ao registrado na elei\u00e7\u00e3o de 2016, quando 16.565 candidatos disputaram o cargo, sendo 2.149 mulheres (12,98%), e ainda est\u00e1 abaixo de 2012, quando o \u00edndice foi de 13,3%, com 2.026 candidatas. O prazo para registro de candidaturas para as elei\u00e7\u00f5es de novembro se encerrou no \u00faltimo s\u00e1bado. H\u00e1 informa\u00e7\u00f5es residuais que ser\u00e3o atualizadas ao longo da semana, mas n\u00e3o alteram significativamente os dados.<\/p>\n
Desde 2010, mulheres precisam ser 30% das candidaturas registradas por um partido para os cargos de vereador e deputado, mas a regra n\u00e3o vale para cargos do Executivo. “Isso demonstra a relev\u00e2ncia das cotas. No primeiro caso (prefeituras), como n\u00e3o h\u00e1 cotas, as pr\u00e1ticas hist\u00f3ricas de registro de candidaturas masculinas v\u00e3o sendo reproduzidas a cada elei\u00e7\u00e3o. Por isso temos ainda esse patamar t\u00e3o baixo”, disse a cientista pol\u00edtica da Universidade de Bras\u00edlia (UnB) Flavia Biroli. Para ela, as cotas interrompem a din\u00e2mica hist\u00f3rica de domin\u00e2ncia masculina, abrindo mais espa\u00e7o para as mulheres.<\/p>\n
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Na disputa por vagas nas C\u00e2mara Municipais, a presen\u00e7a de mulheres vem aumentando. Neste ano, s\u00e3o 173.710 (34,37%) do total de 505.461 candidatos, ante 153.313 (33,08%) em 2016 e 134.150 (31,9%) em 2012.<\/p>\n
Estudo feito pelo Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela ONU Mulheres, divulgado na semana passada, mostrou que o Brasil registra baixos \u00edndices de representatividade feminina e de paridade pol\u00edtica entre os sexos na compara\u00e7\u00e3o com os seus vizinhos da Am\u00e9rica Latina. Os poucos mecanismos adotados at\u00e9 hoje no Pa\u00eds para incentivar mais mulheres na pol\u00edtica s\u00e3o considerados insuficientes, pelo estudo. As mulheres, no entanto, s\u00e3o maioria entre os eleitores brasileiros: 52,5%.<\/p>\n
“Para se fazer uma reforma pol\u00edtica que de fato tenha efeitos no sistema eleitoral e de representa\u00e7\u00e3o com vistas a mitigar os efeitos dessa hist\u00f3ria desigual de direitos pol\u00edticos entre os g\u00eaneros, \u00e9 necess\u00e1rio que se discutam os aspectos de funcionamento intrapartid\u00e1rio que, em geral, mant\u00eam-se cristalizados de velhos h\u00e1bitos. A estrutura de poder \u00e9 pouco oxigenada”, disse a cientista pol\u00edtica Ariane Roder, professora no Instituto Coppead de Administra\u00e7\u00e3o da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).<\/p>\n
Nas \u00faltimas elei\u00e7\u00f5es municipais, em 2016, foram eleitas 638 prefeitas, 11,5% do total. O estudo da ONU mostra ainda que apenas 3% dos munic\u00edpios brasileiros t\u00eam prefeitas negras. “A inexist\u00eancia de uma legisla\u00e7\u00e3o que impulsione candidaturas femininas para os cargos do Executivo, cuja ocupa\u00e7\u00e3o \u00e9 determinada por elei\u00e7\u00f5es majorit\u00e1rias, traz um cen\u00e1rio de muita dificuldade para a elei\u00e7\u00e3o de mulheres”, diz o levantamento.<\/p>\n
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A disputa pelos cargos de prefeitos tamb\u00e9m \u00e9 pouco diversificada no quesito ra\u00e7a. Homens brancos (10.473 ou 55%) dominam o cen\u00e1rio, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda debate sobre a validade de pol\u00edticas p\u00fablicas para incentivar candidaturas de pessoas negras. Tr\u00eas ministros j\u00e1 votaram a favor de antecipar para as elei\u00e7\u00f5es de novembro o uso do crit\u00e9rio racial na divis\u00e3o de recursos do Fundo Eleitoral – e do tempo de propaganda gratuita no r\u00e1dio e na televis\u00e3o de cada partido.<\/p>\n
Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia decidido que a reserva de recursos para candidatos negros s\u00f3 valeria a partir das elei\u00e7\u00f5es de 2022, mas uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, antecipou a ado\u00e7\u00e3o das novas regras para este ano. No centro da controv\u00e9rsia, est\u00e3o os R$ 2 bilh\u00f5es do Fundo Eleitoral reservados para o financiamento da campanha de vereadores e prefeitos de todo o Pa\u00eds.<\/p>\n
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Ao menos duas capitais do Pa\u00eds ter\u00e3o apenas candidatos homens na disputa para prefeito nas elei\u00e7\u00f5es de novembro: Manaus (AM) e S\u00e3o Lu\u00eds (MA).<\/p>\n
Na capital do Amazonas, h\u00e1 11 nomes na corrida pelo principal cargo. Quatro deles concorrem ao lado de mulheres como vices.<\/p>\n
Na capital do Maranh\u00e3o, s\u00e3o 12 homens na disputa. Desses, seis t\u00eam mulheres como candidatas a vice em suas chapas.<\/p>\n
A situa\u00e7\u00e3o muda de figura no Rio de Janeiro, onde a disputa pelo Executivo municipal \u00e9 a mais parit\u00e1ria entre as 26 capitais brasileiras. S\u00e3o ao todo seis mulheres na corrida eleitoral, representando 43% do total de candidatos.<\/p>\n
Em S\u00e3o Paulo, Joice Hasselman (PSL), Marina Helou (Rede) e Vera L\u00facia (PSTU) representam 21% do total dos 14 candidatos na disputa pelo comando da capital paulista.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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