O aux\u00edlio emergencial que beneficiou 68 milh\u00f5es de pessoas com R$ 294 bilh\u00f5es no ano passado impediu que o tombo do PIB<\/a> (Produto Interno Brunto) fosse ainda maior. Sob o impacto da pandemia do novo coronav\u00edrus, a soma de todos bens e servi\u00e7os produzidos pelo Brasil desabou 4,1% em 2020, mesmo ap\u00f3s registrar uma retomada no segundo semestre, segundo dados do IBGE divulgados na quarta-feira (3).<\/p>\n

O resultado veio um pouco melhor do que as proje\u00e7\u00f5es que foram realizadas no in\u00edcio da pandemia, que apontavam para uma retra\u00e7\u00e3o de 6,5%. Mas, segundo economistas e analistas, as medidas adotadas para diminuir os efeitos da crise, com destaque para o aux\u00edlio emergencial, deram um impulso adicional.<\/p>\n

A estimativa do economista-chefe da MB Associados, S\u00e9rgio Vale, \u00e9 que o dinheiro repassado pelo governo federal \u00e0s fam\u00edlias de baixa renda e trabalhadores informais teve um impacto de 2,5 pontos percentuais no resultado do PIB de 2020. “Quando a pandemia come\u00e7ou havia uma expectativa muito negativa. Quando vieram os aux\u00edlios e outros programas, foi poss\u00edvel ter uma melhora no resultado do PIB”, afirma.<\/p>\n

O aux\u00edlio emergencial foi criado para diminuir os efeitos da crise causada pelo novo coronav\u00edrus na popula\u00e7\u00e3o de baixa renda e trabalhadores informais. O pagamento come\u00e7ou em abril e terminou em dezembro, com cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300.<\/p>\n

Nesta quinta-feira (4), o Senado abriu caminho para mais uma rodada do benef\u00edcio. Foi aprovada em segunda vota\u00e7\u00e3o a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) Emergencial, que viabiliza a retomada do benef\u00edcio este ano. Agora a proposta passar\u00e1 por duas vota\u00e7\u00f5es na C\u00e2mara e, em seguida, o governo federal enviar\u00e1 uma Medida Provis\u00f3ria com valores e condi\u00e7\u00f5es de pagamento. A previs\u00e3o \u00e9 que sejam quatro parcelas de R$ 250, para 40 milh\u00f5es de pessoas, com limite de R$ 44 bilh\u00f5es.<\/p>\n

Para Vale, o problema agora \u00e9 que o novo aux\u00edlio n\u00e3o ter\u00e1 o mesmo efeito. Com a escalada dos casos de covid-19 em todo o pa\u00eds e a retomada de medidas mais restritivas, segundo ele, o novo benef\u00edcio com valor menor ao pago em 2020 n\u00e3o vai ser suficiente para estimular a economia.<\/p>\n

“O aux\u00edlio e outros programas do governo tiveram um papel importante no ano passado para evitar que a economia ca\u00edsse com mais intensidade. O aux\u00edlio ajudou na recupera\u00e7\u00e3o do ano passado, mas neste ano n\u00e3o ter\u00e1 mais esse efeito”, avalia o economista.<\/p>\n

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Transfer\u00eancia direta<\/h3>\n

Um estudo realizado no ano passado pela Universidade Federal de Pernambuco,<\/a> utilizando o PIB de 2019, mostrava um impacto do aux\u00edlio emergencial na economia de 2,5%. Segundo a pesquisa, por ser transfer\u00eancia direta de recursos, o programa gera efeitos em todos os segmentos econ\u00f4micos, num momento em que v\u00e1rias atividades foram paralisadas em fun\u00e7\u00e3o da pandemia do novo coronav\u00edrus.<\/p>\n

Para um dos respons\u00e1veis pelo trabalho, o economista Ecio Costa, o efeito do benef\u00edcio \u00e9 superior ao constatdo na pesquisa. “Como o PIB encolheu, o peso do aux\u00edlio emergencial \u00e9 ainda maior, porque no estudo anterior usamos o PIB de 2019”, afirma Costa.<\/p>\n

Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos, tamb\u00e9m defende que a retra\u00e7\u00e3o do PIB s\u00f3 n\u00e3o foi maior por causa do aux\u00edlio emergencial. \u201cA retra\u00e7\u00e3o \u00e9 bem menor do que a esperada no in\u00edcio do ano passado. Um dos principais fatores para que n\u00e3o tivesse uma perda t\u00e3o agravante foi o esfor\u00e7o do governo para sustentar a demanda agregada por interm\u00e9dio do aux\u00edlio emergencial.”<\/p>\n

Mas tamb\u00e9m alerta para a quest\u00e3o dos gastos e ajustes ficais. “Apesar do benef\u00edcio \u00e0 economia, ainda \u00e9 necess\u00e1rio maior esfor\u00e7o fiscal para compensar os gastos\u201d, avalia.<\/p>\n

O fato de o aux\u00edlio ter injetado boa parte do valor no com\u00e9rcio, principalmente, em bens n\u00e3o dur\u00e1veis, como alimenta\u00e7\u00e3o e rem\u00e9dios, foi fundamental para a economia. Segundo a Caixa Econ\u00f4mica Federal, somente por meio do aplicativo, o benef\u00edcio movimentou diretamente em lojas e supermercados no ano passado R$ 47,6 bilh\u00f5es.<\/p>\n

“O aux\u00edlio \u00e9 fundamental na verdade para manter as pessoas alimentadas. Por isso, de fato, os n\u00fameros mostram como \u00e9 que o consumo de bens n\u00e3o dur\u00e1veis, como alimenta\u00e7\u00e3o, n\u00e3o caiu, enquanto os demais tipos de consumo da fam\u00edlia ca\u00edram de 6% a 12%”, explica o economista Claudio Considera, pesquisador associado do FGV IBRE.<\/p>\n

A economista-chefe da Tend\u00eancias Consultoria, Alessandra Ribeiro, afirma que o aux\u00edlio foi muito importante, mas houve outros est\u00edmulos. Ela cita tamb\u00e9m a baixa da taxa b\u00e1sica de juros (a Selic, que chegou aos atuais 2,0% ao ano, menor da hist\u00f3ria) e medidas do Banco Central sobre o cr\u00e9dito, o programa de preserva\u00e7\u00e3o de empregos formais e o Pronampe (Programa Nacional de Apoio \u00e0s Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), linha de financiamentos para pequenas empresas com garantia do Tesouro, operada pelo Banco do Brasil.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O aux\u00edlio emergencial que beneficiou 68 milh\u00f5es de pessoas com R$ 294 bilh\u00f5es no ano passado impediu que o tombo do PIB (Produto Interno Brunto) fosse ainda maior. Sob o impacto da pandemia do novo coronav\u00edrus, a soma de todos bens e servi\u00e7os produzidos pelo Brasil desabou 4,1% em 2020, mesmo ap\u00f3s registrar uma retomada […]<\/p>\n","protected":false},"author":45,"featured_media":171410,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n