Pelo menos 163 policiais militares assinaram termos de recusa de vacina\u00e7\u00e3o da Covid-19 em Santa Catarina. Documentos obtidos pela NSC mostram que os termos foram assinados em unidades da Pol\u00edcia Militar de Santa Catarina (PMSC) em 36 cidades (veja abaixo a lista das cidades). Os termos t\u00eam sido assinados desde 9 de abril, quando come\u00e7ou a imuniza\u00e7\u00e3o das for\u00e7as de seguran\u00e7a no estado. Na segunda-feira (31), foram mais sete declara\u00e7\u00f5es.<\/p>\n
Ao todo, segundo a PMSC, 60% do efetivo de aproximadamente 10 mil policiais recebeu pelo menos uma das doses. Em nota, a PMSC informou ao G1 SC que “n\u00e3o obriga e n\u00e3o obrigar\u00e1 nenhum de seus homens e mulheres a receberem a vacina. A decis\u00e3o \u00e9 exclusiva de cada um”.<\/p>\n
Segundo os \u00faltimos n\u00fameros divulgados pelo Governo do estado, a Covid-19 contaminou 2.426 policiais militares catarinenses: \u00e9 cerca de 1 a cada 4 policiais contaminado. Tr\u00eas PMs morreram por complica\u00e7\u00f5es causadas pelo coronav\u00edrus.<\/p>\n
Joinville, no Norte catarinense, \u00e9 a cidade com o maior n\u00famero de declara\u00e7\u00f5es de recusa obtidas pela NSC. Entre 14 e 16 de abril, cerca de 44 policiais dos dois batalh\u00f5es da cidade manifestaram a recusa. A vacina\u00e7\u00e3o desses profissionais come\u00e7ou pela capital e Joinville antes de se expandir para as demais cidades.<\/p>\n
Nos termos de recusa, os policiais escrevem o nome fabricante da vacina que n\u00e3o querem tomar. Alguns especificaram “Coronavac” e outros “Asteazeneca”, por\u00e9m outros escreveram apenas “vacina\u00e7\u00e3o Covid-19”.<\/p>\n
Em uma delas um tenente da PM escreveu “qualquer uma”. Em outro termo de recusa, um oficial escreveu: “tenho d\u00favidas em rela\u00e7\u00e3o a efic\u00e1cia devido instabilidade pol\u00edtica do Brasil (sic)”.<\/p>\n
Para o professor titular da Funda\u00e7\u00e3o Get\u00falio Vargas (FGV) e membro do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica, Rafael Alcadipani, esses agentes n\u00e3o deveriam entrar em contato com a popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
“A fun\u00e7\u00e3o do estado \u00e9 zelar pela sa\u00fade das pessoas, o estado n\u00e3o pode mandar um agente que pode estar com Covid. \u00c9 muito importante lembrar que muitos policiais passaram na frente de outros grupos priorit\u00e1rios”, explica.<\/p>\n
A PM n\u00e3o informou se os oficiais que se recusaram a receber o imunizante poder\u00e3o sofrer penalidades.<\/p>\n
“Desde que as for\u00e7as de seguran\u00e7a foram inclu\u00eddas para recebimento da vacina contra a COVID-19, a Pol\u00edcia Militar de Santa Catarina vem ofertando, oportunizando, conscientizando e facilitando o acesso de todos os policiais militares ao imunizante”, disse a PM em nota.<\/p>\n
Segundo o professor, a resist\u00eancia \u00e0 imuniza\u00e7\u00e3o tem sido registrada em pol\u00edcias do pa\u00eds inteiro, principalmente nas militares. O pesquisador acredita em uma “ideologiza\u00e7\u00e3o” da PM.<\/p>\n
“Ela (a PM) possui v\u00e1rios pra\u00e7as, v\u00e1rios oficiais, que s\u00e3o seguidores cegos do presidente da Rep\u00fablica. Toda a ideologia bolsonarista se coloca contra a vacina\u00e7\u00e3o, isto acaba fazendo com que estas pessoas acabem adotando uma postura pol\u00edtica de recusar a vacina\u00e7\u00e3o”, afirma Rafael Alcadipani.<\/p>\n
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A maior parte do p\u00fablico-alvo da vacina\u00e7\u00e3o \u00e9 o efetivo da chamada “r\u00e1dio-patrulha”. S\u00e3o as viaturas que fazem rondas e atendem ocorr\u00eancias de todo tipo. O cabo Thiago Ribeiro, que atua em Palho\u00e7a, na Grande Florian\u00f3polis, afirma que os profissionais atuam em situa\u00e7\u00f5es extremas. O cabo teve Covid no fim do ano passado e tomou a vacina.<\/p>\n
“Tivemos que tirar algumas pessoas de um apartamento que sentiam alguns sintomas e n\u00e3o queriam ir para o hospital, para n\u00e3o perder o emprego. Tivemos que intervir e conduzir uma pessoa pro hospital, porque ela podia propagar a doen\u00e7a para outras pessoas. Conversei com pessoas, tentando incentivar e mostrar pra eles que \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o extrema e a gente tem que ajudar, tomando a vacina, tem pessoas que se espelham na gente, temos que ser o exemplo”, diz o cabo Ribeiro.<\/p>\n
Segundo o tenente Eduardo S\u00e9rgio Nunes, que comanda 60 policiais militares na Grande Florian\u00f3polis, os afastamentos causados pela doen\u00e7a impactaram a rotina de tropas.<\/p>\n
“Tivemos guarni\u00e7\u00f5es inteiras contaminadas, tivemos afastamentos, teve situa\u00e7\u00f5es, em semanas, tivemos 5, 6 policiais afastados em raz\u00e3o do Covid em momentos mais cr\u00edticos “, diz o tenente Eduardo S\u00e9rgio Nunes.<\/p>\n
Em toda a PMSC, os afastamentos chegaram a 4,8 mil. O tenente Eduardo Nunes afirma que todos sob seu comando entenderam o risco \u00e0 sa\u00fade e a import\u00e2ncia de se vacinar. Segundo ele, nenhum assinou o termo de recusa.<\/p>\n
A Pol\u00edcia Militar de S\u00e3o Paulo (PMSP), que \u00e9 maior pol\u00edcia militar brasileira, informou que pelo menos 96% do efetivo j\u00e1 foram imunizados. Em nota \u00e0 NSC, a PMSP disse que houve queda de 71% nas interna\u00e7\u00f5es em UTI e de 34% em enfermarias, entre o efetivo paulista. Os afastamentos, que chegaram a 1.700 em uma mesma semana, agora giram em torno de 300.<\/p>\n
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Pelo menos 163 policiais militares assinaram termos de recusa de vacina\u00e7\u00e3o da Covid-19 em Santa Catarina. Documentos obtidos pela NSC mostram que os termos foram assinados em unidades da Pol\u00edcia Militar de Santa Catarina (PMSC) em 36 cidades (veja abaixo a lista das cidades). Os termos t\u00eam sido assinados desde 9 de abril, quando come\u00e7ou […]<\/p>\n","protected":false},"author":45,"featured_media":174107,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[190],"tags":[],"acf":[],"yoast_head":"\n