O Brasil j\u00e1 come\u00e7ou a receber os primeiros pinguins da esp\u00e9cie pinguim-de-magalh\u00e3es (Spheniscus magellanicus), oriundos das Ilhas Malvinas, da Argentina e do Chile que anualmente migram para a costa brasileira, em temporada que tende a se estender de junho a outubro. O pico da temporada ocorre, normalmente, entre julho e agosto.<\/p>\n

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), implantado pela Petrobras na regi\u00e3o em 2015, resgatou do final de maio at\u00e9 o \u00faltimo dia 10 de junho nove pinguins entre Santa Catarina e S\u00e3o Paulo, sendo quatro no litoral paulista e cinco nas praias catarinenses.<\/p>\n

O primeiro apareceu na Praia dos Ingleses, em Florian\u00f3polis no dia 21 de maio. Estava debilitado, com sintomas de desidrata\u00e7\u00e3o e hipotermia, e foi encaminhado para o Centro de Reabilita\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O coordenador do PMP-BS na \u00e1rea SC\/PR, bi\u00f3logo marinho Andr\u00e9 Barreto, explica que os pinguins v\u00eam, em geral, das col\u00f4nias de reprodu\u00e7\u00e3o na Argentina, em \u00e1guas mais frias e, nesta \u00e9poca do ano, come\u00e7am a se espalhar em busca de alimento.<\/p>\n

\u201cE parte da popula\u00e7\u00e3o acaba chegando aqui, no Brasil. Por isso a gente acaba tendo mais animais nas regi\u00f5es do Sul. Alguns alcan\u00e7am o Rio de Janeiro e a gente tem registro at\u00e9 mais no Nordeste, na Bahia. Mas \u00e9 mais raro. O mais comum \u00e9 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina ter mais animais\u201d.<\/p>\n

Barreto explicou que os pinguins-de-magalh\u00e3es costumam fazer col\u00f4nias na Am\u00e9rica do Sul, principalmente na costa da Patag\u00f4nia, onde tem as maiores col\u00f4nias, e se espalham no Atl\u00e2ntico Sul.<\/p>\n

Essa esp\u00e9cie n\u00e3o vive no gelo, como o pinguim imperador e o pinguim real. \u201cEsse \u00e9 um pinguim que vive em terra. As col\u00f4nias dele s\u00e3o nas praias da Am\u00e9rica do Sul mesmo\u201d.<\/p>\n

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Animais debilitados<\/strong><\/h2>\n

Os animais que chegam \u00e0 costa brasileira v\u00eam debilitados, em sua grande maioria, ou mortos at\u00e9, porque o canal de distribui\u00e7\u00e3o deles \u00e9 mais a Argentina e o Uruguai.<\/p>\n

\u201cEnt\u00e3o, os que chegam aqui est\u00e3o no limite da distribui\u00e7\u00e3o deles. N\u00e3o est\u00e3o encontrando mais os alimentos usuais deles. Tendem a chegar mais fracos\u201d. O bi\u00f3logo marinho lamentou apenas 10% dos animais resgatados pelo PMP s\u00e3o encontrados vivos.<\/p>\n

Com o PMP-BS ativo, h\u00e1 bases para poder tratar esses animais. \u201cA gente est\u00e1 conseguindo recuperar e devolver para a natureza v\u00e1rios deles\u201d.<\/p>\n

O PMP-Bacia de Santos vai do Rio de Janeiro a Santa Catarina. Nessa \u00e1rea existem v\u00e1rias bases que fazem o atendimento veterin\u00e1rio dos animais. Os animais mortos s\u00e3o necropsiados para que se tente identificar a causa de morte.<\/p>\n

Em Santa Catarina, o programa tem cinco bases e uma delas \u00e9 um centro de reabilita\u00e7\u00e3o de prazo mais longo. Ao chegarem nas praias, os animais mais fracos s\u00e3o levados para uma unidade de estabilidade, esp\u00e9cie de pronto-socorro, onde ficam por dois ou tr\u00eas dias at\u00e9 melhorarem um pouco a condi\u00e7\u00e3o e, ent\u00e3o, s\u00e3o transferidos para o centro localizado em Florian\u00f3polis, onde se recuperam.<\/p>\n

Andr\u00e9 Barreto destacou que, muitas vezes, acontece de o pinguim, enquanto est\u00e1 na recupera\u00e7\u00e3o, entrar no per\u00edodo de muda, porque s\u00e3o animais que trocam de penas uma vez por ano.<\/p>\n

Se isso acontece enquanto eles ainda est\u00e3o em recupera\u00e7\u00e3o, \u00e9 preciso que as equipes fiquem mais dois ou tr\u00eas meses com eles at\u00e9 nascerem as penas novas, porque s\u00f3 ent\u00e3o eles v\u00e3o conseguir estar aptos para voltar nadando para casa.<\/p>\n

Isso \u00e9 importante tamb\u00e9m porque j\u00e1 se constatou que a chance de sobreviv\u00eancia deles \u00e9 maior quando s\u00e3o devolvidos em grupos. \u201cEles s\u00e3o animais que formam grupos naturais. Ent\u00e3o j\u00e1 se viu que chance de recupera\u00e7\u00e3o deles \u00e9 maior quando s\u00e3o soltados todos juntos\u201d.<\/p>\n

Os pinguins v\u00e3o sendo devolvidos ao mar de acordo com o estado de sa\u00fade de cada um. O PMP s\u00f3 fica com o animal quando ele entra na muda de penas, esclareceu Andr\u00e9 Barreto.<\/p>\n

\u201cPorque a\u00ed n\u00e3o adianta colocar ele no ambiente porque n\u00e3o vai conseguir nadar. Ele perde a impermeabiliza\u00e7\u00e3o dele. Ent\u00e3o, a gente tem que esperar o ciclo de recupera\u00e7\u00e3o dele, nascerem as penas novas, para poder devolver para a natureza\u201d, afirma.<\/p>\n

O objetivo do PMP \u00e9 avaliar o impacto de atividades humanas sobre os animais marinhos, por meio do monitoramento das praias, disse Andr\u00e9 Barreto.<\/p>\n

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Temporadas<\/strong><\/h2>\n

Em 2020, ano considerado diferente do normal pelo coordenador do PMP-BS, foram registrados entre junho e outubro 5.021 animais. S\u00f3 em junho, foram 2.700. Em 2019, na mesma temporada, foram 4.100 pinguins, dos quais somente 76 em junho.<\/p>\n

\u201cIsso tem a ver com variabilidade do ambiente, pode ser corrente, pode ser vento, pode ser a \u00e9poca que eles saem das col\u00f4nias na Argentina. Tem um monte de fatores envolvidos a\u00ed. O ano de recorde foi 2018, quando a temporada registrou 11.900 pinguins encontrados na costa. As bases ficaram lotadas. N\u00e3o se dava conta de recolher tantos animais nas praias. Ent\u00e3o, cada ano, para a gente, \u00e9 uma surpresa\u201d, esclarece.<\/p>\n

Barreto refor\u00e7ou que, em m\u00e9dia, 90% dos pinguins chegam \u00e0 costa brasileira j\u00e1 mortos ou muito fracos e acabam n\u00e3o resistindo. Por isso, destacou a import\u00e2ncia do monitoramento regular e cont\u00ednuo das praias para poder acompanhar as varia\u00e7\u00f5es do ambiente e verificar se algum impacto est\u00e1 acontecendo.<\/p>\n

Os pinguins que chegam \u00e0s praias sem necessidade de ir para a reabilita\u00e7\u00e3o n\u00e3o s\u00e3o pegos. Sozinhos, eles voltam para o mar, sem problemas.<\/p>\n

Antes de serem devolvidos ao mar, os animais recebem um microchip que \u00e9 implantado embaixo da pele, entre as omoplatas, nas costas. Esse microchip permite o acompanhamento e reconhecimento dos animais, caso reapare\u00e7am no litoral brasileiro.<\/p>\n

Por ND+<\/em><\/h6>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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