Dados divulgados recentemente pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Seguran\u00e7a Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) apontaram que o Brasil tem pelo menos 19 milh\u00f5es de pessoas passando fome, e 55% das fam\u00edlias est\u00e3o em inseguran\u00e7a alimentar \u2013 sem acesso regular e permanente a alimentos.<\/p>\n

\u201cNunca passamos por uma situa\u00e7\u00e3o t\u00e3o s\u00e9ria\u201d, alertou Sandra Chaves, vice-coordenadora da Rede Penssan, em entrevista \u00e0 CNN.<\/p>\n

A professora da Escola de Nutri\u00e7\u00e3o da UFBA destacou que, diante da instabilidade do ambiente econ\u00f4mico e aus\u00eancia de perspectivas de mudan\u00e7a no curto prazo, dois conceitos s\u00e3o fundamentais: solidariedade e responsabilidade do Estado.<\/p>\n

\u201cA solidariedade tem sido fundamental para garantir a sobreviv\u00eancia desses milh\u00f5es de brasileiros que passam fome. Temos 119 milh\u00f5es de brasileiros com alguma priva\u00e7\u00e3o alimentar, e 19 milh\u00f5es passando fome, sem saber quando voltar\u00e1 a se alimentar. A solidariedade \u00e9 fundamental, mas insuficiente\u201d, disse.<\/p>\n

Por ser insuficiente, Sandra Chaves afirma que h\u00e1 uma necessidade do Estado ter responsabilidade e garantir programas de transfer\u00eancia de renda dignos. Ela pontua que o valor da cesta b\u00e1sica de alimentos cresceu mais de 30% nos \u00faltimos 12 meses, chegando a pre\u00e7os acima de 700 reais em alguns estados.<\/p>\n

A pesquisadora explica que os dados desse levantamento divulgado pela Rede Penssan foram colhidos em dezembro de 2020. \u201cEstava vigente o aux\u00edlio de 300 reais para um n\u00famero relativamente grande de pessoas e fam\u00edlias. Depois disso, ficamos tr\u00eas meses sem nenhum aux\u00edlio, depois ele retornou num valor muito baixo. Agora, estamos nesse vazio at\u00e9 ser retomado no valor que est\u00e1 previsto de 400 reais\u201d, declarou Sandra.<\/p>\n

Al\u00e9m da solidariedade da sociedade, e da responsabilidade estatal em programas de transfer\u00eancia de renda, a vice-coordenadora da Rede Penssan afirma que s\u00e3o necess\u00e1rias medidas ativas do governo na regulamenta\u00e7\u00e3o de pre\u00e7os, para garantir o acesso da popula\u00e7\u00e3o aos alimentos, al\u00e9m de programas de emprego e renda.<\/p>\n

\u201cTer um botij\u00e3o do g\u00e1s a R$ 120 \u00e9 muito grave. O quilo do feij\u00e3o e arroz a R$ 9 em algumas capitais. O pre\u00e7o absurdo do quilo da carne. Em 1974, foi feito o primeiro estudo nacional de despesa familiar. L\u00e1, foi demonstrado uma situa\u00e7\u00e3o de fome desse n\u00edvel que estamos vendo agora. Fam\u00edlias faziam sopa de papel\u00e3o pelo pa\u00eds. N\u00f3s estamos vendo isso agora. Nunca passamos por uma situa\u00e7\u00e3o t\u00e3o seria\u201d, afirmou Sandra Chaves.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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