A redu\u00e7\u00e3o da imunidade contra o SARS-CoV-2 registrada 75 dias ap\u00f3s a segunda dose das vacinas CoronaVac e ChAdOx1 (Oxford-AstraZeneca) pode ser revertida significativamente com o refor\u00e7o da Pfizer\/Biontech, de acordo com estudo conduzido na Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de S\u00e3o Paulo (EPM-Unifesp).<\/p>\n
A pesquisa mostrou que a terceira dose da Pfizer aumenta em at\u00e9 25 vezes o n\u00edvel de anticorpos medido depois das duas aplica\u00e7\u00f5es de CoronaVac e em at\u00e9 sete vezes o alcan\u00e7ado ap\u00f3s a imuniza\u00e7\u00e3o completa com a ChAdOx1. Os resultados foram publicados no Journal of Infection.<\/p>\n
Apoiado pela FAPESP por meio de dois projetos (17\/20106-9 e 20\/08943-5), o estudo foi realizado com uma coorte n\u00e3o randomizada de 48 profissionais de sa\u00fade de hospitais e institui\u00e7\u00f5es regionais. Eles t\u00eam idade m\u00e9dia de 30 anos, para os vacinados com CoronaVac, e 40 anos para os que receberam a ChAdOx1.<\/p>\n
\u201cTemos visto que a ades\u00e3o \u00e0 dose de refor\u00e7o da vacina contra a COVID-19 n\u00e3o est\u00e1 t\u00e3o alta quanto poderia ser. Nosso estudo, no entanto, mostra a import\u00e2ncia de a popula\u00e7\u00e3o tomar a terceira dose porque h\u00e1 um aumento significativo da resposta imunol\u00f3gica e celular, indicando maiores n\u00edveis de prote\u00e7\u00e3o\u201d diz \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP Alexandre Keiji Tashima, professor do Departamento de Bioqu\u00edmica da EPM-Unifesp e autor correspondente do artigo.<\/p>\n
At\u00e9 o dia 1\u00ba de mar\u00e7o, o Brasil contava com 30,6% da popula\u00e7\u00e3o imunizada com a dose de refor\u00e7o contra a COVID-19 (cerca de 65,073 milh\u00f5es de pessoas). Com a vacina\u00e7\u00e3o completa (duas doses ou dose \u00fanica) eram 73% dos brasileiros (155,071 milh\u00f5es de pessoas), segundo dados do Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.<\/p>\n
\u201cCom a pandemia, montamos um grupo de pesquisadores na Unifesp para trabalhar em estudos envolvendo a COVID-19. O objetivo \u00e9 fazer uma caracteriza\u00e7\u00e3o bioqu\u00edmica completa dos anticorpos\u201d, afirma Tashima, que \u00e9 orientador do doutorado de Jackelinne Yuka Hayashi, primeira autora do artigo. O trabalho contou ainda com a participa\u00e7\u00e3o de quatro pesquisadores da Euroimmun Brasil, empresa especializada em solu\u00e7\u00f5es para diagn\u00f3stico laboratorial.<\/p>\n
Os resultados do grupo corroboram estudos j\u00e1 publicados por cientistas de Hong Kong e de universidades norte-americanas.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, outras pesquisas haviam mostrado a efic\u00e1cia da dose de refor\u00e7o. Uma delas, publicada no in\u00edcio de fevereiro na Nature Medicine, mostrou que a aplica\u00e7\u00e3o da terceira dose da vacina da Pfizer seis meses ap\u00f3s a imuniza\u00e7\u00e3o com duas da CoronaVac confere uma efic\u00e1cia de 92,7% contra a doen\u00e7a. J\u00e1 contra casos graves do SARS-CoV-2, a prote\u00e7\u00e3o sobe para 97,3%. Foram analisados dados de cerca de 14 milh\u00f5es de brasileiros.<\/p>\n
Os participantes da pesquisa do grupo da Unifesp tiveram amostras de sangue colhidas em cinco momentos: antes da vacina\u00e7\u00e3o; 28 dias ap\u00f3s a primeira dose; 14 dias depois da segunda, 75 dias depois da segunda dose e 14 dias ap\u00f3s o refor\u00e7o da terceira. Foram realizados testes cl\u00ednicos para IgG (que determina a presen\u00e7a e quantidade de anticorpos no organismo), com avalia\u00e7\u00e3o de anticorpos neutralizantes, capazes de impedir a infec\u00e7\u00e3o, e das respostas celulares.<\/p>\n
No grupo imunizado com CoronaVac e refor\u00e7o de Pfizer, os valores m\u00e9dios de IgG aumentaram de 19,8 BAU\/ml (unidades de anticorpos ligantes por mililitro de sangue), ap\u00f3s a primeira dose, para 429 BAU\/ml com a segunda. Valores iguais ou acima de 35,2 BAU\/ml s\u00e3o considerados positivos.<\/p>\n
Essa prote\u00e7\u00e3o diminuiu significativamente nas dez semanas seguintes, caindo para 115,7 BAU\/ml. Ap\u00f3s o refor\u00e7o, no entanto, a concentra\u00e7\u00e3o de IgG voltou a subir, crescendo 25 vezes e atingindo 2.843 BAU\/ml. Em rela\u00e7\u00e3o aos n\u00edveis de anticorpos neutralizantes, houve aumento de 23,5%, no intervalo da segunda dose, para 99,3% depois do refor\u00e7o.<\/p>\n
Entre os imunizados com a vacina da AstraZeneca e a terceira dose de Pfizer, as respostas medianas de IgG aumentaram de 86,8 BAU\/ml para 648,9 BAU\/ml durante as duas primeiras aplica\u00e7\u00f5es. Depois, ca\u00edram para 390,9 BAU\/ml. Mas, com a dose de refor\u00e7o, subiram sete vezes \u2013 para 2.799,2 BAU\/ml. J\u00e1 os n\u00edveis de anticorpos neutralizantes cresceram de 63,2% para 98,9%.<\/p>\n
\u201c\u00c9 poss\u00edvel ver que mesmo com a redu\u00e7\u00e3o da imunidade no per\u00edodo p\u00f3s segunda dose ainda h\u00e1 uma resposta celular relevante contra os ant\u00edgenos do coronav\u00edrus. No entanto, o interessante \u00e9 que, ap\u00f3s a terceira dose, os dois grupos tiveram aumento significativo tanto da resposta celular como da humoral [de anticorpos]. Isso foi algo que nos impressionou, indicando uma boa resposta nos dois grupos\u201d, explica Tashima.<\/p>\n
Uma das limita\u00e7\u00f5es do estudo foi o fato de n\u00e3o ter sido poss\u00edvel comparar os resultados com dados da popula\u00e7\u00e3o em geral ou de grupos espec\u00edficos, como idosos.<\/p>\n
Alguns volunt\u00e1rios que participaram do estudo foram contaminados pela variante \u00f4micron ap\u00f3s o refor\u00e7o da vacina\u00e7\u00e3o. Os pesquisadores est\u00e3o agora em nova etapa de coleta de sangue dessas pessoas para analisar eventuais impactos da variante, que no in\u00edcio de janeiro respondeu por 97% dos casos de COVID-19 no Brasil.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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