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{"id":181841,"date":"2022-03-15T10:45:06","date_gmt":"2022-03-15T13:45:06","guid":{"rendered":"https:\/\/oatlantico.com.br\/?p=181841"},"modified":"2022-03-15T11:08:18","modified_gmt":"2022-03-15T14:08:18","slug":"baia-de-zimbros-historia-e-resistencia-marcam-comunidade-pesqueira","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/oatlantico.com.br\/baia-de-zimbros-historia-e-resistencia-marcam-comunidade-pesqueira\/","title":{"rendered":"Ba\u00eda de Zimbros: hist\u00f3ria e resist\u00eancia marcam comunidade pesqueira"},"content":{"rendered":"

Exuberante h\u00e1 mais de cinco s\u00e9culos a Ba\u00eda de Zimbros, na costa catarinense, resiste. Natural e gentilmente abra\u00e7ada por dois morros e com pouco mais de dois quil\u00f4metros de faixa litor\u00e2nea, Zimbros possui diversos ecossistemas do bioma Mata Atl\u00e2ntica que convivem em harmonia, numa simbiose perfeita da vida que nutre a vida.<\/p>\n

Localizada do lado sul da pen\u00ednsula que forma o munic\u00edpio de Bombinhas (SC), a Ba\u00eda de Zimbros possui \u00e1guas calmas e praias de areia fina, protegidas pelo Parque Natural Municipal do Morro do Macaco, \u00e0 esquerda, e do lado direito pelo Parque Municipal Costeira de Zimbros.<\/p>\n

Na Ba\u00eda de Zimbros, para olhares mais atentos, \u00e9 poss\u00edvel perceber a riqueza e a diversidade do patrim\u00f4nio natural, que apresenta diversos ecossistemas, entre eles restinga, manguezais, cost\u00f5es rochosos e floresta ombr\u00f3fila densa. As \u00e1rvores servem de ninho e alimento para as aves, que generosamente retribuem fazendo o plantio de sementes nativas. Borboletas, flores e frutos t\u00edpicos ainda s\u00e3o abundantes nas \u00e1reas de vegeta\u00e7\u00e3o preservadas.<\/p>\n

Ao p\u00e9 da Costeira, rochas cravejadas de mexilh\u00f5es. Seguindo o morro pelo oceano, \u00e9 poss\u00edvel visitar praias ainda desabitadas, com diferen\u00e7as entre si, tanto na areia quanto na energia das ondas – das piscinas naturais \u00e0s praias de tombo. Tamb\u00e9m vem da Costeira de Zimbros, mais especificamente da Praia Triste, a \u00e1gua pot\u00e1vel que serve ao bairro de Zimbros. Manter a Costeira \u00e0 salvo da especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria e de qualquer tipo de imposi\u00e7\u00e3o socioecon\u00f4mica em desrespeito para com a legisla\u00e7\u00e3o ambiental, une moradores e ambientalistas locais em uma defesa ferrenha do meio ambiente, dificilmente vista com tamanha organiza\u00e7\u00e3o, for\u00e7a e poder de embate.<\/p>\n

No percurso da Praia de Zimbros parte da vegeta\u00e7\u00e3o rasteira sobre a areia mant\u00e9m-se presente (preservada ou plantada pelos moradores). Um charme \u00e0 parte \u00e9 a flor da a\u00e7ucena, que sa\u00fada os visitantes, sob a sombra de um frondoso p\u00e9 de jamel\u00e3o.<\/p>\n

\u00c9 justamente este ecossistema e sua diversidade que fazem parte das aulas di\u00e1rias da Escola do Mar, um programa da Secretaria Municipal de Educa\u00e7\u00e3o de Bombinhas, voltado aos estudantes da rede p\u00fablica, no contraturno escolar. Desde 2018, os aspectos ecol\u00f3gicos da Ba\u00eda de Zimbros v\u00eam sendo explorados como parte da proposta pedag\u00f3gica da Escola do Mar.<\/p>\n

Crian\u00e7as e adolescentes, a partir do quinto ano do ensino fundamental, participam de uma forma\u00e7\u00e3o ampla, criativa e engajada, que contempla os principais aspectos socioecon\u00f4micos locais, entre eles a pesca artesanal, a maricultura e o turismo, costurados com os saberes ancestrais, com a presen\u00e7a dos mestres em diversas artes e of\u00edcios, como a confec\u00e7\u00e3o de redes e cestaria, e a culin\u00e1ria. Aulas de nata\u00e7\u00e3o, educa\u00e7\u00e3o ambiental e gera\u00e7\u00e3o alternativa de renda completam o processo de ensino-aprendizagem.<\/p>\n

Para Silvana Leone, coordenadora da Escola do Mar, o grande desafio \u00e9 fazer com que as novas gera\u00e7\u00f5es conhe\u00e7am sua identidade e se apropriem dela, criando meios para que o desenvolvimento do munic\u00edpio ocorra em sintonia com a preserva\u00e7\u00e3o dos recursos socioambientais n\u00e3o s\u00f3 da Ba\u00eda de Zimbros, mas de todo o patrim\u00f4nio natural que possui. \u201cPor meio do conhecimento, nos tornamos pessoas empoderadas. Esse \u00e9 um dos objetivos da Escola do Mar: resguardar esse esp\u00edrito de guardi\u00f5es dessa cultura material e imaterial t\u00e3o rica. N\u00f3s repassamos, mas \u00e9 necess\u00e1rio que eles se apossem para fazer valer o que lhe \u00e9 de direito\u201d, enfatiza Silvana, lembrando que o conhecimento \u00e9 a maior riqueza de uma comunidade, \u201cmas precisa se tornar um bem comum e ser acolhido por todos para que seja preservado\u201d.<\/p>\n

O contato com o trabalho da Escola do Mar possibilitou \u00e0 Silvana o resgate de sua pr\u00f3pria hist\u00f3ria e ess\u00eancia. Filha do seu Maurino Andr\u00e9 Matias, pescador, e de uma m\u00e3e valente, que precisou se impor numa cultura machista, Silvana conta que os ranchos da Dona Odete Maria da Silva, sua m\u00e3e, faziam sucesso entre os pescadores, pois sempre havia uma panela de \u00e1gua quente, onde preparava uma sopinha de camar\u00e3o ou o lambe lambe de mariscos, com arroz e temperos da terra. \u201cAquela comida quente era um afago para o corpo cansado do pescador\u201d, relembrou.<\/p>\n

Origens hist\u00f3ricas<\/strong><\/h2>\n

Acredita-se que os \u00edndios Carij\u00f3, da linhagem tupi-guarani, ocupavam a costa na regi\u00e3o onde localiza-se, hoje, o munic\u00edpio de Bombinhas (SC). Alguns vest\u00edgios de sambaquis (ou concheiros) foram identificados no decorrer da ocupa\u00e7\u00e3o humana mais recente, por\u00e9m n\u00e3o receberam a devida aten\u00e7\u00e3o dos gestores p\u00fablicos e da pr\u00f3pria comunidade, e acabaram se misturando \u00e0s obras de infraestrutura e urbaniza\u00e7\u00e3o. Assim, os vest\u00edgios que poderiam narrar a trajet\u00f3ria dos povos ind\u00edgenas sumiram do mapa, – e da hist\u00f3ria tamb\u00e9m – permanecendo apenas os relatos de que estavam presentes nas praias de Zimbros e de Canto Grande.<\/p>\n

A partir das Grandes Navega\u00e7\u00f5es, a regi\u00e3o do atual estado de Santa Catarina come\u00e7ou a receber embarca\u00e7\u00f5es portuguesas e espanholas, dando origem aos primeiros povoamentos. J\u00e1 em 1527, os espanh\u00f3is aportaram na enseada de Zimbros (\u00e0 \u00e9poca, chamada de S\u00e3o Vicente) e, em 1711, a expedi\u00e7\u00e3o portuguesa comandada por Manoel Gon\u00e7alves de Aguiar aportou para garantir a posse das terras e explorar suas riquezas.<\/p>\n

Juntamente com os colonizadores ericeiros e a\u00e7orianos, cujos descendentes constituem o maior grupo da popula\u00e7\u00e3o local, as novas terras tamb\u00e9m come\u00e7aram a receber os navios negreiros. Narra-se que a Praia Triste (uma das mais belas do munic\u00edpio) era um ponto de recebimento e classifica\u00e7\u00e3o da m\u00e3o de obra escrava. A partir dali, eram enviados para os trabalhos de acordo com o perfil f\u00edsico apresentado. Aos escravos que ficavam na regi\u00e3o, cabia a tarefa de abrir o canal a partir da Barra da Praia da Lagoa, possibilitando a entrada das embarca\u00e7\u00f5es e o cultivo da terra para a alimenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Apesar de especula\u00e7\u00f5es, a origem do nome \u201cZimbros\u201d continua sem uma defini\u00e7\u00e3o concreta. Apresentamos, aqui, as duas possibilidades mais comuns. Diz-se que os colonizadores, ao desembarcar, encontraram uma planta semelhante \u00e0s cupressaceae, do g\u00eanero Juniperus, cujas \u00e1rvores e arbustos eram usados na fabrica\u00e7\u00e3o de perfumes, aromatizantes e bebidas. O gim, por exemplo, \u00e9 produzido a partir do zimbro em todo o Hemisf\u00e9rio Norte. Outra possibilidade seria o nome de um molusco univalve, o zimbo, cuja concha era usada como moeda entre os congoleses.<\/p>\n

A fam\u00edlia do seu Bileca, filho de pais escravos, descende dessa triste e lament\u00e1vel parte da hist\u00f3ria brasileira. Seu Bileca nasceu liberto, em 17 de maio de 1906, e recebeu como nome de batismo Manoel Theodoro Moreira. Casado com Maria Delf\u00edsia da Silva, falecida em 1985, \u00e9 um dos guardi\u00f5es das mem\u00f3rias locais. Dona Delf\u00edsia era conhecida e procurada por toda a Costa Esmeralda (regi\u00e3o que vai de Navegantes a Bombinhas), n\u00e3o apenas pelo poder de cura a ela atribu\u00eddo, mas por seu profundo conhecimento das plantas e ervas medicinais.<\/p>\n

Conhecimentos que correm o risco de desaparecer, caso n\u00e3o haja um movimento urgente de resgate do patrim\u00f4nio imaterial resguardado pelos anci\u00e3os.<\/p>\n

Da fartura das redes, \u00e0s plantas nativas, a culin\u00e1ria local incorporou esp\u00e9cies como a mandioca, a batata doce e o amendoim, al\u00e9m de frutos como a banana, a goiaba, a laranja e a bergamota.<\/p>\n

Da Mata Atl\u00e2ntica tamb\u00e9m saiu a madeira para a constru\u00e7\u00e3o de casas e embarca\u00e7\u00f5es, bem como os cip\u00f3s para a constru\u00e7\u00e3o de cestos e utilidades dom\u00e9sticas, num fazer manual que conseguiu ultrapassar gera\u00e7\u00f5es. O tronco da Piteira do Caribe, depois de apodrecido e seco, continua sendo usado e, nas m\u00e3os de artes\u00e3os locais, ganha uma nova chance, virando decora\u00e7\u00e3o de casas e escrit\u00f3rios.<\/p>\n

Assim, ao longo de mais de cinco s\u00e9culos, pessoas foram se unindo e estabelecendo a base do povo e da cultura bombinense contempor\u00e2nea, repassando os saberes ancestrais. Uma cultura que tem no mar seu ponto de chegada e partida, de alimento e de esperan\u00e7a, e que deseja crescer e se desenvolver, ancorada no esp\u00edrito de resist\u00eancia dos seus antepassados, sem perder a exuber\u00e2ncia dos biomas locais.<\/p>\n

Uma comunidade de pescadores <\/strong><\/h2>\n

Quem anda pelas ruas do bairro de Zimbros facilmente vai se deparar com algum barco sendo constru\u00eddo ou reformado em algum terreno. E s\u00e3o eles, com suas diversas combina\u00e7\u00f5es de cores, que conferem charme especial \u00e0 Ba\u00eda de Zimbros. O munic\u00edpio mant\u00e9m sua voca\u00e7\u00e3o secular \u00e0 pesca. A Col\u00f4nia de Pescadores Z-22 possui cerca de 580 membros cadastrados. Do volume capturado pelos locais, cerca de 40% s\u00e3o absorvidos pelo com\u00e9rcio interno e os outros 60% seguem para os entrepostos de pescados de Itaja\u00ed.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Num passeio pela praia, ainda \u00e9 poss\u00edvel acompanhar a chegada e partida dos barcos da pesca artesanal e identificar algumas constru\u00e7\u00f5es que j\u00e1 foram ranchos de pesca ou de salga do pescado (antigamente, o peixe era limpo e salgado na praia mesmo, formando grandes varais), constru\u00eddos ao longo da Ba\u00eda de Zimbros.<\/p>\n

Entre as edifica\u00e7\u00f5es que resiste est\u00e1 o Restaurante Camar\u00e3o da Praia, que tamb\u00e9m \u00e9 um exemplo dos novos arranjos econ\u00f4micos da popula\u00e7\u00e3o local. Foi um rancho de pesca, na \u00e9poca tocado pela Fam\u00edlia Ramos, e h\u00e1 duas d\u00e9cadas atende moradores e turistas com pratos \u00e0 base de pescados e temperos locais. Atualmente est\u00e1 sob o comando de Dilce, esposa de um pescador local, que fez quest\u00e3o de manter os temperos da dona Dirce, fundadora do restaurante e nora da dona Em\u00edlia Ramos, com quem aprendeu os segredos da culin\u00e1ria tradicional.<\/p>\n

Uma das iguarias oferecidas aos clientes s\u00e3o os fil\u00e9s de \u201cmisturinha\u201d, que nada mais s\u00e3o do que os peixes de variadas esp\u00e9cies, entre elas a Maria Luiza, a Pescadinha e a Corvinota, que s\u00e3o capturados junto com o camar\u00e3o, na pesca de arrasto. Em um certo momento da hist\u00f3ria, chegaram a ser desprezados, mas hoje s\u00e3o pratos saborosos, cuja mat\u00e9ria-prima vem das h\u00e1beis m\u00e3os das mulheres descascadoras de camar\u00e3o, que processam o peixinhos, ao mesmo tempo em que aumentam a renda familiar e d\u00e3o um nobre destino ao que um dia j\u00e1 foi descartado.<\/p>\n

Seu Maur\u00edcio Manoel Martins, de 46 anos, faz parte de uma tradicional fam\u00edlia de pescadores e est\u00e1 no mar h\u00e1 tr\u00eas d\u00e9cadas. Falante e curioso, reconhece que j\u00e1 fez muita \u201ccoisa errada\u201d no manejo da pesca, mais por ignor\u00e2ncia do que intencionalmente, e afirma que sempre \u00e9 tempo de aprender e aprimorar. Prova disto \u00e9 que, hoje, \u00e9 um dos fornecedores de “misturinha”, a fauna acompanhante da pesca de camar\u00e3o, ao com\u00e9rcio local. Estima-se que para cada dez quilos de camar\u00e3o consumidos no mundo, outros nove quilos de fauna sejam capturados e boa parte, devido ao tamanho ou falta de valor comercial, em vez de virar alimento para pessoas ou ra\u00e7\u00e3o animal, s\u00e3o descartados no pr\u00f3prio mar.<\/p>\n

Seu Maur\u00edcio, um dos l\u00edderes da comunidade pesqueira, reconhece o valor da Escola do Mar para a preserva\u00e7\u00e3o da mem\u00f3ria local, transfer\u00eancia de novos conhecimentos e preserva\u00e7\u00e3o de todo o ecossistema. Ele relata que, certa vez, voltando de um arrasto, foi repreendido pela filha adolescente, B\u00e1rbara Camila, quando preparava o lixo recolhido nas redes para devolv\u00ea-lo ao mar. Foi convencido pelo s\u00f3lido argumento da filha, aluna da Escola do Mar, e n\u00e3o somente mudou a postura dentro da embarca\u00e7\u00e3o, como leva a li\u00e7\u00e3o aprendida aos demais companheiros de profiss\u00e3o.<\/p>\n

O pescador \u00e9 um dos muitos que entregam os res\u00edduos \u00e0 Escola do Mar para serem separados e classificados. As informa\u00e7\u00f5es embasam pesquisas e os res\u00edduos s\u00e3o reaproveitados nas aulas de manualidades ou seguem para descarte ambientalmente correto.<\/p>\n

Semeando no mar<\/strong><\/h2>\n

H\u00e1 cerca de uma d\u00e9cada, os pescadores de Bombinhas come\u00e7aram a buscar alternativas mais vi\u00e1veis para manter a atividade, sem esgotar os recursos naturais e com o menor impacto ao ecossistema. Com muita luta, as fazendas marinhas foram legalmente implantadas e, atualmente, o munic\u00edpio \u00e9 um dos tr\u00eas p\u00f3los de maricultura de Santa Catarina. Maricultores de Zimbros produzem, anualmente, 1.280 toneladas de mariscos e 18 mil d\u00fazias de ostras.<\/p>\n

Logo ap\u00f3s o per\u00edodo de instala\u00e7\u00e3o das fazendas marinhas, localizadas nas laterais da ba\u00eda, uma empresa multinacional descobriu a exist\u00eancia de um espa\u00e7o reservado para futuras instala\u00e7\u00f5es de herdeiros maricultores e tentou se apropriar da \u00e1rea na surdina para futura reserva de mercado. A comunidade se uniu para barrar a apropria\u00e7\u00e3o e a inten\u00e7\u00e3o da empresa n\u00e3o prosperou. Vitoriosos no embate e mais fortalecidos para defender suas causas, os moradores de Zimbros seguem firmes.<\/p>\n

Santa Catarina \u00e9 o maior produtor de moluscos do Brasil, e realiza o monitoramento permanente das \u00e1reas de cultivo de moluscos bivalves por meio do Programa Estadual de Controle Higi\u00eanico Sanit\u00e1rio de Moluscos Bivalves, garantindo seguran\u00e7a alimentar para os produtores e consumidores.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

E a Maricultura, que encontra nas \u00e1guas da Ba\u00eda de Zimbros, condi\u00e7\u00f5es ideais, \u00e9 uma das apostas do munic\u00edpio para o seu desenvolvimento socioecon\u00f4mico, pela capacidade de produ\u00e7\u00e3o de alimento em alta escala, com baixo impacto ambiental.<\/p>\n

Minha rela\u00e7\u00e3o com o mar \u00e9 de vida!<\/strong><\/h2>\n

Com voz firme e segura, Bianca Lins da Silva Guilherme, descreve sua rela\u00e7\u00e3o com Bombinhas e suas origens. De tradicional fam\u00edlia de pescadores, incluindo o pai, e com mulheres descascadoras de camar\u00e3o na ascend\u00eancia, Bianca fez parte da primeira turma da Escola do Mar e, agora, aos 18 anos, retorna como volunt\u00e1ria.<\/p>\n

\u201cA Escola do Mar mudou a minha vis\u00e3o do mundo, ampliando meu olhar n\u00e3o apenas aqui na nossa regi\u00e3o. Despertou o interesse pela quest\u00e3o dos saberes, da import\u00e2ncia de conhecer a hist\u00f3ria dos antigos e cuidar da cultura para que n\u00e3o se perca\u201d, reflete. A partir da Escola do Mar, Bianca come\u00e7ou a se envolver com atividades variadas voltadas \u00e0 educa\u00e7\u00e3o ambiental, que hoje fazem parte da sua rotina.<\/p>\n

Aluna do primeiro per\u00edodo do curso de Hist\u00f3ria, espera com a forma\u00e7\u00e3o, mais do que uma carreira profissional: \u201cquero ter a oportunidade de usar a futura profiss\u00e3o para ajudar o munic\u00edpio a crescer\u201d, considera. \u201cA nossa gera\u00e7\u00e3o est\u00e1 se desvinculando das tradi\u00e7\u00f5es, por desconhecerem ou n\u00e3o estarem a fim de perpetuar. Precisamos ter pessoas que se interessem pela nossa hist\u00f3ria, mesmo que n\u00e3o sigam como pescadores. \u00c9 importante aprender e repassar\u201d, diz a jovem.<\/p>\n

Pelo desenvolvimento sustent\u00e1vel dos Oceanos<\/strong><\/h2>\n

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustent\u00e1vel, pela import\u00e2ncia do tema, dedica o seu \u201cObjetivo 14\u201d \u00e0 vida na \u00e1gua, visando a promo\u00e7\u00e3o da conserva\u00e7\u00e3o e o uso sustent\u00e1vel dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos, para o desenvolvimento sustent\u00e1vel. Esfor\u00e7os globais e a\u00e7\u00f5es locais, realizadas em diferentes pontos do globo, se conectam nesta D\u00e9cada dos Oceanos, pois j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 mais poss\u00edvel pensar em vida na terra sem considerar a influ\u00eancia e import\u00e2ncia fundamentais e cruciais do oceano no cotidiano.<\/p>\n

Mais do que fonte de sustento e lazer, o Oceano, com sua malha de vida, regula a temperatura, estimula a chuva, leva e traz os ventos. S\u00e3o estradas entre as na\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

O compromisso com o Oceano deve ser de cada um de n\u00f3s. No fazer di\u00e1rio, nas escolhas assertivas, e nas decis\u00f5es que permeiam o desenvolvimento econ\u00f4mico, levando-se sempre em conta que, sem o oceano, n\u00e3o h\u00e1 possibilidade de vida em terra.<\/p>\n

Que a Escola do Mar se multiplique como exemplo. E que a Praia do Cardoso, na Ba\u00eda de Zimbros, atual objeto de desejo de um pequeno grupo afortunado, mantenha-se firme, sendo de todos e para todos!<\/p>\n

****************<\/p>\n

Reportagem produzida por Andr\u00e9a Luiza Collet; Felipe Moura Marques; Luciano Moreira; e Silvana Maria Matias Leone para a disciplina de Biologia Marinha, da professora Laura Pioli Kremer, no curso de P\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Ci\u00eancias Marinhas Aplicadas ao Ensino, do Instituto Federal de Santa Catarina.<\/em><\/h6>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Exuberante h\u00e1 mais de cinco s\u00e9culos a Ba\u00eda de Zimbros, na costa catarinense, resiste. Natural e gentilmente abra\u00e7ada por dois morros e com pouco mais de dois quil\u00f4metros de faixa litor\u00e2nea, Zimbros possui diversos ecossistemas do bioma Mata Atl\u00e2ntica que convivem em harmonia, numa simbiose perfeita da vida que nutre a vida. Localizada do lado […]<\/p>\n","protected":false},"author":45,"featured_media":181844,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[81],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\nBa\u00eda de Zimbros: hist\u00f3ria e resist\u00eancia marcam comunidade pesqueira - O Atl\u00e2ntico<\/title>\n<meta name=\"description\" content=\"Exuberante h\u00e1 mais de cinco s\u00e9culos a Ba\u00eda de Zimbros, na costa catarinense, resiste. 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