A SES (Secretaria Estadual de Sa\u00fade) registra nesta segunda-feira (25) o desabastecimento de 21 medicamentos em Santa Catarina. Segundo a pasta, os principais problemas de aquisi\u00e7\u00e3o concentram-se na dipirona e no soro fisiol\u00f3gico.<\/p>\n
A dificuldade na compra dos rem\u00e9dios \u00e9 registrada em farm\u00e1cias e hospitais de todo o pa\u00eds. Problemas no fornecimento pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e movimentos de protesto de funcion\u00e1rios em portos e aeroportos s\u00e3o alguns dos motivos, segundo informa\u00e7\u00f5es do Estad\u00e3o.<\/p>\n
H\u00e1 ainda quest\u00f5es envolvendo a pol\u00edtica internacional: dificuldades de importa\u00e7\u00e3o de insumos, por causa da guerra na Ucr\u00e2nia e do lockdown na China s\u00e3o alguns deles. Em alguns Estados, cirurgias eletivas e tratamentos est\u00e3o sendo adiados.<\/p>\n
A situa\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o \u00e9 grave em Santa Catarina, segundo a SES. \u201cApesar das dificuldades de aquisi\u00e7\u00e3o enfrentadas em todo territ\u00f3rio nacional, Santa Catarina vem conseguindo manter seus estoques de medicamentos para os hospitais pr\u00f3prios.\u201d, informou pasta. \u201cO Estado est\u00e1 atento a esse problema e vem monitorando diariamente os estoques\u201d.<\/p>\n
O \u00faltimo levantamento do governo estadual, feito no dia 11 de abril, d\u00e1 conta do desabastecimento de 21 medicamentos. A compra de doze destes rem\u00e9dios \u00e9 de responsabilidade da pr\u00f3pria SES. Os demais s\u00e3o entregues pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade. Para contornar o problema, aquisi\u00e7\u00f5es emergenciais e importa\u00e7\u00e3o est\u00e3o sendo realizados.<\/p>\n
J\u00e1 nas secretarias municipais, que realizam principalmente a compra de medicamentos b\u00e1sicos, a dificuldade \u00e9 registra na aquisi\u00e7\u00e3o de alguns rem\u00e9dios injet\u00e1veis, segundo Daisson Trevisol, presidente do Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Sa\u00fade de Santa Catarina)<\/p>\n
\u201cAinda n\u00e3o \u00e9 nada grave. Por enquanto h\u00e1 problemas [de abastecimento] em S\u00e3o Paulo e no Rio de Janeiro, mas que devem chegar aqui tamb\u00e9m\u201d, alerta Trevisol.<\/p>\n
Abaixo est\u00e1 a lista dos medicamentos atualmente em desabastecimento. Neste link \u00e9 informada a previs\u00e3o de reposi\u00e7\u00e3o dos rem\u00e9dios.<\/p>\n
Em farm\u00e1cias e unidades de sa\u00fade de S\u00e3o Paulo \u00e9 registrada a falta de produtos b\u00e1sicos, como antibi\u00f3ticos e dipirona injet\u00e1vel, a rem\u00e9dios de alto custo, para doen\u00e7as como l\u00fapus, Guillain-Barr\u00e9 e Crohn, mostra o Estad\u00e3o.<\/p>\n
Conforme a Secretaria da Sa\u00fade paulista, dos 134 medicamentos distribu\u00eddos pela pasta federal, 22 est\u00e3o em falta no Estado (17% do total). Em Minas, dos 256 rem\u00e9dios distribu\u00eddos pela rede estadual, faltam 51 (20%). Nesta semana, o SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Cl\u00ednicas e Laborat\u00f3rios do Estado de S\u00e3o Paulo) alertou para estoques cr\u00edticos na rede privada.<\/p>\n
Presidente do SindHosp, Francisco Balestrin diz que o cen\u00e1rio \u00e9 grave. \u201cO problema de abastecimento tem m\u00faltiplas causas, sendo a principal o conflito R\u00fassia x Ucr\u00e2nia, que dificultou importa\u00e7\u00f5es e causou aumento dos pre\u00e7os dos insumos\u201d, afirma. \u201cSoma-se, ainda, a dificuldade de libera\u00e7\u00e3o dos produtos nos portos e aeroportos\u201d, acrescenta, em refer\u00eancia aos protestos de funcion\u00e1rios da Receita nas \u00faltimas semanas.<\/p>\n
Segundo o sindicato, as queixas mais frequentes incluem falta de dipirona injet\u00e1vel, que tem a\u00e7\u00e3o analg\u00e9sica, a ocitocina, usada em partos, e a neostigmina, reversor de bloqueio neuromuscular usado em anestesias gerais. Tamb\u00e9m est\u00e3o na lista de faltas os aminoglicos\u00eddeos (amicacina e gentamicina), que s\u00e3o bactericidas, e imunoglobina humana, usada no controle de desordens imunol\u00f3gicas e inflamat\u00f3rias espec\u00edficas, incluindo as s\u00edndromes de Kawasaki e de Guillain-Barr\u00e9.<\/p>\n
Em fevereiro, a Secretaria paulista e o Cosems-SP (Conselho de Secret\u00e1rios Municipais de Sa\u00fade do Estado) j\u00e1 haviam enviado documento ao minist\u00e9rio sobre o abastecimento irregular. No \u00faltimo relat\u00f3rio da Ceaf (Coordenadoria de Assist\u00eancia Farmac\u00eautica) da pasta estadual, de 12 de abril, constavam 19 medicamentos com estoque irregular, al\u00e9m de dois oncol\u00f3gicos em falta.<\/p>\n
Conforme o Consems-SP, havia previs\u00e3o de que fosse normalizado em abril o fornecimento dos oncol\u00f3gicos. Vice-presidente do conselho e titular de Sa\u00fade em Guararema, Adriana Martins diz que a falta de medicamentos tamb\u00e9m afeta pacientes com enfermidades autoimunes, como l\u00fapus e doen\u00e7a de Crohn.<\/p>\n
\u201cTemos casos de pacientes que foram obrigados a interromper o tratamento por falta desses medicamentos, que s\u00e3o muito espec\u00edficos, e outros que n\u00e3o conseguiram sequer iniciar. Isso acontece n\u00e3o s\u00f3 em S\u00e3o Paulo todo, mas tamb\u00e9m em outros Estados\u201d, afirma.<\/p>\n
A Secretaria da Sa\u00fade paulista diz que cobra o governo federal. Acrescenta que o Estado \u201capenas redistribui os medicamentos e comunica os pacientes assim que o \u00f3rg\u00e3o federal realiza as entregas e as farm\u00e1cias s\u00e3o abastecidas\u201d.<\/p>\n
J\u00e1 conforme a pasta da Sa\u00fade de Minas, o rem\u00e9dio distribu\u00eddo por sua rede \u00e9 considerado em falta quando est\u00e1 insuficiente para atender 40% da demanda. A secretaria diz se empenhar na compra de medicamentos de sua responsabilidade, inclusive mantendo o pagamento em dia de fornecedores. \u201cOs atrasos t\u00eam ocorrido pela demora da entrega pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e pelos fornecedores, bem como dificuldade de aquisi\u00e7\u00e3o de alguns f\u00e1rmacos.\u201d<\/p>\n
Unidades de sa\u00fade particulares em S\u00e3o Paulo relatam adiar cirurgias por causa da falta de medicamentos como a neostigmina, relaxante muscular que ajuda pacientes a se recuperarem da anestesia.<\/p>\n
\u201c\u00c9 necess\u00e1rio para ajudar o paciente a voltar para o quarto ap\u00f3s a cirurgia, mas j\u00e1 tem dois meses que n\u00e3o conseguimos comprar. O custo dele n\u00e3o chega a R$ 10 o frasco, mas o substituto, bridion\/sugammadex, custa quase R$ 500. Fica dif\u00edcil repassar para o paciente e, se a cirurgia n\u00e3o \u00e9 urgente, \u00e9 adiada\u201d, explica Marcelo Carlos Godofredo, dirigente do Hospital Saint Nicholas, de Suzano, na Grande S\u00e3o Paulo.<\/p>\n
J\u00e1 o Hospital Santa Elisa, em Jundia\u00ed, busca parcerias com outros estabelecimentos para a troca de medicamentos em falta. \u201cIsso foi feito durante a pandemia, com anest\u00e9sicos e kits de intuba\u00e7\u00e3o, e agora fazemos com outros medicamentos\u201d, diz Marcelo Camargo, diretor-geral do Santa Elisa.<\/p>\n
Segundo ele, a escassez de insumos vindos da Europa e da China atrapalha. \u201cO problema vem desde a pandemia e se agravou com a guerra. H\u00e1 falta de cont\u00eaineres, de navios e houve aumento global de pre\u00e7os.\u201d<\/p>\n
A ABCD (Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Colite Ulcerativa e Doen\u00e7a de Crohn), que auxilia pacientes e familiares, participa do Movimento Medicamento no Tempo Certo. O grupo se dedica a mapear a distribui\u00e7\u00e3o de medicamentos nas farm\u00e1cias de alto custo. De 1\u00ba de janeiro a 28 de fevereiro, o movimento recebeu 2.801 relatos de pacientes e cuidadores, reportando a falta de 63 medicamentos nas farm\u00e1cias de alto custo em 21 Estados.<\/p>\n
Nas prateleiras das farm\u00e1cias comerciais, a escassez tamb\u00e9m \u00e9 notada. A reportagem percorreu farm\u00e1cias das zonas norte, sul e leste da capital paulista nesta quarta-feira, 20, e constatou a dificuldade para encontrar os medicamentos Novamox 400mg, Amoxicilina pedi\u00e1trica, principalmente de 250mg, Deposteron 200mg e Noripurum 100mg (mastig\u00e1vel e injet\u00e1vel), usado contra anemias.<\/p>\n
\u201cJ\u00e1 faz mais de dois meses que n\u00e3o tenho esses rem\u00e9dios na farm\u00e1cia. E s\u00e3o muito procurados. Nosso estoque n\u00e3o supriu a demanda\u201d, afirma Roberto Silva, de 25 anos, gerente da Droga Raia, na Pra\u00e7a Silvio Romero, zona leste paulistana. O medicamento para tratamento hormonal, o Deposteron 200mg, est\u00e1 em falta desde o fim de 2021, segundo farmac\u00eauticos. S\u00f3 em duas farm\u00e1cias, da zona leste e em outra da zona norte, foram localizadas uma ou duas unidades do rem\u00e9dio em estoque.<\/p>\n
Segundo Lucas Daniel, de 20 anos, auxiliar de farmac\u00eautico da Drogasil no Lim\u00e3o, na zona norte, esses medicamentos s\u00e3o muito procurados. \u201cNo momento, tenho somente duas unidades do Deposteron. Mas esses medicamentos chegam pouco e, quando chegam, vendemos logo. Hoje tenho s\u00f3 duas unidades na loja\u201d, disse.<\/p>\n
Desde o surto da gripe no fim de 2021, o antibi\u00f3tico Novamax 400mg, que sai por R$ 130, \u00e9 outro medicamento que est\u00e1 em falta em muitas redes de farm\u00e1cias das zonas norte e leste. Em farm\u00e1cias do Brooklin, na zona sul, e da Vila Matilde e Ponte Rasa, na zona leste, somente algumas unidades ainda estavam dispon\u00edveis na manh\u00e3 desta quarta-feira.<\/p>\n
Em Sorocaba, no interior, a designer Liz Guedes relata perrengue semelhante. O noripurum injet\u00e1vel, usado no tratamento de anemia, estava em falta em todas as farm\u00e1cias da regi\u00e3o em que mora, na zona leste da cidade.<\/p>\n
\u201cConsegui achar em uma farm\u00e1cia da zona oeste, pedi para reservar e fiz uma verdadeira viagem para buscar\u201d, disse. J\u00e1 o resolor, indicado para constipa\u00e7\u00e3o intestinal, ela s\u00f3 achou depois de procurar em uma dezena de farm\u00e1cias. \u201cEles diziam apenas que estava em falta\u201d, disse.<\/p>\n
Tamb\u00e9m de Sorocaba, a aposentada Eleni Segamarchi conta que, na semana passada, procurou o xarope mucosolvan em uma farm\u00e1cia da Santa Ros\u00e1lia, bairro onde mora. \u201cFui \u00e0 farm\u00e1cia e n\u00e3o tinha. Foi a primeira vez que isso aconteceu, pois \u00e9 um rem\u00e9dio muito b\u00e1sico\u201d, afirma.<\/p>\n
Dono de uma farm\u00e1cia em Belo Horizonte, Francisco Emerlindo Dias reclama da falta de medicamentos desde janeiro e conta que seu faturamento mensal caiu em 8%. \u201cTivemos uma sazonalidade de gripe at\u00edpica em janeiro, devido a alta da \u00d4micron com sintomas semelhantes e at\u00e9 mesmo da gripe comum. Janeiro foi de escassez mesmo e muita dificuldade de atender a clientela, e at\u00e9 agora sentimos que os estoques n\u00e3o est\u00e3o normalizados e os fabricantes est\u00e3o com dificuldade de repor a tempo da sazonalidade tradicional que \u00e9 de abril a junho\u201d, conta.<\/p>\n
Na Drograria do Dias, est\u00e1 em falta a Amoxicilina pura 400 mg, a Amoxicilina combinada com clavulanato, a Amoxicilina, os antial\u00e9rgicos fexofenadina e desloratadina, al\u00e9m do cortisona infantil fosfato de prednisolona. \u201cEstamos realmente preocupados em como atender a sazonalidade de doen\u00e7as durante o outono\u201d, reclama.<\/p>\n
Assessor jur\u00eddico do Sincofarma-SP (Sindicato do Com\u00e9rcio Varejista de Produtos Farmac\u00eauticos de S\u00e3o Paulo), Rafael Espinhel diz que alguns medicamentos, como amoxicilina e paracetamol, est\u00e3o com falta de mat\u00e9ria-prima porque a demanda global est\u00e1 maior que a capacidade dos fabricantes da China e da \u00cdndia.<\/p>\n
\u201cTem tamb\u00e9m o lockdown nos dois maiores portos da China, que t\u00eam dificultado o embarque e desembarque dos insumos\u201d, observou. Segundo ele, h\u00e1, de fato, falta de medicamentos em drogarias, em S\u00e3o Paulo, \u201cmas ainda n\u00e3o representa percentual alto, visto que os estabelecimentos tinham bom volume de estoque\u201d.<\/p>\n
O Sindusfarma (Sindicato da Ind\u00fastria de Produtos Farmac\u00eauticos) informou n\u00e3o ter recebido, at\u00e9 agora, nenhum relato das ind\u00fastrias farmac\u00eauticas associadas sobre problemas na produ\u00e7\u00e3o e distribui\u00e7\u00e3o dos medicamentos citados na reportagem. Procurado, o minist\u00e9rio ainda n\u00e3o se manifestou.<\/p>\n
Sobre a opera\u00e7\u00e3o-padr\u00e3o dos auditores fiscais da Receita Federal, o \u00f3rg\u00e3o informou que n\u00e3o se manifesta sobre a greve. Desde o fim de 2021, servidores do fisco fazem paralisa\u00e7\u00f5es e seguram cargas como forma de pressionar o governo federal para recompor o or\u00e7amento do \u00f3rg\u00e3o e regulamentar um b\u00f4nus de efici\u00eancia pago aos auditores.<\/p>\n
*A reportagem do ND+ conta com informa\u00e7\u00f5es do Estad\u00e3o, que teve colabora\u00e7\u00e3o da rep\u00f3rter Marina Rigueira.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A SES (Secretaria Estadual de Sa\u00fade) registra nesta segunda-feira (25) o desabastecimento de 21 medicamentos em Santa Catarina. Segundo a pasta, os principais problemas de aquisi\u00e7\u00e3o concentram-se na dipirona e no soro fisiol\u00f3gico. A dificuldade na compra dos rem\u00e9dios \u00e9 registrada em farm\u00e1cias e hospitais de todo o pa\u00eds. Problemas no fornecimento pelo Minist\u00e9rio da […]<\/p>\n","protected":false},"author":45,"featured_media":182885,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[71,72],"tags":[5],"acf":[],"yoast_head":"\n