Adolescentes apresentam piora na saúde mental durante a pandemia

saúde

O brasileiro nunca buscou tanto por termos relacionados a transtornos mentais quanto durante a pandemia. Segundo dados fornecidos pelo Google, pesquisas sobre o tema em 2020 tiveram alta de 98%, comparado com a média verificada na última década.

Não é novidade que a pandemia de Covid-19 acabou afetando negativamente a saúde mental de pessoas de todas as idades. No entanto, lidar com as incertezas e mudanças bruscas na rotina pode ser ainda pior para quem já está passando por uma fase da vida marcada por transformações, mudanças hormonais, turbulência e sensibilidade emocional. Para os adolescentes, o impacto desta crise tende a ser ainda mais significativo.

Privados de encontrar os amigos, afastados da sala de aula, no confinamento com a família e a inevitável distância de sua rede socioafetiva são alguns dos principais problemas que os jovens estão tendo que lidar. Essas dificuldades provocadas pelas restrições e privações do período de isolamento social estão impactando a saúde mental dos jovens e necessidades próprias ao bem estar.

É o que demonstra um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia. De acordo com os dados analisados pela pesquisa, 67,65% dos participantes tiveram um aumento de ansiedade, mudanças de humor e irritabilidade, e 76% apresentaram um afastamento do convívio com os amigos e colegas.

Outra pesquisa nacional que avalia a perspectiva dos alunos e familiares sobre a educação não presencial, realizada pelo instituto Datafolha, está acompanhando mais de mil crianças e adolescentes desde maio. Na terceira fase de coleta de dados, o estudo constatou um aumento no número de relatos de jovens que sentem falta de motivação, dificuldade em manter uma rotina e sentimentos como tristeza, ansiedade e irritação.

A adolescência já representava uma condição de alerta aos transtornos mentais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as condições de saúde mental são responsáveis por 16% das doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos, sendo a depressão e o suicídio as principais causas de morte. Isso porque a faixa etária é mais sensível ao estresse; segundo especialistas, a maneira com que o adolescente responde a situações de estrese é mais exacerbada em comparação aos adultos.

Algumas práticas e atitudes podem ser adotadas pelos jovens e adolescentes para aliviar o problema. O sono regulado, estabelecer uma rotina, a prática regular de atividade física de qualquer tipo, e exposição ao sol são algumas ações que têm um efeito poderoso sobre o humor, a disposição e a capacidade de concentração. Estabelecer a boa convivência entre a família e manter uma rede socioafetiva, mesmo que virtualmente, também é fundamental.

É importante que pais e familiares estejam atentos. Alterações bruscas de comportamento e de sociabilidade são sinais de alerta. Excesso de irritabilidade, agressividade, intensificação do isolamento e mudanças dos padrões de sono e de alimentação podem indicar instabilidade emocional e até depressão, sendo necessária ajuda profissional.