A Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família (SAS) estuda o lançamento de uma política estadual para desenvolvimento das comunidades indígenas de Santa Catarina. O assunto foi tema de uma reunião com representantes da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e com o Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira, 17. O objetivo é que os povos tenham sua cultura preservada, mas que possam desenvolver atividades que garantam seu sustento e autonomia.
Para criar a nova política a SAS vai realizar reuniões em aldeias de todo o estado e ouvir as necessidades dos mais de 21 mil indígenas de todas as regiões e todas as etnias: sendo Guarani, Xokleng e Kaingang as mais predominantes em Santa Catarina.
“Vamos percorrer todas as comunidades indígenas, ter rodas de conversa e criar um plano de desenvolvimento para esses povos. É um marco porque estamos virando a página, construindo políticas públicas de desenvolvimento, de respeito e valorização a toda a população indígena. O Governo ganha muito com isso e as comunidades indígenas também”, disse a secretária da SAS, Maria Helena Zimmermann.
Depois desse levantamento a Epagri será parceira para elaborar estratégias para fortalecer a produção para autosustento nas aldeias ou até mesmo a venda de alguns produtos, de acordo com as características de cada etnia.
Marco Antônio Oliveira da Silva, cacique da Aldeia Maciambu, em Palhoça, esteve presente na reunião e avaliou o projeto. “É muito importante porque é a primeira vez que está acontecendo isso. É fundamental o Estado estar indo nas aldeias, conhecer nossa a realidade porque muitas pessoas nos atacam por não conhecer a gente”, falou.
A procuradora da república, Analúcia Hartmann, ressalta que essa aproximação entre o Estado e os indígenas traz avanços históricos. “Do ponto de vista do MPF é muito importante. É uma conversa que há mais de 20 anos foi rompida e os indígenas realmente têm uma demanda muito grande desse tipo de aporte, de construção de projetos de autossustentação para que eles possam ter renda e manter sua cultura e laços familiares em seu território. Estamos com muita confiança que as coisas funcionem bem”, declarou.
Ela elogiou ainda a iniciativa da visita do Estado nas aldeias. “É perfeito como estratégia para esse tipo de projeto, mas mais do que isso, demonstra respeito pelas comunidades indígenas em ir ao local conhecer as suas fragilidades, mas também os seus dados fortes que são a cultura diferenciada”, finaliza a procuradora.