
Com o avanço da variante Ômicron e a nova onda de contaminações pela Covid-19, o Ministério da Saúde solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na noite de quinta-feira (13), a autorização para o uso de autotestes no Brasil. A pasta justifica que a autotestagem pode ser uma estratégia de triagem importante neste momento em que o contágio pela doença é grande e muitas pessoas não conseguem ter acesso aos testes pelo SUS ou por laboratórios da rede privada.
O debate já ocorre há alguns meses em outros países: a Alemanha distribui kits para realização de autotestes em escolas e creches desde o início de 2021, já no Reino Unido, eles são enviados todas as semanas gratuitamente por correio à população. Os Estados Unidos anunciaram um amplo programa para a distribuição de 500 milhões de testes em dezembro de 2021.
No Brasil, no entanto, os autotestes são proibidos por uma portaria de 2015 da Anvisa, que impede a autotestagem no caso de doenças que requerem notificação compulsória às autoridades sanitárias – o caso da Covid-19.
Em nota a veículos da imprensa, a agência afirmou que a decisão pode ser revista pela Diretoria Colegiada, com a publicação de uma nova resolução. Para isso, no entanto, o Ministério da Saúde teria que estipular uma política pública clara que garantisse orientações à população.
Na nota técnica enviada à agência, a pasta já prevê algumas instruções que devem estar presentes nas embalagens do autoteste, como:
- Alertas, precauções e limitações do teste, evidenciando a possibilidade de resultados falso negativos
- Dados sobre o método utilizado para detecção e a respeito do tempo de incubação do coronavírus
- Alerta sobre a necessidade de repetição do teste em caso de persistência dos sintomas, bem como orientações para buscar atendimento médico
- Ilustrações que orientem sobre a realização do exame e a interpretação dos resultados
Como o autoteste é feito
A autotestagem é feita pelo mesmo tipo de exame utilizado hoje nas farmácias, o de antígeno. Diferente do teste RT-PCR, que detecta o RNA do vírus, o antígeno localiza as proteínas do novo coronavírus, e por isso a eficácia é um pouco menor (em torno de 85%). Ele apresenta, no entanto, uma grande vantagem: o resultado sai em menos tempo, entre 15 e 30 minutos. Além disso, o procedimento para realização do teste e leitura do resultado é bem simples. Confira o passo a passo:
– Primeiro, é feita a coleta do material que será analisado. Um swab nasal (parecido com um cotonete de haste mais longa) é inserido em cada uma das narinas e girado algumas vezes, para garantir a adesão do material nas cerdas.
– Em seguida, o swab é mergulhado em um tubo preenchido com o líquido reagente, que também faz parte do kit de autoteste. É necessário fazer movimentos circulares com o swab para misturar bem o material coletado ao líquido.
– Com um conta-gotas, o material do tubo é depositado no local indicado da tira de testagem. São necessárias apenas três ou quatro gotas.
– Em cerca de 15 minutos, o resultado começa a aparecer. Apenas uma linha ao lado da letra “C” indica resultado negativo. Uma linha ao lado da letra “T” indica que o resultado é inválido. Duas linhas, uma ao lado de cada letra, indicam resultado positivo para a Covid-19.