Confinamento não reduziu os níveis recordes de gases de efeito estufa

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Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a paralisação da economia mundial no período em que estavam em vigor medidas rígidas de confinamento quase não terão impacto na curva de crescimento das concentrações atmosféricas do dióxido de carbono, causador das mudanças climáticas, portanto, não significarão uma redução no acúmulo de gases que esquentam o planeta. Como consequência, níveis recordes serão novamente atingidos.

A OMM, uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentou virtualmente o boletim anual sobre a evolução dos três principais gases responsáveis pelo efeito estufa: CO2, metano e óxido nitroso. Segundo o boletim, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera bateu recorde em 2019, ultrapassando o limite de 410 partes por milhão (ppm), o que equivale a quase 48% a mais que os níveis pré-industriais, quando essa concentração girava em torno de 278 ppm. O aumento anual é ainda maior do que o de 2018, e supera a média da última década.

 O documento se concentra nos dados fechados de 2019, quando as concentrações atmosféricas desses três gases voltaram a crescer. Apesar disso, a organização já apresentou estimações para o ano de 2020, que continua com a mesma tendência de alta que no ano anterior. Os cálculos preliminares indicam que as emissões de CO2 feitas pelo ser humano diminuirão entre 4,2% e 7,5% este ano, ainda que os números possam variar de acordo com as medidas de confinamento, principalmente se endurecidas ainda na reta final de 2020.

Em qualquer cenário, a OMM afirma que, “em escala mundial, uma redução das emissões dessa magnitude não permitirá diminuir a concentração de dióxido de carbono atmosférico”. A redução apenas fará com que a concentração aumente “a um ritmo ligeiramente menor”. A curto prazo, o impacto das medidas de confinamento não se diferencia da variabilidade natural, conforme explica a organização.

Cerca de metade do CO2 emitido pelo homem acaba se acumulando na atmosfera (a outra metade é capturada pela vegetação e pelos oceanos). Portanto, esse gás permanece concentrado na atmosfera durante séculos. Essas emissões têm crescido desde o século 19, na época pré-industrial, se acentuando principalmente nas últimas décadas.  O ritmo foi tão elevado que “a última vez em que se registrou na Terra uma concentração de dióxido de carbono comparável foi entre três e cinco milhões de anos atrás”, revelou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

O dióxido de carbono é o gás que mais contribui para o aquecimento global, mas outros gases também preocupam, como o metano. No ano passado, por exemplo, a concentração de metano voltou a bater recorde. O gás é o que retém mais calor, mas só permanece na atmosfera por uma década.  Segundo a OMM, cerca de 40% das emissões de metano procedem de fontes naturais (como os pântanos) e os 60% restantes se devem a atividades vinculadas com o ser humano, como a pecuária, a agricultura, os combustíveis fósseis e a gestão de resíduos.