Entenda por que os casos de gripe estão explodindo em SC

Nos últimos respiros de 2021, Santa Catarina enfrenta aumento de casos de gripe. Foram detectados entre o fim de novembro até o dia 22 dezembro 53 casos da influenza A – a linhagem do vírus responsável por provocar surtos. Até então três ocorrências haviam sido detectadas. Os dados são da Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica).

Os casos foram identificados pelas Unidades Sentinelas da Dive – não são todas as suspeitas que são submetidas ao teste. A Diretoria ainda não sabe quantos pacientes apresentaram SRAG (Síndrome Respiratório Aguda Grave), manifestação mais grave da gripe e que leva ao comprometimento da função respiratória, hospitalização e até mesmo morte.

Durante o ano de 2020, 37 moradores de Santa Catarina apresentaram SRAG por gripe (influenza). Destas, duas pessoas não resistiram – ambas tinham H1N1, um subtipo da linhagem A. A Dive/SC informou que conclui o levantamento dos dados referentes a 2021 ainda nesta semana.

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também acompanha o surto no Estado. A instituição classificou no último dia 9 de dezembro Santa Catarina entre os estados em nível alto para o aumento de casos de SRAG, que podem incluir também casos de Covid-19. Quanto à influenza, SC tem tendência de queda nos casos a longo prazo.

Baixa imunização e epidemias “distantes” favorecerem proliferação

Entre os novos registros, 33 são do tipo H3N2, responsável pela explosão de casos de gripe em outros estados brasileiros. É dessa “família” que faz parte a “cepa Darwin”. Ainda não há como determinar se as infecções em SC foram provocados por esse subtipo.

Para o pesquisador Fernando Motta, da Fiocruz, um dos motivos da alta disseminação é o fato de não enfrentarmos epidemias do vírus no último ano. “A falta de circulação fez com que não tivéssemos contato com o vírus Influenza e não rememoramos nosso sistema imunológico a combater o vírus”, explica.

A baixa imunização contra a Influenza neste ano, por conta da pandemia de Covid-19, e o fato da cepa Darwin ser “diferente” dos subtipos combatidos nas campanhas de imunização também favoreceram a proliferação. Apenas 67.4% dos catarinenses aptos para tomar a vacina da gripe em 2021 compareceram nos postos, segundo o Ministério da Saúde.

“Nós retomamos agora com esse subtitpo H3N2, presente na população humana desde 1968. Logicamente, a medida que os anos passam, alterações vão acontecendo e esse subgrupo está associado à cepa Darwin”, explica Mota.

 

Cuidados

O pesquisador ressalta que os cuidados contra a Influenza são semelhantes aos utilizados contra a Covid-19. A Dive lista as seguintes medidas de precaução:

  • Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel;
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir o nariz e boca com o antebraço ao espirrar ou tossir;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Manter o uso da máscara, especialmente nos locais pouco ventilados ou em que não é possível manter o distanciamento social;
  • Manter os ambientes bem ventilados;
  • Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe;
  • Evitar sair de casa em período de transmissão da doença;
  • Evitar aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados); e
  • Adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.