A ameaça das Fake News no combate à pandemia

Fake News

Problemas relacionados à criação e divulgação de mentiras não é novidade. Os famosos “boatos” estão presentes na humanidade desde muito antes da invenção da imprensa, afinal, a mentira é tão velha quanto a própria civilização. Isso ganhou força viral após a globalização proporcionada pela internet. A situação se intensifica quando se trata de posicionamento político ou ideológico, e com o surgimento de uma pandemia, não seria diferente.

Apesar de não parecer, as informações falsas, principalmente quando se tratam de saúde, trazem graves consequências. Durante uma situação tão delicada como a que estamos enfrentando com a Covid-19, a divulgação de informações e denúncias falsas vêm crescendo. Apesar de algumas serem facilmente identificadas, como nas mensagens que garantem que a rede 5g é a responsável pela infecção do vírus, as informações caluniosas podem induzir a comportamentos arriscados, além de representarem ameaça real no combate à doença.

O problema é um alerta, principalmente nos últimos meses em que a elaboração de vacinas se tornou um assunto bastante comentado e divulgado pela mídia. Segundo um estudo realizado pela União Pró-Vacina da USP (Universidade de São Paulo), de maio a julho deste ano, a produção de Fake News sobre a vacina quase quadruplicou no Brasil, saltando de 18 para 87 publicações nas redes sociais.

A maior parte, cerca de 27% das publicações falsas tratavam sobre conspirações a respeito da fabricação do antiviral, e 24,5% falam da ineficácia ou perigos da vacinação. Outros 14,8% dos conteúdos falsos dizem que a vacina causa alterações no DNA. E, juntando o movimento antivacina e pró-vida, 8,4% das fake news falam que a vacina é feita de fetos abortados.

Mesmo antes de ficar pronta e começar a ser distribuída, a vacina contra a Covid-19 já enfrenta certa resistência na população brasileira. Segundo uma pesquisa do Datafolha, com mais de 2 mil pessoas, ao menos 9% dos entrevistados não pretendem se vacinar contra o novo coronavírus. Nos EUA e Reino Unido, o número é ainda maior: um em cada três americanos recusaria a imunização, segundo o instituto Gallup, enquanto 16% dos britânicos se recusaria a tomar a vacina, segundo o instituto Ipsos Mori.

As autoridades temem que, junto com o aumento dos ataques contra vacinas, a parcela da população que crê nesse tipo de teoria também cresça, interferindo nos esforços para imunizar número suficiente de pessoas para acabar com a pandemia.