
A alta cobrança de impostos sobre itens comuns do dia a dia deixa a maternidade ainda mais desafiadora no Brasil. Um estudo feito pelos especialistas do Instituto Brasileiro de Gestão e Planejamento Tributário (IBGPT), com sede em Balneário Camboriú (SC), mostra que uma compra de itens básicos para cuidado dos filhos e o pagamento de contas da casa – luz, água e gasolina – poderia sair quase 50% mais em conta se não houvesse a incidência de tributos.
Os dados apurados pelo instituto mostram que 44,20% de um shampoo infantil são impostos. No pacote de fraldas, a taxação é de quase 35%, enquanto num talco a porcentagem chega a 49,42%. No preço dos cremes hidratantes, que entram na categoria dos cosméticos, os impostos somam mais de 55%. Já nas contas de casa, o recolhimento começa em 24% na conta de água, passa por 48,28% na conta de luz e ultrapassa 60% quando o gasto é com gasolina.
“Nessa conta entram os impostos visíveis e invisíveis, que vêm acumulados da cadeia produtiva. É sempre o consumidor quem paga a conta, então o impacto é ainda maior no bolso das famílias mais pobres e das mães solo. Podemos dizer sem medo de errar que quase metade da renda delas é só para pagar imposto”, analisa o advogado tributarista e diretor do IBGPT, Thiago Alves.
Segundo ele, o resultado dessa situação é a baixa no poder de compra. Somada à inflação, que ficou em 4,65% no acumulado dos últimos 12 meses, a alta incidência de impostos sobre o consumo faz com que muitas mães fiquem impossibilitadas de comprar produtos necessários para os cuidados pessoais e com a saúde, higiene e bem-estar dos filhos.
“Quando o salário é só para comprar o básico, mas o básico custa caro, nem isso você consegue ter. Se queremos mais justiça social para as mães brasileiras, precisamos reduzir o imposto sobre o consumo. Senão vamos ter que continuar cada vez mais investindo em assistencialismo, porque é impossível para uma mãe de baixa renda comprar tudo o que precisa para viver com dignidade hoje”, finaliza Thiago.