Motorista de aplicativo é homenageado com grafite em prédio no Centro de Florianópolis

Motorista

Uma obra gigante vem chamando a atenção de quem passa pela Avenida Tenente Silveira, no Centro de Florianópolis. Uma pintura de 700 m² foi feita e retrata a história de um motorista de aplicativo.

Na imagem, Mário Mariano de Assis, de 56 anos, aparece junto com a esposa, Elza, e, “de peito aberto”, mostra o amor pelos netos. A obra levou 30 dias para ficar pronta.

A iniciativa foi organizada por uma empresa que trabalha com a curadoria de artistas e desenvolve projetos de intervenções culturais nas cidades. A artista convidada em Santa Catarina foi Gugie Cavalcanti, de 28 anos. A grafiteira já havia pintado outro painel gigante, da deputada e professora Antonieta de Barros. Os dois ficam frente a frente, e mostram vidas e histórias diferentes.

“Quando eu perguntei as histórias mais marcantes da vida do ‘Seu Mário’, estava sempre atrelado a este casamento de 36 anos. Essa batalha e luta de criar uma família. Aí eu falei: ‘tenho que retratar isso’. Eu precisava mostrar, ali dentro do peito dele, toda essa história, todo esse afeto”, disse a artista.

Os homenageados são Mário Mariano de Assis e a companheira dele, Elza de Assis. Os dois são retratados com alguns dos netos.

“Foi uma surpresa muito grande. O próprio aplicativo [que trabalho] me deu um abraço dizendo ‘você está fazendo alguma coisa importante’. Isso mostra que a felicidade está em pequenas coisas”, afirmou o motorista.

O processo de concepção da obra começou em 4 de dezembro. Nos dias seguintes, a artista e o motorista se encontraram para conversar e fazer as fotos que seriam usadas para formar o layout da obra.

“Eu dei uma provocada [durante a conversa] sobre a história do casal. Neste momento, a Elza deitou no peito dele e foi bem natural e bem bonito capturar aquele momento”, disse Gugie.

A inauguração ocorreu no dia 5 de janeiro. Além de mostrar a história de amor de Mário, a artista acredita que a obra também é uma forma de combater o racismo e o machismo.

“Acho que a nossa presença nos murais de forma afetuosa, com autoestima, bem-star e dignidade é muito importante. A cada mural que faço reflete muito de nós nestes espaços e isso é muito importante[…] Também é importante trazer no homem essa relação de afeto com a família, porque temos aquele estigma do homem durão e provedor. Por isso, é interessante mostrar este lado emocional e afetivo”, finaliza a grafiteira.