Musculação mental: prática de mindfulness ajuda a lidar com a ansiedade provocada pela pandemia

A rotina do século XXI é bastante exigente: prazos, atividades a serem realizadas em um curto período de tempo, acúmulo de tarefas e pressa constante. Antes de 2020, o termo “estresse” já era bastante mencionado, e com a pandemia, a situação se agravou.

Apesar da retomada das atividades já estar caminhando para o “novo normal”, com as restrições e cuidados básicos, as incertezas e a exaustão provocadas pela pandemia ainda estão presente na rotina da sociedade. Afinal, uma série de comportamentos e hábitos tiveram que ser modificados, e estamos em vigilância constante para não cometer erros que possam colocar nossa vida em perigo.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nos meses de maio, junho e julho deste ano revela que ao menos 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa após o início da pandemia, e 68% relataram sintomas depressivos. Segundo uma especialista, estes transtornos psiquiátricos têm como base o estresse.

Para amenizar a situação, diversas atividades começaram a ser incluídas na vida dos “estressados”, e práticas de relaxamento se tornaram ainda mais populares, como é o caso da meditação. Segundo dados do Google, a busca pelos termos “meditação” ou “mindfulness” bateram recorde. A pergunta “como fazer meditação para ansiedade” cresceu 4.000% em relação ao ano passado.

Mas o que é mindfulness? Essa prática vem se tornando cada vez mais famosa, e busca ampliar a atenção no momento presente. “O mindfulness, ou ‘atenção plena’, é um treino mental baseado em práticas de meditação. A técnica tem sido recomendada por profissionais como prevenção em saúde mental e também para gestão de estresse, ansiedade, quadros depressivos, dentre outros”, explica a psicóloga especialista em psicoterapia baseada em Mindfulness, Caroline Casagrande.

Segundo estudo da Universidade da Califórnia, durante a meditação, a enzima telomerase (ligada ao sistema imunológico) tem sua ação intensificada, então a pessoa que medita tem suas defesas ampliadas e consegue lidar melhor com o estresse também. “Ao praticar mindfulness, você ativa a neuroplasticidade cerebral, promovendo a saúde integral”, menciona Caroline.

Ela ainda explica que essa neuroplasticidade ativa as conexões neuronais e libera substâncias no organismo que propiciam sensação de bem estar, atuando na regulação da amígdala cerebral, estrutura responsável por ativar o “modo defesa” que, quando em ação, aumenta a liberação de cortisol. “A prática permite a autorregulação, possibilitando com que possamos responder adequadamente às situações”, destaca a especialista.

Outros efeitos de praticar a meditação são a melhora na qualidade do sono e em sintomas de depressão, o que fortalece o sistema imunológico e desenvolve gratidão, bem como o foco e a concentração.

Caroline afirma que, para os interessados, a prática pode começar com pequenas pausas diárias. “Você pode praticar formalmente, reservando um tempo de seu dia para algum exercício da técnica, ou informalmente, incluindo em atividades de seu cotidiano. Caso queira experimentar a prática formal, existem vários vídeos no YouTube com meditações para iniciantes.”