Na CPI, Mayra Pinheiro vai defender tratamento precoce

CPI

Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, pretende apresentar aos senadores da CPI da Pandemia pesquisas científicas que embasaram ações do governo federal no estímulo ao uso de ivermectina e hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. A médica foi convocada para CPI como testemunha e será a oitava a depor na comissão do Senado que investiga possíveis omissões do governo federal durante a pandemia.

A preparação para a oitiva reúne artigos, estudos clínicos e pesquisas feitas fora do Brasil sobre a eficácia dos medicamentos nas fases iniciais da doença. A ideia é insistir, diante dos parlamentares, que há evidências científicas de que as substâncias poderiam diminuir as chances de internação e morte por Covid-19.

A reportagem teve acesso às tabelas que serão incluídas na apresentação. No caso da Ivermectina, os estudos tratam ainda da administração de doses de forma profilática para a redução de mortalidade. Durante o depoimento, a secretária deve ressaltar, porém, que os medicamentos não são recomendados em doses altas e nem na fase avançada da doença. E que devem ser usados com orientação médica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já concluiu que a hidroxicloroquina não funciona no tratamento contra a Covid-19 e alertou ainda que o uso pode causar efeitos adversos. Em março deste ano, um grupo de pesquisadores da organização recomendou que os estudos dos medicamentos como meio de prevenção sejam encerrados.

 

Tratamento precoce

Mayra Pinheiro ganhou projeção no Ministério da Saúde com a defesa do chamado “tratamento precoce”. Na Comissão Parlamentar de Inquérito foi alvo de quatro requerimentos. Nas justificativas para a convocação na CPI, os senadores citam ainda a necessidade de investigar a eventual participação da médica no colapso do sistema de saúde em Manaus.

Em janeiro de 2021, ela coordenou uma visita ao Amazonas e incentivou o uso do “tratamento precoce” pelos profissionais de saúde. Dias depois, a capital do estado  enfrentou um colapso no sistema de saúde e falta de cilindros de oxigênio nos hospitais.

 

Defesa

Mayra Pinheiro vai ao Senado acompanhada por dois advogados. Nesta semana, um pedido de habeas corpus apresentado pela equipe de defesa foi negado pelo Supremo Tribunal Federal. O documento citava a necessidade de  preservar o direito da testemunha de não se auto incriminar, o que inclui a possibilidade de ficar em silêncio. A defesa da secretária alegou que o objetivo do pedido à suprema corte era evitar respostas induzidas. E afirmou que o depoimento será usado como uma oportunidade para “contar fatos reais e defender a verdade”.