Pessoas acima de 60 anos emitem mais gases poluentes, aponta estudo

Um novo estudo sobre pegada de carbono aponta que, quando o assunto são gerações, os baby boomers são os maiores vilões na emissão de gases poluentes. Só em 2005, pessoas com mais de 60 anos foram responsáveis por emitir 25% dos gases de efeito estufa. Dez anos depois, em 2015, o número chegou a 33%.

“Os mais velhos costumavam ser econômicos. A geração que experimentou a Segunda Guerra Mundial foi cuidadosa com o consumo, mas os ‘novos idosos’ são diferentes”, diz Edgar Hertwich, professor de Ecologia Industrial, em comunicado.

Segundo a pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, publicada em 9 de março no periódico Nature Climate Change, em 2005 pessoas acima de 60 anos tinham uma pegada de carbono menor do que as faixas etárias de 30 a 44 e de 45 a 59 anos. Dez anos depois, em 2015, os idosos alcançaram o mesmo nível da faixa de 45-59 anos, ultrapassando as anteriores.

“Os baby boomers têm padrões de consumo diferentes da ‘geração quieta’ que nasceu no período 1928-1945. Os idosos de hoje gastam mais dinheiro em imóveis e consomem mais energia e alimentos”, explica Hertwich.

A pesquisa mapeou as emissões de gases de efeito estufa por idade, durante os anos de 2005, 2010 e 2015, na Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Japão e 27 países da União Europeia. Os resultados mostraram que os idosos são responsáveis por uma parcela crescente das emissões de gases de efeito estufa nos 32 países; principalmente no Japão, onde o grupo foi culpado de mais da metade das emissões.

Para o pesquisador Heran Zheng, o grupo de pessoas com mais de 60 anos já deve ter ultrapassado a faixa de 45-59 anos desde 2015, chegando no topo da escala de emissões. “Os hábitos de consumo dos idosos são mais rígidos. Um exemplo de melhoria seria que as pessoas se mudassem para casas menores assim que seus filhos saíssem de casa”, diz.

O fato de idosos terem uma pegada de carbono maior que outras faixas etárias não é uma boa notícia. A cada ano que passa a população mundial envelhece, projeções indicam que, até 2050, o número de idosos deve dobrar nos países que participaram do estudo. Zheng acredita que é importante que políticos estejam cientes do impacto que o envelhecimento da população no meio ambiente. “Esperamos que comunidades habitacionais, sistemas de transporte e infraestrutura mais amigáveis aos idosos possam ser construídas.”

“Mesmo que a renda diminua na aposentadoria, idosos de países mais desenvolvidos acumularam riquezas, principalmente no mercado de imóveis”, acrescenta Zheng.  “Muitos viram um grande aumento no valor de suas propriedades, desse modo eles conseguem manter seu alto consumo – principalmente quando se trata de energia. Este não é o caso em todos os países, mas reflete o quadro geral.”

Quando se trata do número de emissão de gases por pessoa, idosos na Austrália e nos EUA são os maiores produtores, acumulando 21 toneladas em 2015 – quase o dobro da média europeia. Na Europa, os idosos de Luxemburgo têm as maiores emissões, com 19 toneladas, seguidos da Inglaterra, Noruega, Finlândia e Irlanda. Idosos na Romênia, Lituânia, Hungria, Croácia e Estônia representam as menores emissões por pessoa.

A boa notícia é que o estudo também indicou que todos os grupos etários reduziram suas emissões entre 2005 e 2015. Os jovens lideram a tendência de queda; pessoas com menos de 30 anos reduziram suas emissões anuais em 3,7 toneladas durante o período. Os de 30 a 44 anos reduziram as emissões em 2,7 toneladas e o grupo de 45 a 59 anos, em 2,2 toneladas. Pessoas com mais de 60 anos tiveram o menor declínio, apenas 1,5 tonelada.

Além disso, a pegada de carbono de idosos tende a ser mais local. Faixas etárias mais jovens consomem mais bens importados, itens de vestuário, eletroeletrônicos e móveis, que geram emissões em outros países.