Quase 200 pessoas morreram na fila por leito de UTI em SC em março

leito de UTI

Apenas nos primeiros 22 dias de março, 194 pessoas morreram em Santa Catarina esperando por um leito de  UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19. O número foi contabilizado mais precisamente até às 18h22 e faz parte da informação solicitada pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), por meio da 33ª Promotoria de Justiça, e confirmada pela Superintendência de Serviços Especializados e Regulação do Estado.

O pedido foi assinado pelo promotor Luciano Trierweiller Nascheweng no dia 22 de março, data da última atualização encaminhada pelo Governo do Estado dando conta de 194 óbitos na fila de espera, só no mês de atual.

 

 

Os números estão sob análise do MPSC e servem para instruir o procedimento que o próprio órgão ajuizou, no último dia 10 de março, em que orientou o Executivo a estender o fechamento das atividades por 14 dias e não apenas aos finais de semana, como foi estipulado na ocasião.

O pedido faz parte do processo administrativo instaurado para acompanhar o controle e prevenção de proliferação do coronavírus no Estado de Santa Catarina.

 

Mortes corroboram o pedido do MPSC por providências

Ainda conforme os dados repassados pelo MPSC, foram 1.572 solicitações de busca por leito de UTI adulto Covid, só em 2021, para pacientes que estavam recebendo assistência médica em ambiente hospitalar nas emergências ou unidades de internação clínica. Destas solicitações, 233 morreram ainda na fila de espera por um leito de UTI. Conforme apurado pelo ND+, não são pacientes desassistidos, mas que estavam na fila de espera por uma vaga.

Foi com base em parte dessas mortes que o MPSC ajuizou a ação para que o Governo de Estado de Santa Catarina estendesse as restrições que, na época, estava estendidas “apenas” aos finais de semana.

Ascensão dos números

Janeiro: foram 70 solicitações, com 3 mortes.

Fevereiro: 478 solicitações, sendo 36 mortes.

Março: 1.024 solicitações, sendo 194 mortes até o dia 22 de março, às 18h21.

“Enfrentamento não é só fazer lockdown”, diz secretário

Em contato com o secretário de Estado, André Motta Ribeiro, que atualmente está cumprindo agenda em Brasília (DF), ele reforçou que a situação é grave, mas “nenhum catarinense está desassistido”.

“Não faltou medicamento de intubação, não faltou absolutamente nada, eu garanto. Ninguém morreu sem assistência. É uma variante muito agressiva. O enfrentamento da pandemia não é só fazer lockdown”, argumentou o chefe da pasta.

André Motta, que antecipou que vai ao Sul do Estado nesta quinta-feira (25) para repassar verba, medicamentos e leitos aos municípios, acrescentou que o cenário da pandemia “tem muita coisa envolvida” e que o trabalho vem sendo feito “24 horas por dia, há um ano”.

“Não dá só para imputar a responsabilidade ao outro, é preciso olhar mais ao redor, olhar ao lado, olhar o mundo. Pessoas estão morrendo, mas com certeza não é por falta de assistência”, acrescentou Ribeiro.

Números da Covid-19

O Governo de Santa Catarina informou que há 778.711 pacientes com confirmação de infecção pelo novo coronavírus, dos quais 736.209 estão recuperados e 32.581 permanecem em acompanhamento.

A doença respiratória causou 9.921 óbitos no estado desde o início da pandemia. Foram 88 óbitos contabilizados na últimas 24h. Esses números colocam a taxa de letalidade em 1,27%. Os números foram atualizados nesta quarta-feira (24).

Já foram confirmados casos em todos os 295 municípios catarinenses e 290 cidades registraram pelo menos um óbito. O Governo do Estado estima que haja 290 com casos ativos.

O local com a maior quantidade de casos é Joinville, que contabiliza 75.434 casos. Em seguida, estão Florianópolis (67.682), Blumenau (40.325), Chapecó (30.638), São José (29.572), Criciúma (26.410), Palhoça (23.632), Balneário Camboriú (20.494), Itajaí (19.862) e Brusque (19.766).