Sintonizando gerações: Rádio mantém compromisso de informar

Rádio

Perto de completar o centenário da primeira transmissão no Brasil, em 2022, o rádio passou por diversas transformações tecnológicas e continua se reinventando, com novas formas de fazer jornalismo. Comunicadores da região atestam que o meio de comunicação possui credibilidade junto aos ouvintes e anunciantes. “O rádio continua sendo um meio de comunicação ágil e eu diria que o mais confiável”, afirma o radialista Flávio Silva, apresentador do Jornal da Cidade, na Rádio Cidade em Itapema.

Profissional atuante desde 1986, ele avalia que a mudança tecnológica possibilitou novas formas de interação com o público. “Agilizou muito o nosso trabalho e, consequentemente, estreitando o nosso laço com o ouvinte. É muito importante manter essa aproximação cada vez maior, porque dependemos de audiência.” O locutor relembra que havia uma dificuldade maior no acesso às fontes, antes da internet começar a ser utilizada como ferramenta de trabalho.

O locutor Cleverson Tanaka Rubini tem 30 anos de experiência no rádio e recorda que radialistas e jornalistas passavam por uma rotina cansativa – às 4 da manhã começava o trabalho de coleta de informações, que seriam utilizadas a partir das 7 horas, quando programação jornalística das emissoras tinha início.

Tanto ele como Flávio relembram o uso da máquina de escrever e do gravador, bem como o trabalho de “gilete-press”, que consistia em reescrever matérias publicadas em jornal impresso para serem lidas pelo apresentador no rádio. “O orelhão era o principal canal de ligação entre a comunidade e uma emissora de rádio”, relembra Flávio Silva.

Cleverson Tanaka, como é conhecido, avalia que a comodidade propiciada pelas novas ferramentas de trabalho fez com que o jornalismo ganhasse em quantidade, mas não em qualidade. Ele explica que sente falta de ouvir jornalistas que produzam jornalismo questionador, propondo reflexões ao ouvinte.

Neste cenário, Kevin Pires Tavares, jornalista e radialista de 25 anos e que representa uma nova geração, relata que a internet é terreno fértil para a reprodução de fake news. Entretanto, o locutor afirma que, por essa razão, as emissoras se tornam referência na apuração e checagem de fatos. “A credibilidade do rádio é muito grande”.

 

Elo com os ouvintes

Kevin comanda o programa musical Boa tarde cidade, na Rádio Cidade em Itapema, e fala da proximidade entre comunicadores e público. “Parece que o rádio não tem mais identidade se ele não tiver as pessoas ali junto.”

Assim como ele, Flávio Silva e Tanaka destacam que essa participação ativa e instantânea dos ouvintes na programação, possibilitada pelo uso de aplicativos de mensagens que permitem, inclusive, o envio de áudios, fotografias e vídeo, em tempo real, levam material para o jornalismo no rádio. Pautas de interesse coletivo, reivindicações, entre inúmeros fatos que impactam o cotidiano local se tornam pauta, são levados ao ar, e a resposta vinda das autoridades e esferas competentes é dada imediatamente.

Isso aumenta a credibilidade do veículo de comunicação, e aponta para o que mantém a audiência do rádio, segundo os comunicadores: as notícias locais. “Hoje sobrevive quem investe na notícia local”, afirma Tanaka. Ter suas demandas ouvidas e solucionadas é o que gera identificação da comunidade.

Flávio Silva lembra que há uma disputa concorrida pela atenção do ouvinte, e acredita que o trabalho de aproximação com o público é responsabilidade de cada comunicador. “Consigo visualizar uma situação e transmiti-la com uma realidade tremenda, colocando o ouvinte dentro daquela situação, vivenciando, como se ele estivesse do meu lado.”

Flávio defende que a proximidade com os ouvintes e a busca constante por alcançar novos públicos, inclusive pela interação via redes sociais, é o que mantém o radiojornalismo. Os três radialistas concordam que o rádio está alcançando públicos cada vez mais diversos e mais jovens – até mesmo crianças estão sintonizadas.

 

“Antigos” e novos profissionais

Com passagens pelo jornalismo esportivo e policial, área que gostava muito, além de já ter assumido outras funções em rádios do Estado e da região, Flávio relembra duas experiências em que teve a oportunidade de inovar – ele foi o primeiro radialista da região a fazer uma transmissão externa utilizando um celular, no início dos anos 90. De uma loja, ele ligou para o estúdio, prática que atualmente é comum como atrativo comercial.

Se nas últimas décadas o rádio caminha em direção a uma inovação, em contrapartida, novos profissionais têm enfrentado certa resistência por parte dos “mais antigos”, que concedem pouca abertura a inovações, segundo relatado por Kevin. Em sua perspectiva, é preciso que as gerações anteriores compreendam que uma troca de experiências pode ser benéfica para ambos.

Tanto Flávio como Tanaka começaram a trabalhar em rádios ainda na adolescência, inicialmente em outras funções, até que começaram a integrar as equipes de jornalismo, antes muito maiores que as atuais, e foi assim que construíram suas carreiras. A exemplo de Kevin, uma nova geração de profissionais chega ao rádio por meio de estágios e de sua formação acadêmica.

Flávio e Tanaka reconhecem que essa troca de informações com profissionais mais jovens é necessária e comentam que procuram analisar novas propostas. Eles afirmam que atualizar conhecimentos e buscar inovações, sem perder de vista seus referenciais, é o que leva a avançar na profissão. “Nós devemos ouvir a voz da experiência, mas nunca deixar de lado o impulso inovador da juventude”, ressalta Flávio.

E por falar em referências, repórteres e radialistas como Gil Gomes, Oscar Ulisses, Luiz Carlos Tigrão, Mário Motta e Aldo Pires de Godoy foram lembrados durante as entrevistas.

Há cerca de seis meses, Tanaka decidiu se afastar do rádio para dedicar-se à carreira de advogado, no Escritório de Advocacia Hennemann Silva de Itapema, do qual é sócio. Carinhosamente, ele lembra aos ouvintes que estão sentindo sua falta que continua morando em Itapema, com sua esposa e filha.

 

Daiane Valentin

 

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