A confirmação de cinco casos de infecção pela variante Delta da Covid-19 em Santa Catarina traz à tona a eficácia das vacinas em uso no país. Os casos foram registrados no município de São Francisco do Sul, no Norte do Estado.
A variante Delta foi detectada na Índia em outubro de 2020. Em maio de 2021, após ser associada ao agravamento da pandemia, a cepa foi declarada como variante de preocupação pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Estudos chegam a apontar que a mutação seja 60% mais transmissiva.
Até o dia 19 de julho, já foram confirmados 110 casos da Delta em território brasileiro, sendo que apenas São Paulo e Rio de Janeiro apresentam transmissão comunitária.
A reportagem reuniu o que se sabe até agora sobre a eficácia das vacinas utilizadas no plano de imunização contra a Covid-19 no Brasil. Confira:
Janssen
A Johnson & Johnson anunciou no início de julho que a vacina de dose única contra o coronavírus produzida pela farmacêutica é eficaz contra a variante Delta, com uma resposta imunológica que dura pelo menos oito meses. O percentual dessa eficácia não foi divulgado.
No entanto, um novo estudo publicado na segunda-feira (19) mostrou que a vacina da Janssen parece ser muito menos eficaz contra a variante Delta do que contra o vírus original. A informação foi publicada no portal Expresso, de Portugal.
A investigação sugere que as pessoas imunizadas com a vacina da J&J podem precisar receber uma segunda dose, que pode ser de uma das vacinas à base de mRNA feitas pela Pfizer ou pela Moderna. Essa segunda não está em uso no Brasil.
Este novo estudo ainda não foi revisado, nem publicado numa revista científica e foi realizada por uma equipa sem vínculos a qualquer um dos fabricantes de vacinas.
Coronavac
No caso da Coronavac, o diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou em entrevista coletiva no dia 7 de julho que testes de laboratório realizados na China demonstraram a efetividade das duas doses do imunizante produzido pelo instituto paulista contra a Delta.
“Os resultados foram muito animadores. A vacina apresenta uma resposta adequada contra a variante em laboratório”, disse Dimas.
Contudo, cientistas do Chile, país que tem a Coronavac como sua principal vacina contra a Covid, recomendaram na quinta-feira (15) uma terceira dose do imunizante como reforço para proteger contra a variante Delta.
Segundo o estudo, o nível de anticorpos cai a partir do sexto mês da aplicação da segunda dose da Coronavac. Além disso, ensaios in vitro indicaram que o imunizante tem uma eficácia de apenas 25% para neutralizar a variante Delta.
Astrazeneca e Pfizer
Um estudo publicado na semana passada na revista Nature, feito por cientistas franceses, indicou dados parecidos para duas doses dos imunizantes: 95% de resposta imune tanto para a Pfizer quanto para a Astrazeneca.
Contudo, apenas 10% dos indivíduos que receberam somente uma injeção das vacinas foram capazes de neutralizar a variante Delta após uma dose.
Nesta terça-feira (20), pesquisadores na Grã-Bretanha relataram que encontraram mais evidências de que duas doses das vacinas da Pfizer e da Astrazeneca protegem bem as pessoas contra a variante Delta.
Uma única dose de qualquer vacina fornece muito pouca proteção contra a Delta, reforçaram os pesquisadores no New England Journal of Medicine.
Duas doses da vacina Pfizer apresentaram eficácia de 88% entre os indivíduos infectados pela variante Delta. Já duas doses da Astrazeneca obtiveram eficácia de 67% contra a variante Delta.