Apagão no Amapá: questão de sobrevivência

Na última segunda-feira (09), o estado do Amapá completou sete dias de tensão, prejuízo no comércio e desespero. O estado está sem energia elétrica desde que um raio atingiu a principal subestação de energia da capital, provocando um incêndio. Ao menos 85% da população amapaense foi afetada.

Desde então, a situação se tornou quase apocalíptica, segundo relatam moradores. Na última quinta-feira (5), o prefeito de Macapá, Clécio Luís, decretou estado de calamidade pública na capital por 30 dias.

Sem energia, toneladas de alimentos apodrecem na geladeira dos amapaenses, e afeta o fornecimento de água, já que sem eletricidade as bombas hidráulicas – sistema principal de abastecimento de água no estado, não funcionam. O calor a partir dos 30° torna a situação ainda mais dramática.  Além disso, a falta de funcionamento das telecomunicações paralisou o funcionamento de cartões de crédito e débito. O ano letivo, já problemático, funcionando apenas de modo online, agora está interditado.

Moradores denunciam a falta de um transformador reserva, que estava danificado e sem manutenção há quase um ano. Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Macapá tem uma subestação com três transformadores — dois responsáveis pelo fornecimento de energia e um terceiro reserva. O transformador 1 pegou fogo. O transformador 2 foi parcialmente atingido. Ou seja, os transformadores 1 e 2 ficaram indisponíveis. E o terceiro já estava danificado e em manutenção desde dezembro de 2019.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede – AP) alertou, em entrevista com a UOL, que além dos problemas já esperados, a falta d’água e consequente falta de higiene básica para a população podem agravar ainda mais a situação do novo coronavírus no estado, que já passava por uma onda crescente de casos antes do apagão. Além disso, os hospitais trabalham apenas a partir de geradores.

No sábado (7), o governo federal enviou geradores de Manaus (AM) através de aeronaves militares. Com isso, o governo do estado diz ter reestabelecido o fornecimento de luz com um rodízio, com duração de 6 horas por região. No entanto, moradores denunciam em redes sociais falhas e instabilidade na retomada parcial da energia, principalmente em bairros periféricos.

O senador Randolfe ainda alerta não haver condições para a realização das eleições municipais no próximo domingo (15). Segundo ele, não há condições básicas: “Não vejo como as pessoas se concentrarem em outra coisa que não seja a sua sobrevivência”, declarou.

Ele disse que, a coligação do partido entrou com pedido de adiamento das eleições do próximo domingo na Justiça Eleitoral. A palavra sobre a realização ou não do pleito será dada pelo Ministério Público Eleitoral e o TER. Em nota na última sexta-feira (6), o TRE informou que a crise no fornecimento de energia no estado não afetará as eleições.