Líder do tráfico cruel de bebês catarinenses nos anos 1980 morre aos 78 anos

A mulher que foi líder do tráfico cruel de bebês em Santa Catarina e outros locais do Brasil nos anos 1980 morreu, aos 78 anos. Arlete Honorina Vitor Hilú vivia em uma casa de repouso em São Paulo e, conforme informou a família ao Uol, ela morreu em dezembro de 2023, mas a informação só foi divulgada nesta semana.

Ainda conforme familiares contaram ao Uol, ela tinha Alzheimer e já não estava lúcida. Segundo consta na certidão de óbito, a causa da morte foi um “choque séptico de múltiplos focos” que teria evoluído a partir de uma infecção urinária e uma pneumonia. A mulher era viúva e teve dois filhos.

Arlete já morou em Piçarras e traficou crianças de SC

Arlete ficou conhecida em 1980 por liderar uma quadrilha que sequestrava bebês de maternidades e, também, cooptava famílias pobres para vender os filhos por valores pequenos. Essas crianças eram levadas para o exterior, principalmente Israel e Europa, e eram vendidas por alguns milhares de dólares.

Curitiba, no Paraná, foi palco da atuação do grupo criminoso. Antes de trabalhar no tráfico, a mulher atuou em uma Penitenciária do Paraná e, dois anos após ser demitida, virou curadora especial de menores em um trabalho ligado à Justiça paranaense. Foi quando começou a praticar os crimes.

Conforme informações de jornais da época, a quadrilha teria movimentado até 12 mil crianças brasileiras. Atualmente, essas pessoas têm entre 35 e 40 anos e, muitas delas, ainda, buscam por seus familiares biológicos.

Crianças também foram sequestradas em Santa Catarina. Um dos casos mais conhecidos é do agora israelense Lior Vilk, de 39 anos. Ele aprendeu português e, em busca incessante pela família, encontrou a mãe biológica em Blumenau, em novembro do ano passado. Vilk foi sequestrado e todos os documentos eram falsos. A única informação verdadeira que tinha era a data de seu nascimento.

Outro caso emblemático envolvendo SC é o de Chen Levy Gavillon, que veio ao Brasil em 2010 em busca da mãe. A única informação que a mulher tinha era o nome do hospital em que teria nascido, em Bom Retiro, na Serra, próximo a Lages. Ambas as histórias foram retratadas na novela da Globo Salve Jorge, de 2012.

Anos antes de morrer, Arlete chegou a morar em Balneário Piçarras, mas mudou-se para a casa de repouso em São Paulo após perder tudo em uma inundação.

Ela chegou a ser presa duas vezes, em 1988 e 1992 e, à época, foi condenada por tráfico de crianças, falsidade ideológica, formação de quadrilha e por retirar crianças do Brasil ilegalmente. Em uma entrevista em 2016, ela confessou os crimes.