Avanço da variante Delta acende alerta para 2a. dose das vacinas

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No mês passado, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES), confirmou o registro de cinco casos importados (transmissão fora do estado) da variante delta da Covid-19 em São Francisco do Sul, no litoral Norte.

O fato acendeu o alerta para a vacinação no Estado, em especial a aplicação da segunda dose, por conta da velocidade de contágio desta variante e porque estudos apontam que apenas uma aplicação da vacina não oferece proteção total contra ela.

“Quem não estiver preocupado está em outro planeta. A média mundial mostrou que, mesmo em países com alto índice de vacinação, a delta se torna majoritária em até 60 dias. É muito rápido. A alta capacidade de contágio dessa variante se parece com a da caxumba, que é um vírus extremamente contagioso”, analisa Carlos Alberto Justo da Silva, secretário municipal de Saúde de Florianópolis.

Desde o surgimento dessa nova variante, na Índia, pesquisadores têm estudado a eficácia das vacinas contra a delta.

Em sua maioria, eles reforçam que uma única dose de qualquer vacina fornece muito pouca proteção contra a variante delta. Por isso, é importante acompanhar o calendário de vacinação e tomar a segunda dose dentro do prazo.

 

Abstenções preocupam

Acontece que em Santa Catarina, muita gente deixou de tomar a segunda dose. Esse número chegou a ser de 85 mil pessoas, em meados de julho. Por conta disso, a SES encaminhou ofício às secretarias municipais de saúde pedindo que sejam adotadas “estratégias para garantir a aplicação da segunda dose (D2) nas pessoas que iniciaram o esquema”.

Em Florianópolis, ainda não há registros comunitários nem importados de casos da variante delta. Mas há preocupação com o número de “abstenções” no momento da segunda dose da vacina contra o novo coronavírus.

Das cerca de 320 mil pessoas que tomaram a primeira dose, 5.952 não voltaram para segunda quando deveriam.

“Dois por cento é um número relativamente baixo para um grupo de negacionistas, muitas vezes alvos de informações contraditórias. O que acontece, também, é que algumas pessoas apresentaram severas reações adversas na primeira dose e ficaram com medo de voltar para a segunda. É importante reforçar que as reações da segunda dose são sempre mais tênues em relação à primeira”, explica o secretário de Saúde.

Para tentar resgatar a população que ainda não tomou a segunda dose, a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis tem apostado na busca ativa. Entre as medidas estão a disponibilização de transporte e o realocamento de doses para os postos de Saúde dos bairros do público-alvo.

 

Eficácia

Laboratórios em diferentes partes do mundo estão fazendo estudos e divulgando informes sobre a eficácia das vacinas contra a variante delta.

A Johnson & Johnson, fabricante da Janssen, anunciou no início de julho que a vacina de dose única é eficaz contra a variante delta, com uma resposta imunológica que dura pelo menos oito meses.

As vacinas feitas pela Pfizer ou Moderna (Astrazeneca) ainda estão sendo estudadas. Por enquanto, a tendência aponta para eficácia de 95% contra a delta após a aplicação das duas doses.

No caso da Coronavac, testes de laboratório na China mostraram a efetividade das duas doses do imunizante. No Chile, o governo decidiu por uma terceira dose da Coronavac, para garantir a resposta imunológica contra a variante delta.

Ainda que os estudos estejam em andamento, há mais indícios de que as duas doses da vacina garantem a imunização da população. Segundo o secretário de Saúde de Florianópolis, foi nítida a queda de internações em UTI na cidade.

“No auge da pandemia chegamos a ter quase 70 pessoas internadas e mais de mil novos casos por dia. Hoje, são 10 internados e pouco mais de 80 casos por dia. De todos os pacientes internados atualmente em UTI, não há registro de nenhum que tenha tomado as duas doses da vacina”, comenta o secretário.

 

Perigos da variante Delta

Informações divulgadas pelos jornais The Washington Post e The New York Times revelaram que um documento do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) aponta que essa variante é tão contagiosa quanto a catapora, além de ser transmitida mais rapidamente do que o resfriado comum, a gripe sazonal, o sarampo e a ebola.

A diretora do CDC, Rochelle Walensky, chegou a afirmar que “As pessoas precisam entender que não estamos dando um alarme falso. Este é um dos vírus mais contagiosos conhecidos e é ‘comparável’ ao sarampo ou catapora”.

Mesmo em países com a vacinação quase completa, como Israel, Alemanha e China, os governos locais decidiram voltar com as medidas restritivas afim de conter a nova variante.

“Essa variante coloca o mundo inteiro em risco e a Europa já pensa, inclusive, em terceiras doses. Sem os devidos cuidados, podemos voltar ao começo da pandemia”, aponta Carlos Justo da Silva.

Informações ND+