Coluna Jean-Charles: A HUMANIDADE ABALADA E A SOCIEDADE DESMORONADA POR UMA COISA MINÚSCULA.

Uma coisinha microscópica chamada Corona Vírus está deixando o mundo de cabeça para baixo. Algo invisível chegou para impor sua lei. Questiona os nossos preceitos e derruba a ordem estabelecida das coisas. Tudo ficou diferente, transformado.

O que as grandes potências ocidentais não conseguiram na Síria, na Líbia, no Iêmen, esta coisinha fez (cessar-fogo, tréguas). O que o exército algeriano não conseguiu, ela pôde (o “hirak” terminou).

O que as empresas não conseguiram (descontos nos impostos, créditos sem juros) foram obtidos por ela. O que o povo e os sindicatos não obtiveram (baixar o preço da gasolina, maior proteção social) esta pequena coisa conseguiu.

E de repente no mundo moderno demos conta da redução da poluição, as pessoas começaram a ter tempo, tanto tempo que nem sabem fazer o quê com ele.

Os pais aprendam a conhecer os filhos, os filhos aprendam a ficar em família, o trabalho não é mais prioridade, as viagens e lazeres não são mais os símbolos de uma vida bem sucedida.

De repente e em silêncio, olhamos para nós mesmo e compreendemos o valor das palavras solidariedade e vulnerabilidade. De repente realizamos que estamos todos no mesmo barco. Realizamos que assaltamos juntos as prateleiras dos supermercados e constatamos juntos que os hospitais estão cheios e que o dinheiro não resolva tudo. Temos todos a mesma identidade frente a este vírus. O que adiante agora ter um carrão se o certo é ficar em casa?

Alguns dias foram suficientes ao Universo para estabelecer um tipo de igualdade social até aqui impossível de imaginar. O medo invadiu a todos. Até mudou de lado. Deixou os pobres para conviver com os ricos e poderosos. Relembrando-os sua humanidade e seu humanismo.

Que isso tudo possa servir a entender melhor a vulnerabilidade dos seres humanos que procuram viver no planeta Marte, pensa ser fortes por clonar outros seres e pensam um dia viver eternamente.

Possa isso servir a realizar o limite da inteligência humana em frente das forças divinas. Foram poucos dias o suficiente para certezas virarem incertezas, forças se tornar fraquezas e os poderes transformar-se em solidariedade e concertação. Só alguns dias para que a humanidade toma consciência que não passa de um sopro de pó.

Quem somos? O que valemos? O que podemos realmente frente aos desafios da natureza? Isso tudo vai dar nós o tempo de interrogar o nosso “humanismo” dentro deste “mundialismo” que está lutando contra esta coisa minúscula.

Fiquem em casa. Meditem sobre isso. Amamos nos uns aos outros…….. vivos. A economia volta. A vida não.

Sou o Jean-Charles, preso em casa por um carcereiro invisível.