Entrevista Pelo Estado: “Quero ser um animador do estado, conheço Santa Catarina como poucos”.

O senador Jorginho Mello (PL), pré-candidato ao Governo do Estado, vem percorrendo Santa Catarina há vários meses formando uma nominata à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados como forma de fortalecer seu nome nas eleições deste ano. Nesta entrevista exclusiva à Coluna Pelo Estado, o senador fala de sua história política, projetos, dos motivos que o levam a disputar as eleições e avalia os governos de Carlos Moisés e do presidente Jair Bolsonaro. Acompanhe a entrevista.

Pelo Estado. O senhor tem uma carreira política promissora. Ao que o senhor atribui essas conquistas?

Sou um homem muito simples que aprendeu ainda muito jovem que o trabalho muda a vida das pessoas. Fui um menino pobre que vendia paçoquinha e sonho na estação de trem de Herval D´Oeste para ajudar o pai e a mãe, e hoje, eu sou um senador. As minhas vitórias vieram dos valores que aprendi em casa com meus pais. Apliquei isso na política e sempre fui reconhecido. Costumo dizer que eu faço política por paixão e que quem está na vida pública tem que ter o entendimento de que os outros são prioridades. Não tem segredo.

Pelo estado: Quais os cargos que já ocupou? Destaque uma experiência que marcou sua vida política.

Venci as sete eleições que disputei na minha vida. Fui vereador com 18 anos, em Herval D´Oeste. Cheguei a ser presidente da Câmara, fui o presidente de legislativo municipal mais jovem do Brasil na época. Queira ter disputado a eleição para prefeito, mas meu pai ficou doente e não pude concorrer. Fui fazer carreira no Besc, e em 1994 decidi voltar para a carreira política e fui eleito deputado estadual. Foram quatro mandatos na Assembleia Legislativa e depois mais dois como deputado federal. Em 2018, vi uma oportunidade de concorrer ao Senado e o povo de Santa Catarina me deu essa oportunidade. O que mais me marcou nestes 30 anos de vida pública foi o momento em que eu era presidente da Assembleia Legislativa e o governador na época, Luiz Henrique da Silveira, se ausentou em um gesto ao Parlamento e eu assumi o cargo de governado por dez dias. Foi o momento mais emocionante da minha trajetória. Assinei o ato da posse lá na estação em Herval D´Oeste. Fiz uma série de entregas e aprovei uma lei para ajudar alunos carentes a fazerem uma faculdade. Foi o momento em que eu fui “governador”. Qual o político de Santa Catarina que diz que não quer ser governador de um estado como este, que é maravilhoso, que tem uma gente que produz e que trabalha. Realizei um sonho, que pretendo reviver.

Pelo Estado – O senhor tem mais quatro anos de mandato. Pretende se licenciar para disputar as eleições deste ano, abrindo espaço para os suplentes? Quem assumiria sua cadeira no Senado?

Sim, precisarei me licenciar e isso pode ocorrer ainda nos próximos meses. Tenho minha suplente, do MDB, a dona Ivete Appel da Silveira, a esposa do falecido Luiz Henrique, que será a senadora de Joinville. Tenho certeza que ela levará ao congresso as demandas da região do Norte do estado.

Pelo Estado – No Senado, quais os projetos que o senhor considera mais importantes de sua autoria?

Fiz um mandato muito exitoso até aqui. Sou senador pela primeira vez, e em quatro anos, somei 12 projetos que viraram leis. Isso foi resultado de um trabalho muito intenso. Não parei sequer uma semana durante a pandemia. São leis que impactaram a vida das pessoas. Uma dessas leis é o Pronampe, que colocou mais de R$ 60 bilhões na mão dos micro e pequenos empresários, durante o período mais crítico do “fecha-tudo”. Quase um milhão de empreendimentos foram salvos e, segundo o próprio presidente Bolsonaro, cerca de 11 milhões de empregos preservados.

Outra medida importante foi à criação das Empresas Simples de Crédito. Que foi mais uma forma de viabilizar crédito para quem precisa e sair da dependência das grandes instituições financeiras. Além disso, deu a oportunidade de quem tem dinheiro, possa emprestar e obter lucro, de forma legalizada e contribuindo com impostos. Em pouco menos de três anos, já foram abertas 800 empresas deste tipo, com capital disponível para empréstimos de R$ 400 milhões em todo país.

E claro, ainda tenho projetos que estão em tramitação, que já foram aprovados pelo Senado e pela Câmara, e que estão prestes a entrar em vigor, como é o caso do Relp. Programa de Renegociação de Longo Prazo para quem está enquadrado no Simples Nacional. Medida que vai ajudar os micro e pequenos empreendedores a sobreviverem neste pós-pandemia.

Pelo Estado – Por que o senhor quer ser governador de Santa Catarina?

Quero ser um animador do estado. Eu conheço Santa Catarina como poucos. Tenho experiência e projetos para que o nosso estado seja o melhor do Brasil. Vejo que nos últimos anos, uma série de acontecimentos que envergonharam o nosso povo. E são coisas que não combinam com Santa Catarina. Um exemplo disso é o caso dos respiradores, em que no meio de uma pandemia, sumiram R$ 33 milhões dos impostos dos catarinenses e ninguém até hoje sabe onde foram parar. Veja, o nosso povo que trabalha e que produz não aceita uma coisa assim. E eu como catarinense que sou também fico indignado. Então, por este e por outros motivos eu quero ser governador. Vejo que há muita coisa fora do lugar e muitas coisas mal exploradas.

“Vejo que há muita coisa fora do lugar e muitas coisas mal exploradas.”

Pelo Estado- O senhor tem percorrido o estado em busca de uma nominata para Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Como estão as conversas para coligações e com quais siglas?

Estão todas fluindo muito bem. Desde que assumi a presidência do partido trabalhei para que ele ganhasse musculatura e crescesse. Tanto trabalho deu certo e em 2020 o PL foi o partido que mais cresceu. E agora, com a filiação do presidente Jair Bolsonaro, por alguns convites meus também, nós tivemos uma enxurrada de filiações. Então, as nominatas estão se formando, com muita naturalidade e com nomes extremamente fortes, em todas as regiões do estado.

Pelo Estado – Para o Senado, o senhor já tem definido quem será o candidato da coligação ou aguarda definição do empresário Luciano Hang (ainda sem partido)?

Tenho feito inúmeras tratativas, a expectativa é que o Luciano se filie realmente no PL e dispute a cadeira no Senado. É o que nós esperamos. Ele é um nome muito forte, estadualizado e que representa o empresariado catarinense. Porém ainda não confirmou se disputará ou não. Se ele não for, será lamentável. Mas mesmo assim, ainda existem outros bons nomes a serem analisados. Em política não tem “prato pronto”, tudo é questão de diálogo.

E como fica o deputado Kennedy Nunes (PTB)?

Sempre me relacionei muito bem com o deputado Kennedy Nunes. Ele é um nome respaldado pelo eleitor de Santa Catarina. Tem nome, tem estrada e tem serviço prestado aos catarinenses. Fomos deputados juntos na Alesc. Somos muito parecidos, gostamos das coisas certas. A questão dele ainda está em aberto. Existe uma indefinição do próprio PTB em relação ao apoio que dará à Bolsonaro. Como no caso do Luciano, ainda há muita coisa para acontecer. Por enquanto não dá para adiantar nada.

Pelo Estado: Qual a avaliação o senhor faz da gestão do governador Carlos Moisés?

Um governo inexperiente, que cometeu erros fatais e que decepcionou o povo de Santa Catarina. Cometeu uma série de erros, o primeiro deles foi ter virado as costas para o presidente Bolsonaro, que foi quem elegeu ele. Depois veio aquilo tudo: aumento dos procuradores, desvalorização dos militares, própria classe do governador, casos de escândalos em compra de máscaras para estudantes e o absurdo do caso dos respiradores, que mandou R$ 33 milhões para um bordel no Rio de Janeiro. Depois ainda teve a coragem de leiloar o governo em troca de apoio, terceirizou o governo. Dia desses ainda saiu dizendo que “a roubalheira dos partidos dos governos anteriores acabou”. Acho que ele deveria olhar para dentro do próprio governo e ver que quem está com ele é exatamente às mesmas pessoas a quem ele quis se referir. Acho que ele conheceu o poder e deixou se levar. Eu mesmo tentei ajuda-lo, mas o ego foi maior.

“Acho que ele (Carlos Moisés) conheceu o poder e deixou se levar.”

Pelo Estado: O senhor é apontado como uma das lideranças que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro. Qual a avaliação que o senhor faz do mandato dele em favor de Santa Catarina?

O presidente Bolsonaro é um homem que foi forjado no combate. Ele é um dos poucos políticos que não mudou depois que se elegeu, como o caso do Comandante Moisés. Ele venceu a eleição com todos os fatores contra ele e resistiu a um sistema muito forte. Fala o que pensa, não tem filtro, mas o eleitor quis ele desse jeito e é assim que ele governa. Já quanto à relação dele com Santa Catarina, em alguns momentos a própria imprensa tratou disso sem conhecer os fatos. No ano de 2021 e de 2022 o nosso estado, do tamanho que tem de 1% do território nacional, foi quem mais recebeu investimentos em infraestrutura, mais do que São Paulo ou Bahia, estados maiores. Os cortes aconteceram, pois, todos os estados tiveram cortes. Não há nenhuma obra nas rodovias federais do estado parada. No episódio da pandemia, Santa Catarina foi prontamente atendida sempre que pediu. Hoje o governo funciona. Nós conseguimos fazer com que o dinheiro chegasse à ponta para quase 70 milhões de brasileiros com o auxílio emergencial e depois a vacina chegou para quem quis se vacinar nos quatro cantos do país. Nenhum outro país respondeu tão bem ao surto da pandemia e ainda cresceu 4% no último trimestre. Bolsonaro falando palavrão conseguiu o que muita gente “certinha” jamais iria conseguir.