Faixa etária influencia na eficácia de vacinas contra Covid-19, aponta estudo

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A idade influencia na efetividade da vacina contra Covid-19 da Astrazeneca e na CoronaVac, segundo um novo estudo realizado com mais de 75 milhões de pessoas imunizadas no Brasil. A pesquisa foi publicada na quarta-feira (25), na plataforma MedRxiv, e ainda deve ser revisada por pares.

O trabalho é da autoria de pesquisadores de instituições brasileiras como o Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade de São Paulo (USP). Trata-se do maior estudo já feito com os dois principais imunizantes administrados no país.

Os pesquisadores analisaram a eficácia das vacinas nos participantes entre 18 de janeiro e 24 de julho deste ano. Com isso, notaram que duas doses dos produtos são efetivas contra infecção, casos moderados, hospitalização e morte por Covid-19. A vacina da AstraZeneca apresentou taxa de efetividade geral de 90%, e CoronaVac de 75%.

Porém, houve uma redução na proteção com o aumento da idade. Dos 80 aos 89 anos, a vacina da AstraZeneca apresentou um índice de eficácia contra morte de 89,9%, enquanto essa taxa foi de 67,2% na CoronaVac. Acima dos 90 anos, esses índices caíram para 65,4% e 33,6%, respectivamente.

De modo geral, o esquema de vacinação completo da AstraZeneca também protegeu em cerca de 90% as diferentes faixas etárias até os 89 anos. No grupo acima de 90 anos, foi observada uma redução nos níveis de proteção, com uma efetividade contra óbito de 65,4%.

No caso da CoronaVac, após os 60 anos, a efetividade geral de 75% teve queda em cada década de vida analisada, sendo esta diminuição mais sensível no grupo acima dos 80 anos. Mas o impacto foi maior na população com mais de 95 anos.

“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas”, conta Manoel Barral-Netto, coautor do estudo, em comunicado.

Os autores da pesquisa apontam ainda que a redução da efetividade conforme o avanço da idade pode estar relacionada às diferentes plataformas tecnológicas utilizadas nas vacinas. Além disso, pode haver uma relação com o processo natural de resposta imunológica menor em indivíduos mais idosos, chamado de imunossenescência.